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Estado de Minas

Obama e Netanyahu deixam expostas diferenças sobre negociações com Irã


postado em 03/03/2015 18:52

Os líderes máximos de EUA e Israel protagonizaram nesta terça-feira um grande choque diplomático a respeito das negociações sobre o programa nuclear iraniano, depois que Benjamin Netanyahu assegurou que as conversas em andamento permitirão a Teerã desenvolver armas nucleares.

Sem omitir sua irritação com o emotivo discurso de Netanyahu no Congresso americano, o presidente Barack Obama afirmou que o líder israelense não trouxe à mesa nenhuma ideia nova e sequer apresentou qualquer "alternativa viável" para resolver a questão.

O discurso de Netanyahu atacando furiosamente o acordo negociado pelo chamado grupo 5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia, mais a Alemanha) com o Irã foi pronunciado quando o secretário de Estado americano, John Kerry, se reunia com seu colega iraniano, na Suíça.

O Partido Republicano, que controla as duas câmaras do Congresso, convidou Netanyahu a fazer este discurso sem consultar a Casa Branca ou o Departamento de Estado, um gesto que motivou um visível mal-estar no governo.

Fratura exposta

Em seu discurso, Netanyahu assegurou que o acordo negociado com o Irã pelos países ocidentais é "muito ruim".

"Meus amigos: por mais de um ano nos disseram que a falta de um acordo era melhor do que um acordo ruim. É um acordo muito ruim. Ficaremos melhor sem ele", disse o líder israelense.

"Este acordo não impedirá que o Irã desenvolva armas nucleares", afirmou Netanyahu, garantindo que as negociações não bloquearão o avanço iraniano para uma bomba atômica e sustentando, ao contrário, que o acordo deixaria Teerã com um "vasto" programa nuclear em andamento.

O acordo negociado pelos países ocidentais "não bloqueará o caminho do Irã para a bomba. Na verdade, abrirá o caminho do Irã para a bomba".

Netanyahu também fez uma rápida menção aos atentados praticados em Buenos Aires contra a embaixada de Israel e uma associação judaica argentina: "o Irã explodiu um centro comunitário judaico e nossa embaixada", afirmou.

Perto do fim de seu discurso, Netanyahu fez uma observação claramente ameaçadora: "posso garantir-lhes que os dias em que os judeus permaneciam passivos diante de inimigos genocidas terminaram".

Pouco depois, Obama disse que não tinha acompanhado o discurso de Netanyahu no Congresso, pois participava de uma videoconferência com líderes europeus sobre a Ucrânia, mas deixou claro que não estava satisfeito com seu conteúdo.

"Não estou preocupado com a política de tudo isso, nem com o teatro. Mas pelo que tenho visto, não há nada novo. A questão central é como impedir que o Irã obtenha armas nucleares (...), o primeiro-ministro não deu nenhuma alternativa viável", comentou Obama.

Além disso, destacou, "ainda não temos um acordo (com o Irã). Mas se tivermos sucesso, então de fato teremos o melhor acordo possível para evitar que o Irã obtenha essas armas".

Em Teerã, o governo iraniano denunciou "as contínuas mentiras" proferidas pelo premiê israelense.

Em um comunicado, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Marzieh Afkham, denunciou que Netanyahu diz "mentiras contínuas" sobre os objetivos e as intenções por trás do programa nuclear iraniano.

O discurso de Netanyahu "é um sinal de fragilidade e de isolamento extremo dos radicais, inclusive entre aqueles que apoiam" Israel, disse a funcionária.

Para a porta-voz, os inimigos de Teerã, "enfrentam sérios problemas com o avanço das negociações e a determinarão do Irã de superar a crise".

Dor de cabeça

A presença de Netanyahu em uma reunião conjunta bicameral, a convite de líderes da oposição, foi uma enorme dor de cabeça para o governo Obama, que a todo momento fez questão de marcar distância.

Cinquenta senadores do Partido Democrata decidiram não participar da reunião plenária, embora seus assentos tenham sido ocupados por convidados para dar a impressão de que o recinto estava lotado.

Netanyahu também foi acusado de usar o Congresso como plataforma eleitoral, duas semanas antes das eleições israelenses, que representam uma ameaça clara ao seu governo de coalizão.

Depois dos discursos, o deputado democrata Peter Welch declarou no Twitter que "ninguém causou mais danos à relação entre EUA e Israel do que Netanyahu" e que, com seu discurso, o líder israelense "tomou a decisão de boicotar as delicadas negociações sobre o programa nuclear iraniano".


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