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Estado de Minas

Colômbia e México, as duas pátrias de García Márquez, preparam adeus ao gênio

As cinzas do escritor serão expostas na esplanada do vestíbulo de Belas Artes, ladeadas pelas bandeiras da Colômbia e do México


postado em 20/04/2014 17:40 / atualizado em 20/04/2014 19:29

Homem organiza banner com a foto do ganhador do Prêmio Nobel García Marquez no Palácio de Bellas Artes, na Cidade do México (foto: REUTERS/Tomas Bravo )
Homem organiza banner com a foto do ganhador do Prêmio Nobel García Marquez no Palácio de Bellas Artes, na Cidade do México (foto: REUTERS/Tomas Bravo )

O México sediará na segunda-feira uma grande homenagem ao seu genial filho adotivo, Gabriel García Márquez, que prosseguirá um dia depois em sua Colômbia natal, no início do triste adeus ao escritor latino-americano mais carismático do século XX.

Com a família vivendo seu luto privado, as autoridades mexicanas preparam a primeira das cerimônias no Palácio de Belas Artes, no centro, onde o México despede seus grandes ícones culturais, como fez com o escritor Carlos Fuentes e o comediante Mario Moreno "Cantinflas", entre outros. O palácio abrirá as portas a partir das 16h00 locais (18h00 de Brasília) para que a legião de admiradores de García Márquez possa se despedir.

A diretora do Instituto Nacional de Belas Artes, Maria Cristina García, informou que o evento durará, a princípio, três horas, mas que os parentes de García Márquez estão dispostos a que se estenda "até que a última pessoa" possa dar seu último adeus. "Sabemos que há uma grande expectativa (...) Haverá quarteto de cordas, flores amarelas e muito amor", descreveu a funcionária, que cuidou dos detalhes com a viúva, Mercedes Barcha. As cinzas do escritor serão expostas na esplanada do vestíbulo de Belas Artes, ladeadas pelas bandeiras da Colômbia e do México.

Os presidentes dos dois países, o colombiano Juan Manuel Santos e o mexicano Enrique Peña Nieto, formarão uma guarda de honra e dirão algumas palavras. Por enquanto não se informou se outros chefes de Estado ou personalidades estrangeiras viajarão ao México para a homenagem.

García Márquez chegou à Cidade do México em 2 de julho de 1961, ao lado da esposa e do filho mais velho, Rodrigo, em "um entardecer malva, com os últimos vinte dólares e sem nada no porvir", segundo o próprio escritor descreveu.

Com o tempo, o colombiano fez da megalópole um novo lar, também graças a amizades emblemáticas como a de seu compatriota Álvaro Mutis ou dos escritores mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.

No México, encontrou a estabilidade para escrever a maior parte de sua obra literária, inclusive sua obra-prima, "Cem anos de Solidão" (1967), apesar dos iniciais e sérios apuros econômicos. Em 1981, após temporadas em Barcelona, Gavana e Bogotá, fixou residência definitiva na Cidade do México, depois de ter sido acusado de ter vínculos com o grupo guerrilheiro M-19.

No México, García Márquez recebeu a notícia do Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, e acabou falecendo na quinta-feira passada aos 87 anos, em sua casa, ao lado da família, após ser hospitalizado com uma pneumonia.


Gabo morrerá quando ninguém souber ler

Em seu país de nascimento, as autoridades também se esmeram para preparar uma homenagem à altura do "maior colombiano de todos os tempos", como admitiu o presidente Santos.

Ao retornar do México, Santos chefiará na terça-feira a cerimônia solene na Catedral Primaz de Bogotá, onde as grandes figuras nacionais são despedidas, em um culto no qual a Orquestra Sinfônica Nacional da Colômbia interpretará o 'Réquiem' de Mozart.

A cerimônia será transmitida para todo o país e também serão montados telões na praça Bolívar, no centro, para as pessoas que não encontrarem espaço na catedral, explicou neste domingo a ministra da Cultura, Mariana Garcés, à emissora Blu Radio.

Para a quarta-feira, 23 de abril, dia internacional do livro, o governo colombiano programou a leitura coletiva de um romance de García Márquez em mais de 1.000 bibliotecas públicas, parques e colégios, cujo primeiro leitor também será Santos. "Foi escolhido 'Ninguém escreve ao coronel' porque é um livro muito dirigido ao público jovem e que é um de seus romances mais emblemáticos. Queríamos ter uma visão diferente de 'Cem anos de solidão", argumentou Garcés.

A Colômbia acompanha com expectativa a decisão da viúva de García Márquez e de seus filhos, Rodrigo e Gonzalo, sobre o destino final de suas cinzas, que poderão ser divididas entre o México e algum lugar do seu país, como a cidade natal de Aracataca (Caribe).

Na casa do escritor na Cidade do México, que não recebeu visitas na manhã deste domino, não param de se aproximar fãs colombianos e mexicanos. Genis Jiménez, uma estudante de psicologia de Medellín deixou na casa um buquê de flores amarelas, amuleto de García Márquez.

"É um acontecimento muito triste para todos os colombianos e latino-americanos, mas também nos lembra como foi grande García Márquez", disse a jovem, usando o tradicional 'sobrero vueltiao' (chapéu virado), típico do Caribe colombiano. "García Márquez continuará vivo por muito tempo e só morrerá totalmente quando não houver ninguém sobre a terra que não saiba ler", disse neste domingo seu compatriota Héctor Abad Faciolince em declarações ao jornal bogotano El Espectador.


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