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Estado de Minas

Israel define país como Estado-nação

Proposta tem de ter aval do Parlamento, mas vai acirrar tensão com palestinos e israelenses cristãos e muçulmanos


postado em 24/11/2014 08:52 / atualizado em 24/11/2014 09:15

Palestinos pedem às autoridades egípcias que abram a passagem de Rafah, única saída de Gaza não controlada por israelenses (foto: SAID KHATIB / AFP)
Palestinos pedem às autoridades egípcias que abram a passagem de Rafah, única saída de Gaza não controlada por israelenses (foto: SAID KHATIB / AFP)


Jerusalém/Ramallah/Gaza – O governo israelense aprovou ontem – por 14 votos a favor e seis contra – a polêmica proposta que estabelece legalmente o status de Israel como o “Estado-nação do povo judeu”, o que deverá intensificar as tensões com os palestinos e com os cidadãos israelenses cristãos, muçulmanos e de outras religiões. O projeto, que ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento israelense, tem sido alvo de críticas segundo as quais ele vai minar o caráter democrático do Estado. Para alguns grupos defensores dos direitos humanos, a nova lei é racista.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a lei de nacionalidade é necessária para ancorar a natureza judaica e democrática do Estado. “Há aqueles que gostariam que o democrático prevalecesse sobre o judaico, e há aqueles que gostariam que o judaico prevalecesse sobre o democrático. Nos princípios da lei que vou submeter hoje, esses valores são iguais, e ambos devem ser considerados no mesmo grau.” A discussão entre os membros do gabinete de governo, liderado pelo partido direitista Likud, foi acalorada. Dois ministros centristas votaram contra o projeto e disseram que apresentá-lo neste momento delicado deverá levar a uma escalada nas tensões com os palestinos. As últimas semanas foram marcadas pela intensificação das construções de assentamentos somente para judeus em terras palestinas e por ataques violentos de palestinos contra judeus, seguidos por demolições de residências de palestinos considerados suspeitos.

O ministro das Finanças, Yair Lapid, líder do partido centrista Yesh Atid, disse que o projeto “é uma lei ruim” e votou contra, assim como a ministra da Justiça, Tzipi Livni, do movimento Hatnuah, de centro-direita. O procurador-geral Yehuda Weinstein, conselheiro jurídico do governo, também criticou o projeto, considerando que enfraquecia o caráter democrático de Israel.

Em sua forma atual, o projeto determina o reconhecimento da natureza judaica de Israel, institucionaliza a lei religiosa judaica como a base para toda a legislação e remove o árabe das línguas oficiais do país. Os árabes, cerca de 20% da população de Israel, são fortemente contra o projeto. A violência ocorrida nas últimas semanas está centrada em um dos locais mais sagrados de Jerusalém, o Monte do Templo, onde ficam dois dos lugares mais sagrados para os muçulmanos, a mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha. As autoridades militares israelenses têm restringido a entrada de muçulmanos nesses locais de culto, alimentando entre a população árabe e palestina o temor de que Israel esteja planejando tomar o local. O governo israelense nega essas acusações.

Violência

Ontem, o Exército israelense matou um palestino na Faixa de Gaza, o primeiro morto desde que israelenses e palestinos concluíram em agosto um cessar-fogo no reduto. O Ministério da Saúde informou que o homem de 32 anos estava cultivando em seu campo quando foi atingido por uma bala disparada de um mirante, por soldados do Exército israelense na fronteira com a Faixa de Gaza, onde as tropas israelenses não entram, mas cujos limites controlam, impondo um bloqueio.
Também ontem, a Justiça israelense anunciou o início de um processo por homicídio culposo contra um policial suspeito de matar a tiros um jovem palestino durante um protesto em maio na Cisjordânia ocupada. O guarda de fronteira, de uma unidade subordinada à Polícia, foi preso em meados de novembro após uma investigação aberta pela morte de Nadim Nuwara, de 17 anos.


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