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Estado de Minas

Burkina: governo anula votação de lei em meio a confrontos nas ruas


postado em 30/10/2014 10:37

O governo de Burkina Faso decidiu anular a votação prevista para esta quinta-feira de uma revisão constitucional e pediu calma à população depois que manifestantes atearam fogo ao prédio da Assembleia Nacional.

Os protestos contra a reforma constitucional, que permitiria ao presidente prolongar seu mandato depois de 27 anos no poder, resultaram em confrontos entre os manifestantes e oficiais do exército nacional, com o registro da morte de um homem na capital Uagadugu, onde as instalações da televisão pública também foram atacadas.

Além de atear fogo ao prédio da Assembleia Nacional, centenas de pessoas invadiram o prédio da Radiodifusão Televisão de Burkina (RTB), onde saquearam e destruíram veículos.

A prefeitura, a casa do prefeito pró-situação e a sede do partido presidencial também foram incendiadas em Bobo Diulasso, a segunda cidade mais importante do país.

Na véspera, milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar contra o projeto de reforma constitucional que permitiria prolongar o mandato do presidente Blaise Compaoré após 27 anos no poder.

A oposição afirmou que o número de manifestantes chegou a um milhão, algo histórico no continente africano.

Uma greve convocada pelos sindicatos e a sociedade civil provocou lentidão na quarta-feira no funcionamento dos serviços públicos e em algumas empresas.

O Parlamento do país examinaria nesta quinta-feira o polêmico de lei polêmico, que pretendia revisar o artigo 37 da lei fundamental para permitir a Compaoré, que deve abandonar o poder em 2015, a governar durante três quinquênios, ao invés de dois.

A mudança permitiria que ele disputasse novamente as eleições presidenciais.

Compaoré, que chegou ao poder em 1987 com um golpe de Estado, concluirá no próximo ano seu segundo quinquênio (2005-2015), depois de dois mandatos de sete anos (1992-2005).

Compaoré tinha 36 anos quando tomou o poder em outubro de 1987, após um golpe de Estado contra seu outrora amigo Thomas Sankara, um carismático e jovem líder conhecido como o "Che Guevara Africano", que foi assassinado depois de ser derrubado do poder.

O governo dispõe de maioria parlamentar para ratificar diretamente a lei, sem passar por referendo, como estava previsto inicialmente.

A oposição teme que a mudança constitucional, que não deveria ter caráter retroativo, leve o chefe de Estado, eleito quatro vezes com maioria esmagadora, a tentar permanecer no poder por mais 15 anos.

A oposição e a sociedade civil de Burkina Faso deram um ultimato ao poder e exigiram a deposição do presidente.

Como resposta às ameaças, o governo fechou escolas e universidades durante a semana para evitar discussões entre os estudantes e professores.

Campaoré tem uma imagem sólida no exterior, apesar de seu envolvimento em diversos escândalos, como a atuação do presidente em redes de tráfico de armas e de diamantes com os rebeldes de Angola e Serra Leoa.

A situação já é corrente na África. Nos últimos anos, foram tomadas decisões parecidas em pelo menos oito países - Argélia, Chade, Camarões, Togo, Gabão, Guiné Equatorial, Angola, Djibuti e Uganda - onde alguns presidentes seguem no poder há mais de três décadas.


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