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Estado de Minas

Sudão do Sul: ataques resgatam memórias do genocídio de Ruanda

País que recentemente conseguiu se separar do norte continua sofrendo com massacres em conflitos étnicos


postado em 22/04/2014 17:37 / atualizado em 22/04/2014 18:07

Sudaneses do sul fogem para fronteira por medo da violência em ataques rebeldes(foto: Mohamed Nureldin Abdallah/Reuters)
Sudaneses do sul fogem para fronteira por medo da violência em ataques rebeldes (foto: Mohamed Nureldin Abdallah/Reuters)

Homens armados que alvejaram civis, incluindo crianças e idosos, deixaram "pilhas e pilhas" de corpos para trás no Sudão do Sul, muitos deles em uma mesquita e em um hospital, disse nesta terça-feira a principal autoridade humanitária das Nações Unidas (ONU) no país, Toby Lanzer. Segundo ele, a violência étnica na cidade é muito possivelmente "um divisor de águas" para um conflito que já se estende desde meados de dezembro e expôs hostilidades étnicas de longa data.

Há ainda um eco perturbador do genocídio de Ruanda, no qual 1 milhão de pessoas foram mortas e que completou 20 anos este mês. Em Ruanda, as ordens de assassinato eram transmitidas via rádio, o que também aconteceu no Sudão do Sul, disse Lanzer. "É a primeira vez que soubemos de uma estação de rádio local transmitindo mensagens de ódio, incentivando as pessoas a se envolver em atrocidades", disse Lanzer, que estava em Bentiu no domingo e segunda-feira. "E isso realmente acelera o declínio do Sudão do Sul a uma situação ainda mais difícil, da qual precisa sair."

Investigadores de direitos humanos da ONU disseram nesta segunda-feira que centenas de civis foram mortos na semana passada por causa de sua etnia depois que as forças rebeldes tomaram Bentiu, capital do Estado de al-Wahda. Essas forças rebeldes são Nuer, do mesmo grupo étnico que o ex-vice-presidente Riek Machar, que agora é um líder rebelde.

Lanzer disse que milhares de civis de vários grupos étnicos estão fugindo para a base de manutenção de paz da ONU em Bentiu porque muitos acreditam que mais violência está por vir. A base agora conta agora com 25 mil pessoas, mas tem apenas um litro de água por pessoa por dia e uma latrina para cada 350 pessoas. "O risco de uma crise de saúde pública dentro de nossa base é enorme", afirmou. Raphael Gorgeu, chefe dos Médicos Sem Fronteiras no Sudão do Sul, disse que as pessoas vão morrer dentro da base nos próximos dias por causa da situação de água e saneamento.

Com a entrada das forças rebeldes em Bentiu na semana passada, os moradores foram levados a crer que entrando na mesquita local ficariam seguros, afirmou Lanzer, citando relatos de sobreviventes. Mas, uma vez dentro, eles tiveram seu dinheiro e telefones celulares roubados e logo em seguida começaram a sofrer disparos dos homens armados, tanto dentro como fora da mesquita e no hospital da cidade. Conforme Lanzer, se você não fosse Nuer, nada poderia salvá-lo, porque os homens armados matavam arbitrariamente, incluindo crianças e idosos. Gorgeu disse que sua equipe em Bentiu, incluindo 12 profissionais estrangeiros, já tratou mais de 200 pessoas feridas nos atos de violência. Fonte: Associated Press.


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