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Estado de Minas

Escócia define hoje se continua no Reino Unido

Pouco mais de 4 milhões de eleitores decidem hoje sobre a independência em relação ao Reino Unido, com provável resultado apertado. Europeus alertam sobre consequências


postado em 18/09/2014 07:00 / atualizado em 18/09/2014 07:35

Lucas Fadul

O ex-primeiro-ministro Gordon Brown faz campanha pelo 'não' em Glasgow(foto: DYLAN MARTINEZ/REUTERS)
O ex-primeiro-ministro Gordon Brown faz campanha pelo 'não' em Glasgow (foto: DYLAN MARTINEZ/REUTERS)
Brasília – Pouco mais de 4 milhões de eleitores vão hoje às urnas para decidir se a Escócia permanece no Reino Unido ou se segue o caminho da independência, rompendo mais de três séculos de união. Apesar dos recentes apelos de Londres com o propósito de evitar a separação, as pesquisas de opinião indicavam até ontem uma disputa apertada, com pequena dianteira para a manutenção do status quo. A vitória do “sim” poderá inscrever na história o nome do líder separatista e chefe do governo escocês, Alex Salmond, impulsionador da campanha pela cisão, e provocar a derrocada do gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que terá a carreira política marcada pelo revés.

Em carta dirigida aos escoceses, Salmond afirmou ontem que “votar no ‘sim’ vai possibilitar à população ter o poder nas mãos para determinar o futuro da Escócia”. “Acorde na sexta-feira de manhã para o primeiro dia de um país melhor. Não deixe essa oportunidade escapar por entre nossos dedos. Não deixe que eles nos digam que podemos deixar de fazer isso”, exaltou o chefe de governo. Pelo campo do “não”, o ministro britânico das Finanças, o conservador Alistair Darling, e o ex-premiê trabalhista Gordon Brown deixaram as diferenças políticas de lado e participaram de um comício em defesa da permanência dos laços entre Edimburgo e Londres. Ainda na véspera do referendo, uma foto de Salmond e Darling, acompanhada da pergunta “A Escócia deve ser um país independente?”, estampou a capa do jornal The Scottish Sun.

Quatro levantamentos recentes indicavam ligeira vantagem para o “não”. Nas pesquisas promovidas pelos institutos ICM, Opinium, Panelbase e Survation 48% dos entrevistados se declararam a favor da independência, enquanto 52% defenderam a união. Outra apuração, do Ipsos Mori, confirmou uma maioria apertada pela permanência da Escócia no Reino Unido: 51% contra a secessão e 49% a favor. Os resultados mostravam ainda que de 5% a 14% dos habilitados a votar continuavam indecisos, às vésperas do referendo. É esperada uma taxa de participação elevada entre os 4,3 milhões habilitados a votar — pessoas com mais de 16 anos com residência fixa na Escócia.

O premiê escocês, Alex Salmond, discursa em comício a favor da separação(foto: DYLAN MARTINEZ/REUTERS)
O premiê escocês, Alex Salmond, discursa em comício a favor da separação (foto: DYLAN MARTINEZ/REUTERS)
O luso-suíço Simon Olivier mudou para lá há 11 anos. Em 2007, tornou-se professor na cidade de Aberdeen. Em entrevista, ele relatou que a questão da separação tem sido, na verdade, um tema bastante delicado para os escoceses. “Aqueles que desejam a independência a querem por razões diversas, que vão do orgulho nacional à crença de que o Mar do Norte tem petróleo suficiente para manter a população e ajudá-la a tomar decisões sobre gastos com educação e saúde, entre outros itens”, ponderou. “Como cidadão da União Europeia e tendo vivido aqui por mais de 10 anos, vejo a estabilidade em uma união britânica, onde todos os países se ajudam mutuamente. Como cidadão também de uma nação neutra, a Suíça, acredito que a separação é demasiado arriscada. Se eu fosse votar, no momento, escolheria o ‘não’”, concluiu.

A possibilidade de a Escócia separar-se do Reino Unido tem causado preocupações ao bloco europeu, que teme modificações nas fronteiras do continente e desequilíbrios políticos. O resultado do referendo pode mudar o peso do Reino Unido na UE, pois Londres perderia votos no Conselho Europeu e assentos no parlamento comunitário. O chefe de governo da Espanha, Mariano Rajoy, declarou ontem que as intenções separatistas da Escócia e da região espanhola da Catalunha são “um torpedo contra o espírito europeu”. “Todos acreditam que esses processos são enormemente negativos”, disse. “Criam problemas muito importantes, como, por exemplo, a moeda, a dívida pública e o pagamento de aposentadorias. Produzem recessão econômica e pobreza para todos”, completou.

 

 


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