Um empresário sírio, formado em universidades americanas e membro da oposição interna tolerada pelo regime, se converteu nesta quinta-feira no segundo candidato às eleições presidenciais de 3 de junho na Síria, no dia em que um bombardeio deixou 27 mortos na província de Aleppo.
"Anunciamos a candidatura de Hassan Abdullah al Nuri ao cargo de presidente (...)" da Síria, afirmou o presidente do Parlamento sírio, Mohamad al-Lahham, em uma sessão plenária.
Segundo a rede de televisão estatal síria, Nuri é graduado em gestão pela Universidade de Damasco, tem mestrado pela Universidade americana do Wisconsin e doutorado em desenvolvimento de recursos humanos pela Universidade John F. Kennedy, na Califórnia.
Esta é a segunda candidatura à presidência, após a apresentada na quarta-feira pelo deputado ex-comunista Maher al-Hajjar.
A eleição presidencial síria foi denunciada pela oposição como uma farsa e pelos Estados Unidos como uma "paródia da democracia".
O presidente Bashar al-Assad ainda não apresentou oficialmente sua candidatura, mas sua reeleição à frente do país parece acima de qualquer dúvida.
As eleições serão realizadas no dia 3 de junho em plena guerra.
A nova Constituição síria, aprovada em 2012, permite pela primeira vez que vários candidatos se apresentem, mas as condições exigidas limitam consideravelmente seu número, já que o futuro presidente deve ter vivido na Síria de forma contínua durante os dez últimos anos.
Além disso, todo candidato deverá obter o apoio de ao menos 35 deputados dos 250 que compõem o Parlamento, um órgão fiel ao regime. Estes requisitos tornam quase impossível a candidatura de um opositor do exílio.
Na frente militar, ao menos 27 pessoas - entre elas três crianças - morreram nesta quinta-feira em um bombardeio aéreo contra uma mercado em uma cidade do norte da Síria, na província de Aleppo, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O bombardeio é parte de uma ofensiva do regime sírio contra as zonas controladas pelos rebeldes na província.
A ONG afirma que a ofensiva, iniciada em dezembro, provocou centenas de mortes, a maioria de civis, e obrigou milhares de famílias a abandonar suas casas.
"O número de vítimas do ataque contra um mercado da localidade de Atareb subiu para 27, incluindo três crianças", afirma um comunicado do OSDH.
Os militantes distribuíram imagens de vídeo nas quais é possível observar corpos no chão do que parece um mercado.
Desde março de 2011, o conflito na Síria deixou mais de 150.000 mortos, um terço deles civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha.