Autoridades americanas emitiram, ontem, alertas para a possibilidade de uma nevasca de proporções históricas no nordeste dos Estados Unidos. Os governos dos estados de Connecticut, Massachusetts, Nova Jersey, Nova York e Rhode Island declararam estado de emergência. Segundo os serviços de meteorologia, a tempestade de inverno, batizada de Juno, atingiria a região entre a noite de ontem e a manhã de hoje. Eram previstos ventos de mais de 100km/h e entre 70cm e 90cm de neve para a área. “Quero que todos entendam que o que estamos enfrentando é, provavelmente, a maior tempestade de neve da história da cidade”, declarou Bill De Blasio, prefeito de Nova York.
Segundo a rede de televisão NBC News, pelo menos 6,5 mil voos previstos para ontem e hoje foram cancelados. Deles, são 25 entre o Brasil e os aeroportos John F. Kennedy, em Nova York, e Newark, no Estado de Nova Jersey. TAM, American Airlines, United Airlines e Delta pedem que os passageiros remarquem suas passagens. A empresa aérea TAM informou que sete voos entre Nova York e São Paulo e Rio de Janeiro foram cancelados. Na tarde de ontem, a American Airlines e a United Airlines, que operam voos entre EUA e Brasil, suspenderam todos as operações nas cidades de Filadélfia, Boston e Nova York.
O Serviço Meteorológico Nacional (NWS, pela sigla em inglês) alertou que a tempestade tinha o potencial de colocar vidas em risco e instruiu os moradores das regiões afetadas a se prepararem para queda dos serviços de energia elétrica e telefonia, além de estocarem água, alimentos e medicamentos necessários. Ao longo da costa leste americana, o aviso contemplava o risco de inundações. Segundo o NWS, a nevasca poderia ser forte o bastante para danificar a zona costeira e até criar novas enseadas nas regiões de praia.
Restrições
A tempestade de inverno era esperada em uma vasta região que se estende do estado americano de Maryland até o Canada. De acordo com a rede de televisão CNN, o fenômeno poderia afetar 60 milhões de pessoas – cerca de 28 milhões estavam na rota atingida pela nevasca com mais intensidade. Autoridades recomendaram que as pessoas não saiam de casa e, se necessário, trabalhem em suas residências. Serviços públicos e escolas devem permanecer fechados durante o dia de hoje.
Na noite passada, os governos de Connecticut e Massachusetts proibiram a circulação nas estradas. A Prefeitura de Nova York ordenou a proibição da circulação de carros a partir das 23h de ontem (2h de hoje em Brasília). A exceção contempla apenas viaturas da polícia, dos bombeiros e ambulâncias. O Escritório de Gerenciamento de Emergências da cidade se preparou para a abertura de abrigos temporários. “Essa não é uma tempestade comum. Isso vai nos atingir com força. O que vocês estão prestes a ver em algumas horas é algo que chega com muita força e muito rápido”, alertou De Blasio.
O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, decidiu limitar os serviços do metrô e de trens desde a noite passada. A imprensa local reportou que as prateleiras dos supermercados foram esvaziadas por nova-iorquinos que se preparavam para reclusão. Apesar da previsão de pouca neve para a capital Washington (DC), as atividades no Congresso foram afetadas. A Câmara dos Deputados cancelou uma votação prevista para ontem, diante da dificuldade dos legisladores de chegarem à cidade. Segundo a Casa Branca, o presidente Barack Obama, que fazia uma viagem à Índia, foi informado sobre o alerta meteorológico. O último recorde de volume de neve registrado na cidade de Nova York foi em 2006, quando 68cm de neve cobriram o Central Park. Em Boston, o máximo já registrado foi de 70cm, em fevereiro de 2003.