(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Independência fica para depois

Em votação histórica, população opta por permanecer no Reino Unido. Primeiro-ministro anuncia saída em breve


postado em 20/09/2014 00:12 / atualizado em 20/09/2014 08:32

O primeiro-ministro escocês, o separatista Alex Salmond, viu seu sonho de independência evaporar e decidiu deixar para outros a missão de negociar uma maior autonomia, que lhe garantirá um lugar na história épica da Escócia. Frente ao resultado de rejeição à independência do Reino Unido – o “não” teve 2.001.926 votos contra 1.617.989, com a participação de 84,59% dos 4,3 milhões de eleitores registrados –, Salmond anunciou ontem a renúncia ao cargo que ocupa desde 2007, apesar da promessa do governo de Londres de conceder mais autonomia à região.

Decepcionado com o resultado, o líder do Scottish National Party (SNP) surpreendeu mais uma vez, incluindo seus amigos, ao anunciar que deixará a liderança do partido bem como do governo, apesar do avanço inédito do SNP no referendo de independência. Nesse contexto, a promessa de novos poderes pelo governo central de Londres é vista como prêmio de consolação.

“Acho que o partido, o parlamento e o país ficarão melhor com uma nova liderança”, afirmou em coletiva de imprensa, acrescentando que foi “o privilégio de minha vida desempenhar o papel de chefe de governo regional escocês”. “Mas, para a Escócia, a campanha (de independência) continua e o sonho não morrerá jamais.”

A rainha Elizabeth, a monarca de todos os britânicos, pediu em uma mensagem especial que a unidade volte ao Reino Unido. “Conhecendo como conheço o povo da Escócia, não tenho dúvidas de que os escoceses, como muitos outros no Reino Unido, são capazes de expressar opiniões claras antes de voltar a se unir em um espírito de respeito e apoio mútuo.” A diferença foi maior do que apontavam as pesquisas, o que confirma a tese da maioria silenciosa contra a independência que era citada pelos unionistas ante o fervor da campanha independentista.

A decepção de Salmond contrastava com o alívio do primeiro-ministro do governo central, o conservador David Cameron, de líderes europeus e de outras partes do mundo. “Chegou o momento para nosso Reino Unido unir-se e seguir adiante”, disse Cameron em um discurso à nação diante da residência oficial de Downing Street.

LEGÍTIMO ESCOCÊS

 

Em 2000, Salmond já havia anunciado sua partida para sempre, antes de retornar quatro anos depois. A Escócia rejeitou a independência no referendo de quinta-feira e optou por permanecer no Reino Unido, um desfecho recebido com alívio por Londres e pela União Europeia (UE). Ex-funcionário e ex-economista do Royal Bank of Scotland, Salmond abalou Londres e fez os nacionalistas sonharem. Ele defendia um projeto para uma nação de 5,3 milhões de pessoas, um futuro distante da Inglaterra, do País de Gales e da Irlanda do Norte, fora do Reino Unido. Pretendia “libertar os escoceses” de três séculos de união; romper “as algemas” que unem Edimburgo a Westminster, o Parlamento britânico; e presidir “um dos menores países mais ricos do mundo”.

Planejava um país que seguiria o modelo social-democrata escandinavo, membro da UE e da Otan, mas sem armas nucleares. Rico como a Noruega e a Suíça, graças ao ouro negro do petróleo do Mar do Norte e o âmbar dourado, o uísque. Seus partidários elogiam sua determinação e habilidade política. Seus opositores o veem como arrogante, misógino e com uma propensão ao populismo. No entanto, a imprensa britânica concorda em ver nele um dos políticos mais talentosos de sua geração.

 

ALÍVIO PARA UNIÃO EUROPEIA

O debate sobre o fim ou não de 307 anos de história comum entre Inglaterra e Escócia provocou paixões. O temor do impacto econômico da separação, alimentado pela transferência para Londres da sede social de bancos como o Royal Bank of Scotland às vésperas do referendo ou a possibilidade de não poder utilizar a libra, acabou freando a opção pela independência. E os demais países europeus respiraram aliviados com o resultado no “não”, temendo que um “sim” pudesse provocar um contágio a outras regiões do bloco. “O resultado do referendo escocês foi bom para uma Europa unida, aberta e forte”, afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. “Confesso que o resultado me alivia”, disse o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz. O presidente americano, Barack Obama, também saudou a vitória do “não”. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)