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Estado de Minas

Autor de relatório põe em xeque decisão da Fifa de manter sedes das Copas


postado em 13/11/2014 16:22

A Fifa deu por encerrada nesta quinta-feira a avaliação das suspeitas de corrupção na escolha das sedes das Copas do Mundo da Rússia-2018 e do Catar-2022 ao divulgar as conclusões sobre o relatório Garcia, mas o próprio autor da investigação considerou a interpretação equivocada.

"A decisão do presidente da Câmara de Julgamento contém várias apresentações incompletas e equivocadas dos fatos e das conclusões detalhadas no relatório", denunciou Garcia num comunicado.

"Pretendo recorrer desta decisão diante do Comitê de Apelação da Fifa", acrescentou o advogado americano, que já foi procurador federal em Nova York.

Mais cedo, o presidente da Câmara de Julgamento da Comissão de Ética da Fifa, Hans-Joachim Eckert, afirmou que o relatório não comprovava corrupção, apesar de apontar atos irregulares considerados "de alcance limitado" e "longe de alcançar um nível que implique retornar ao processo, ainda menos reabri-lo".

De acordo com o dirigente, a investigação revelou "alguns fatos que poderiam atentar contra a integridade do processo de atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022", mas não suficientemente graves para colocar em dúvida a atribuição das sedes a Rússia e Catar.

Para Eckert e o Comitê de Ética, "a avaliação do processo de escolha das sedes dos Mundias de 2018 e 2022 está, portanto, concluído", decisão que deixou Garcia inconformado.

O dirigente também aproveitou para isentar seu chefe de qualquer responsabilidade. "É preciso dizer claramente que o presidente Blatter não quebrou o código de ética", defendeu.

Conduta duvidosa

A respeito da escolha do Catar, o relatório Garcia apontou "a conduta duvidosa de duas pessoas" na candidatura, além de lembrar que o país patrocinou a organização do congresso da Confederação Africana (CAF) em janeiro de 2010, no ano da escolha da sede, uma prática que não é proibida pelo regulamento.

"Estávamos confiantes no fato de que uma investigação neutra iria mostrar que o nosso projeto era sólido e não era manchado por nenhuma irregularidade", disse à AFP Hassan Thawadi, presidente do comitê organizador da Copa-2022.

A investigação também abordou o caso do catariano Mohammed Bin Hamman, ex-membro do comitê executivo da Fifa, banido para sempre da entidade em 2012. De acordo com o relatório, os subornos a altos dirigentes da CAF eram relacionados à candidatura de Bin Hamman à presidência da Fifa, em 2011, e não à escolha da sede do Mundial.

No caso da Rússia, a investigação não apontou "nenhuma irregularidade notória", embora o relatório tenha ressaltado que "o comitê de candidatura entregou apenas uma quantidade reduzida de documentos, alegando que os computadores usados na época eram alugados e foram devolvidos ao proprietário, que informou tê-los destruído".

"Fizemos uma campanha honesta, então não estamos surpresos", afirmou o ministro dos esportes da Rússia, Vitali Mutko, citado pela agência pública Ria Novosti.

Alfinetada

Ex-procurador federal em Nova York, Michael Garcia fez a investigação a pedido da Fifa e entregou o relatório em setembro.

A Câmara de Investigação do Comitê de Ética informou a intenção de abrir procedimentos de investigação contra algumas pessoas.

O texto explica que os investigadores detectaram casos de possíveis violações do Código de Ética, mas não constataram ainda se as violações aconteceram realmente.

No seu comentário, Eckert ressaltou que o relatório Garcia apontou práticas contestáveis em quase todas as candidaturas para sediar as Copas, inclusive a da Inglaterra, um dos países que mais criticou a escolha do Catar para a edição de 2022.

O relatório apontou relações entre o comitê de candidatura inglês e Jack Warner, que foi vice-presidente da Fifa e renunciou ao cargo após ser acusado de corrupção.

"Fizemos uma candidatura transparente e não aceitamos nenhuma crítica sobre a nossa integridade", reagiu a Federação Inglesa no seu site, lembrando sua "plena cooperação" com as investigações.

Presentes

Apenas a candidatura conjunta de Holanda e Bélgica seria isenta de qualquer irregularidade.

A investigação apontou que o Japão, por exemplo, distribuiu a membros do Comitê executivo da Fifa e às suas esposas presentes cujo valor foi avaliado de 700 a 2.000 dólares.

O relatório nunca foi publicado, apesar dos pedidos do próprio Garcia, que estranhou a falta de transparência da Fifa no dia 24 de setembro.

Para justificar o fato, o presidente da entidade, Joseph Blatter, alegou que a publicação poderia comprometer a confidencialidade de testemunhas.

Já Eckert disse em outubro que "publicar este relatório na íntegra colocaria a comissão de ética da Fifa e a Fifa como um todo numa situação jurídica muito delicada".

Muitos dirigentes do futebol mundial haviam pedido a publicação do relatório, como o presidente da Uefa, Michel Platini, ou o jordaniano Ali Bin Al Hussein, vice-presidente da Fifa.

Além de suspeitas sobre o processo da escolha da sede, numa eleição conturbada organizada em 2010, a Copa do Mundo de 2022 continua gerando muita polêmica por causa das altas temperaturas no Catar, que podem chegar a 50 graus nos meses de junho e julho, quando a competição costuma ser organizada.

Para 'driblar' este problema, a Fifa deu a entender várias vezes que pretendia levar a realização do torneio para o inverno, em novembro-dezembro ou janeiro-fevereiro, quando a temperatura é mais amena.

O Catar também precisa responder as denúncias de trabalho escravo na construção dos estádios da Copa.

"Independente do relatório, alguns questionamentos continuam em aberto, em termo de clima, de programação e de condições de trabalho no Catar", lembrou Wolfgang Niersbach, presidente da federação alemã.


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