Pelo twitter, a blogueira cubana Yoani Sánchez disse esperar que a nova era que se inicia, com a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, seja marcada pelo protagonismo da sociedade civil. Ela fez a cobertura minuto a minuto do anúncio histórico de retomada dos laços diplomáticos entre os países, depois de quase cinco décadas de embargo comercial dos norte-americanos aos vizinhos.
Segundo ela, foi possível ouvir os sinos das igrejas tocando em todo a Havana, em comemoração à novidade. Sánchez também criticou o governo de Raúl Castro sobre a falta de pronunciamento imediato sobre a reaproximação com os Estados Unidos. “Eu quero ver pelo o quê vão culpar agora o colapso econômico e falta de liberdades que vivemos em Cuba”, provocou. Sánchez destacou os acordos feitos para negociações com espiões e a liberação de presos.
A cubana, opositora ao regime castrista, é uma das mais influentes na ilha. Ela alcançou fama internacional e ganhou diversos prêmios com suas duras críticas ao governo cubano desde 2007 com o blog Generación Y.
Sánzhez criticou o governante cubano dizendo, em sua conta no Twitter, que "embora Raul Castro diga o contrário, este ato de hoje tem o amargo sabor de um acordo". A blogueira ainda argumentou que ainda não tinha visto nenhuma fala do falecido governante e irmão de Raul, Fidel Castro, sobre o restabelecimento das relações.
Hoy #EEUU está tomando medidas históricas para trazar nuevo rumbo en relaciones con #Cuba vea la nota en @14ymedio https://t.co/RwGOXoO2Y2
— Yoani Sánchez (@yoanisanchez) December 17, 2014#Cuba Aunque Raúl Castro diga todo lo contrario... este paso de hoy tiene el amargo sabor de la #capitulación https://t.co/W4djZNcplt
— Yoani Sánchez (@yoanisanchez) December 17, 201414ymedio
Em maio deste ano, Yoani Sánchez lançou o primeiro meio de comunicação independente em 50 anos em Cuba. O portal de notícias "14ymedio", da blogueira opositora, foi para a rede desafiando o controle do governo comunista. O portal tem a promessa de publicar um "espectro completo de notícias, colunas de opinião e dados sobre a realidade" da ilha.
A primeira edição incluiu uma reportagem sobre a violência noturna em Havana e uma entrevista com o escritor opositor Ángel Santiesteban, preso sob acusações de violência intrafamiliar. Também foi publicada uma carta de 28 personalidades de todo o mundo, incluindo o Prêmio Nobel de Literatura peruano Mario Vargas Llosa e o ex-presidente polonês e Nobel da Paz Lech Walesa, para que o governo "respeite o direito" de existência do portal.
O portal foi bloqueado para os acessos em Cuba menos de três horas após o seu lançamento. Em seu lugar, era aberta uma página que continha artigos de blogueiros partidários do governo e ataques a Sánchez. O bloqueio foi condenado por Washington e denunciado como censura pelos Estados Unidos e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).