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Estado de Minas

Promessas aos escoceses criam nova batalha eleitoral no Reino Unido


postado em 20/09/2014 16:40

As promessas de ampliação da autonomia da Escócia, que decidiu permanecer no Reino Unido, criaram uma nova batalha constitucional, que deverá durar até as eleições gerais de maio de 2015.

Segundo o jornal "The Guardian", a descentralização do Reino Unido "será um tema importante, se não dominante", da campanha.

Após a divulgação dos resultados do referendo, o premier britânico, David Cameron, e o líder da oposição, o trabalhista Ed Miliband, voltaram a se enfrentar, depois de manterem uma frente unida contra a independência da Escócia.

Cameron voltou a garantir que atribuiria ao parlamento escocês maiores poderes em matéria fiscal, e anunciou a apresentação de um documento de trabalho até novembro. O parlamento britânico o votaria em janeiro.

O chefe de governo impôs como condição que este aumento de poderes também seja concedido às outras nações do Reino Unido: País de Gales, Irlanda do Norte e Inglaterra, sendo este último o caso mais complicado.

Por não contar com um parlamento próprio, as leis aprovadas pelo parlamento britânico - composto por deputados ingleses, escoceses e norte-irlandeses - para todo o Reino Unido se aplicam à Inglaterra.

Mas as regiões com parlamento próprio - Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte - podem aprovar leis com base nas competências delegadas, sem que os deputados ingleses possam decidir sobre as mesmas.

Os deputados conservadores pediram que Cameron modifique esta falha constitucional, mas os liberal-democratas - parceiros do governo - e a oposição trabalhista, que espera voltar ao poder no próximo ano, mostram reticências.

Sem os votos dos escoceses, em sua maioria de esquerda, os trabalhistas não poderiam garantir a maioria nas votações sobre saúde, educação e contribuições sociais em um eventual parlamento inglês.

- 'Consequências graves' em caso de traição -

O líder trabalhista Ed Miliband reagiu rapidamente à proposta de Cameron, com o anúncio da convocação de uma convenção constitucional para discutir a questão, que poderia atrasar o calendário. Na Escócia, há quem comece a temer uma nova traição.

Em editorial, o jornal escocês "Herald" alerta para as "graves consequências eleitorais".

Parte da população que votou "não" à independência por causa das promessas de maior autonomia "ficarão furiosas se as mesmas não forem mantidas", advertiu ontem o premier escocês, Alex Salmond, ao anunciar a sua demissão.

Os casos de violência entre partidários do sim e do não poderiam se repetir em Glasgow. "A Escócia é um país muito dividido agora. Se os novos poderes se confirmarem, tudo deverá voltar à normalidade", prevê Adam Stevensen, 22.

O ex-primeiro-ministro trabalhista, principal incentivador da campanha unionista na reta final, declarou hoje que garantiria pessoalmente a manutenção das promessas, e anunciou um debate no parlamento em 16 de outubro.

O "Scotsman", outro jornal escocês, estimou que o debate "é amplo e complexo", e que "existem riscos reais de que a sua conclusão leve anos".

Neste contexto, a ampliação de atribuições a outras nações do Reino Unido só acrescenta complexidade ao problema.

Charlie Jeffery, professor de Ciências Políticas na Universidade de Edimburgo, denuncia "a improvisação" nas medidas anunciadas, que significarão "uma mudança radical" da organização política do Reino Unido.

"O calendário está muito apertado. A agenda não poderá ser respeitada", afirma Michael Keating, professor de Política Escocesa na Universidade de Aberdeen.


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