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Estado de Minas

Morte de Nemtsov, crime político para a oposição e provocação para o Kremlin


postado em 28/02/2015 09:46

Os líderes ocidentais e a oposição russa denunciaram o assassinato na sexta-feira do opositor Boris Nemtsov no centro de Moscou, enquanto o presidente Vladimir Putin e seus aliados falaram de uma provocação contra o Kremlin para desestabilizar o país.

Enquanto a polícia seguia buscando os assassinos, centenas de pessoas depositavam flores e velas na manhã deste sábado sobre a Grande Ponte de Pedra, não muito distante dos muros do Kremlin, onde o opositor de 55 anos foi morto na véspera, pouco antes da meia-noite, quando passeava com uma mulher jovem.

O setor de Moscou do Comitê de Investigação disse que pode se tratar de um assassinato cuidadosamente planejado.

"Por volta das 23h15, um carro se aproximou deles e alguém disparou alguns tiros, quatro o atingiram nas costas e provocaram sua morte", declarou uma porta-voz do ministério russo do Interior, Elena Alexeeva, à rede de televisão Rossiya 24.

O presidente americano, Barack Obama, condenou a "morte brutal" de Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro de Boris Yeltsin entre 1997 e 1998. A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, e o Conselho Europeu também deram mostras de sua indignação.

'Assassinato odioso'

O presidente francês, François Hollande, denunciou um "assassinato odioso" e honrou a memória de um "defensor valente da democracia", e a chanceler Angela Merkel pediu que Vladimir Putin investigue esta "morte vil".

"(Boris Nemtsov) era uma ponte entre a Ucrânia e a Rússia, e esta ponte foi destruída (...). Penso que não ocorreu por acaso", reagiu o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

A ex-dissidente e opositora de Vladimir Putin Liudmila Alexeieva declarou à agência RIA Novosti que "se trata de um assassinato político atroz".

Assassinato organizado 'contra a Rússia'

A visão era totalmente diferente do lado do poder russo: "Putin declarou que este assassinato brutal leva as marcas de uma morte por encomenda e que tem todas as evidências de que é uma provocação", indicou seu porta-voz, Dmitri Peskov.

O opositor "não representava nenhum perigo político para Putin e, se o compararmos com sua popularidade, Boris Nemtsov era pouco mais que um cidadão comum", acrescentou Peskov, citado pela agência Interfax.

Um responsável do partido comunista, Ivan Melnikov, considerou que se tratava de uma "provocação destinada a potencializar a histeria antirrussa no exterior".

A morte de Boris Nemtsov tem por objetivo "a desestabilização da sociedade", considerou um funcionário do partido pró-Kremlin Rússia Unida, Vladimir Vasiliev.

O último líder soviético, Mikhail Gorbachev, lamentou a morte de Boris Nemtsov e expressou seu temor de que os assassinos não sejam encontrados: "Neste tipo de crime, os executores são tais que às vezes é difícil encontrá-los", declarou.

Nos últimos anos vários opositores ao Kremlin morreram, entre eles a militante dos direitos humanos Natalia Estemirova, o advogado Stanislav Markelov ou as jornalistas Anastasia Baburova e Anna Polotkovskaia. Os autores às vezes foram presos e condenados, mas não os que encomendaram os crimes.

Uma hora antes de ser assassinado, Nemtsov havia feito um chamado aos russos para que se manifestassem neste domingo contra a "agressão de Vladimir Putin" na Ucrânia e pela interrupção da guerra no leste separatista pró-russo.

Em vez da manifestação prevista, foi organizada uma marcha no domingo, autorizada pelas autoridades de Moscou, para prestar homenagem a Nemtsov.

"Demos nosso consentimento para este acontecimento", declarou à agência RIA Novosti um responsável da Prefeitura de Moscou, Alexei Maiorov.

O funcionário declarou que a rota da marcha, que pode reunir até 50.000 participantes, atravessará a Grande Ponte de Pedra, onde Nemtsov foi baleado.


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