(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Na guerra contra o EI, as batalhas mais duras ainda estão por vir


postado em 28/01/2015 20:01

O grupo Estado Islâmico (EI) sofreu severos reveses na cidade curdo-síria de Kobane e em alguns 'fronts' iraquianos, mas vários analistas advertem que as batalhas mais duras contra os jihadistas ainda estão por vir.

Depois de mais de quatro meses de intensos confrontos, combatentes curdos, apoiados por bombardeios da força aérea americana retomaram Kobane, cidade curdo-síria que virou símbolo da resistência contra o movimento jihadista. O EI sofreu ali sua pior derrota desde que a guerra civil síria começou em 2013.

Paralelamente, as forças iraquianas desalojaram os jihadistas de seu último bastião na província de Diyala (leste), reduzindo um pouco mais o perímetro do "califado" autoproclamado do EI.

A batalha de Kobane "demonstra que os ataques aéreos intensos em um espaço reduzido podem permitir conter o EI", avalia Aymenn Jawad al Tamimi, analista vinculado ao Fórum sobre o Oriente Médio, com sede na Filadélfia (Estados Unidos).

"Os bombardeios foram devastadores. O EI perdeu muitos combatentes em Kobane", acrescentou Patrick Skinner, especialista do Grupo Soufan, especializado em questões de inteligência.

Em mensagem sonora difundida nesta terça-feira, o porta-voz do EI e um dos dirigentes do grupo, Abu Mohamed al Adnani, não fez qualquer referência à cidade fronteiriça, considerada pelos dois grupos a mãe de todas as batalhas.

Segundo especialistas, os jihadistas perderam 1.200 combatentes na batalha e 6.000 no total desde que começaram os ataques aéreos em agosto passado, segundo autoridades americanas.

"O grupo perdeu impulso", disse Tamimi. "No geral, o EI ou perde territórios ou não faz nenhum avanço ou deve reconquistar terreno", como quando perdeu a cidade estratégica de Baiji, em novembro.

'Bastiões intactos'

Há um mês, as forças curdas iraquianas cortaram a principal via de abastecimento do EI entre a fronteira síria e Mossul, seu principal reduto urbano. Enquanto se fechava o cerco em torno da segunda cidade iraquiana, a capital, Bagdá, respira após a "libertação" de Diyala.

O EI também deve fazer frente à ressurgência de um grupo jihadista rival na Síria, a Frente Al Nosra, braço da Al Qaeda na Síria.

"O EI foi submetido a este tipo de pressão, passou por maus momentos, enquanto a Frente Al Nosra passava despercebida", disse Skinner. Segundo ele, a Al Qaeda conseguiu integrar outros grupos rebeldes e se posiciona como o principal grupo de influência quando os rebeldes "moderados" liderados pelo Ocidente entrarem em jogo.

Embora o apoio aéreo ocidental certamente desempenhou um papel crucial, as vitórias recentes do EI se devem, sobretudo, às forças locais: os milicianos das Unidades de Proteção do Povo (YPG), em Kobane, os 'peshmergas' no Curdistão iraquiano e as milícias xiitas apoiadas pelo Irã, em Diya.

"O controle do EI sobre seus principais redutos na Síria e no Iraque permanece intacto porque não há forças locais que podem enfrentá-los, como em Mossul", destacou Tamimi.

Como formar o exército iraquiano e os grupos sunitas demandará tempo, segundo analistas, alguns países árabes sunitas avançam a ideia de uma intervenção estrangeira, uma opção que, por enquanto, descartada tanto pela coalizão quanto pelo Iraque.

Bombardeios não bastam

"Não pensamos que os avanços sejam tão importantes porque os ataques aéreos são insuficientes", explicou à AFP um alto funcionário de um país da região, que pediu para ter sua identidade preservada.

Falando após uma conferência da coalizão, na semana passada, em Londres, este funcionário disse que seu país propôs enviar tropas terrestres, uma oferta recusada por Bagdá.

"O pior que pode acontecer é que Mossul [...] seja libertada graças aos ataques aéreos e a uma ofensiva terrestre, celebrada por milícias xiitas, sem envolvimento dos sunitas", resumiu.

Patrick Skinner destacou que "foram necessários 10.000 soldados americanos para tomar Falujah" dos combatentes sunitas, em 2004, quando a cidade "é muito menor que Mossul".

Na Síria, os curdos e a coalizão "precisaram de 112 dias para desalojar o EI de Kobane, que tem 6 km2", lembrou Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG sediada no Reino Unido.

"O EI controla cerca de 35% do território sírio [...] Quanto tempo será preciso para expulsá-lo de Raqqa, Deir Ezzor e outras cidades?", perguntou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)