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Estado de Minas

Colisor de Hádrons revelou apenas 1% das descobertas que pode fazer


postado em 23/04/2014 18:52

Peter Jenni, um dos pais da experiência que levou à descoberta do bóson de Higgs, recebeu nesta quarta-feira o título Honoris Causa da Universidade Católica do Chile e diz que o Grande Colisor de Hádrons, o acelerador de partículas mais potente do mundo, ainda tem muitas respostas a dar.

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) é um anel de 27 quilômetros de circunferência, instalado perto de Genebra (Suíça) e operado pela CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear).

Trata-se do maior acelerador de partículas existente no mundo e sua potência pode fazer com que estas alcancem quase a velocidade da luz ao colidir.

"O Grande Colisor de Hádrons estará operacional até 2035 e até o momento funcionou com baixa energia, sem toda a sua potência. Podemos dizer que ofereceu 1% das muitas descobertas que nos esperam no futuro", disse Jenni, com olhos brilhantes, à AFP.

"Estamos no começo, vivemos tempos emocionantes para a física de partículas", afirma um dos pais do experimento ATLAS, uma das experiências chave para a descoberta do bóson de Higgs, conhecida como "partícula de Deus".

O físico suíço deu uma palestra na Universidade Católica, em sua passagem por Santiago, sobre a transcendente descoberta, em uma sala repleta de jovens e aspirantes emocionados às novas estrelas da física.

O detector de partículas ATLAS conseguiu reunir três mil cientistas de 177 universidades e 38 países para demonstrar a existência da elusiva partícula, "a peça que faltava do quebra-cabeças do Modelo Padrão da Física", uma tabela de elementos que explica a física do universo, relacionada com os trabalhos de Einstein.

O bóson de Higgs é determinante para saber como os elementos adquirem massa. Se os elétrons e partículas elementais que compõem todos os objetos que nos cercam - inclusive nós mesmos - não tivessem massa, não poderiam se unir, formando átomos mais complexos que dão lugar a estrelas, planetas, galáxias ou pessoas, à matéria que somos e vemos. Daí seu caráter todo-poderoso.

A notícia que prova a existência do bóson, transmitida ao mundo em 4 de julho de 2012, ocorreu para Jenni antes do esperado. "Tenho que confessar que encontramos o bóson quando o LHC funcionava a apenas três anos e funcionou de forma mais rápida e eficiente do que esperava", afirma.

No entanto, não foi um caminho fácil: para provar o bóson de Higgs é preciso aguardar eventos que acontecem muito raramente. Menos de uma colisão em cada 100 milhões oferece algo digno de estudo.

Além disso, o bóson se desintegra na colisão e por isso é preciso procurar a "assinatura" deixada para trás pela colisão.

Agora, o LHC está parado para modernização de seus componentes de forma a poder funcionar com maior potência de energia, abrindo a via para responder novas perguntas.

Um dos potenciais avanços é o conhecimento da matéria escura, um dos grandes mistérios da física.

"Deve existir uma matéria que somos capazes de ver ao observar as estrelas. Uma das possíveis explicações é que pouco depois do Big Bang se produziram as chamadas partículas supersimétricas e que uma delas sobreviveu, dando origem à matéria escura", destacou.

A matéria escura "não interage de forma normal com outra matéria, só com a gravidade, por isso não podemos ver nenhuma luz que emana dela", explicou.

Jenni afirmou que o LHC poderia produzir energia suficiente para reproduzir no laboratório, de forma controlada, matéria escura e encontrar a chave para este enigma, algo que revolucionaria ainda mais nossa compreensão do universo.


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