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Estado de Minas

Washington faz voos de reconhecimento na Síria mas nega cooperação com Damasco


postado em 26/08/2014 21:46

Os Estados Unidos começaram a realizar voos de reconhecimento sobre a Síria, para localizar potenciais alvos de ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI), mas a operação não tem qualquer coordenação com o governo em Damasco, que também combate os jihadistas.

Várias fontes afirmaram que aparelhos estrangeiros sobrevoaram a Síria, inclusive uma ONG local, que citou "aviões de reconhecimento não sírios" sobre o leste do país na segunda-feira, que depois transmitiram as informações obtidas sobre as posições do EI "ao governo sírio via Bagdá e Moscou".

Nesta terça-feira, o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest afirmou que "não há qualquer projeto de coordenação com o regime sírio no momento em que enfrentamos esta ameaça terrorista", mas um funcionário sírio - que pediu para ter a identidade preservada - garantiu que "a cooperação já começou e os Estados Unidos passam informação a Damasco através de Bagdá e Moscou".

Na véspera, o regime de Damasco havia anunciado sua disposição de cooperar em nível internacional, inclusive com Washington, para combater os jihadistas. O presidente Bashar al-Assad é acusado de ter atacado seu próprio povo ao reprimir brutalmente manifestações contra o governo que desencadearam uma guerra civil em março de 2011

O governo sírio também deixou claro que qualquer ataque em seu território precisa de sua cooperação, pois, caso contrário, consideraria a atitude uma "agressão".

O governo dos Estados Unidos, que efetuou mais de 100 ataques aéreos contra as posições do EI na região norte do Iraque desde 8 de agosto, cogitou na semana passada a possibilidade de atacar a vizinha Síria, após a decapitação do jornalista americano James Foley por combatentes do grupo ultra-radical.

Segundo uma autoridade americana entrevistada pela AFP, os Estados Unidos estão prontos para enviar aviões-espiões e drones para a Síria para recolher informações sobre os jihadistas e preparar o terreno para eventuais ataques.

Sem definição

O chefe do Estado-Maior Conjunto americano, general Martin Dempsey, declarou na segunda-feira que o EI é "uma ameaça regional que, em breve, ameaçará os Estados Unidos e a Europa".

"Será que eles podem ser derrotados sem atacarmos a parte da organização que está na Síria? A resposta é não", disse ele.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, no entanto, indicou que o presidente Barack Obama não tinha tomado uma decisão sobre eventuais ataques na Síria.

A Casa Branca também ressaltou que os Estados Unidos estão preparados para agir sem o consentimento de Damasco, como fizeram no passado.

Uma fonte da segurança síria reiterou nesta terça-feira a advertência de Damasco de que "qualquer entrada no espaço aéreo sírio sem coordenação será considerada um ato de agressão".

Enquanto muitos países ocidentais e árabes exigiram a queda do regime de Bashar al-Assad, que reprimiu violentamente um movimento de protesto popular em 2011, causando um conflito armado com aspectos cada vez mais complexos, a nova situação coloca Washington em uma situação desconfortável.

"Não estamos do mesmo lado só porque há um inimigo comum", tentou explicar na segunda-feira a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki.

Mas para o jornal sírio Al-Watan, ligado do governo, a decapitação de James Foley "mostrou a necessidade de um diálogo com Damasco".

"O estabelecimento de uma coalizão internacional contra o terrorismo pode se tornar uma opção obrigatória (...) mesmo que os sinais ainda não sejam claros", considera.

Nesta terça, os aviões sírios realizaram pelo menos doze ataques contra posições jihadistas na província de Deir Ezzor, sob controle do EI, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

'Limpeza étnica'

Os jihadistas do EI lançaram sua ofensiva em 9 de junho, conquistando extensas faixas territoriais no Iraque e na Síria, o que resultou na fuga de dezenas de milhares de pessoas, incluindo membros das minorias.

Neste contexto, a ONU acusou o EI de promover uma "limpeza étnica e religiosa".

"O Estado Islâmico e os grupos armados associados cometem graves e horríveis violações dos direitos humanos todos os dias. Atacam sistematicamente homens, mulheres e crianças em função de sua origem étnica, religiosa ou sectária, e realizam uma limpeza étnica e religiosa sem piedade nas regiões que controlam", denunciou a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em um comunicado.

Nas frentes de batalha, o EI registrou uma importante vitória na Síria ao conquistar no domingo o aeroporto militar de Raqa. Mas do outro lado da fronteira, as forças curdas e iraquianas, que colaboram no combate aos jihadistas, reconquistaram terreno.

No norte do Iraque, os curdos, apoiados pela força aérea iraquiana, conseguiram retomar três aldeias ao norte de Bagdá, na província de Diyala, e uma das principais estradas controladas pelo EI.

Os curdos também conseguiram repelir dois ataques contra a cidade xiita de Tuz Khurmatu, 175 km ao norte de Bagdá, depois de terem retomado no domingo Qaraj, ao sudeste de Mossul (norte), maior cidade a cair nas mãos dos rebeldes em 10 de junho.

Em todo país, os ataques aumentaram nos últimos dias, principalmente contra mesquitas.

Nesta terça, explosão de um carro-bomba em uma estrada ao leste de Bagdá em um horário de muito movimento deixou 15 mortos e 37 feridos.


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