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Estado de Minas

Governo turco continua punição em massa contra a polícia e a justiça


postado em 08/01/2014 10:10

O governo turco prosseguiu nesta quarta-feira com uma punição sem precedentes contra o sistema judicial e a polícia, acusados de estarem por trás da investigação do grande escândalo de corrupção que obrigou vários ministros a renunciar, e destituiu os chefes da polícia das maiores cidades do país.

O novo ministro do Interior, Efkan Ala, assinou um decreto oficial que destitui 16 oficiais da polícia, entre eles o chefe adjunto da segurança nacional e os chefes das cidades de Ancara, Esmira (oeste), Antalya (sul) e Diyarbakir (sudeste).

Na terça-feira, outro decreto destitui pelo menos 350 policiais em Ancara, elevando a 700 o número de agentes, de todos os níveis, expulsos da corporação desde meado de dezembro, segundo dados da imprensa turca.

Um dos principais promotores de Istambul, Zekeriya Öz, que investigava os casos de corrupção no governo, também foi afastado do cargo, de acordo com os meios de comunicação.

Nos últimos dias a imprensa estatal acusou o promotor de ter passado férias em Dubai pagas por um magnata do setor imobiliário envolvido no caso em que investigava.

O governo islâmico-conservador do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan acusa o movimento religioso do pregador muçulmano Fetullah Gulen, que vive na Pensilvânia (Estados Unidos) desde 1999, de ser o responsável pelo escândalo político-financeiro e de "conspirar" para derrubar o governo, a três meses das eleições municipais.

Além desta limpeza da hierarquia policial, o governo Erdogan lançou uma grande operação dentro da justiça, considerada também infiltrada pelo movimento do pregador muçulmano, e uma punição em massa contra funcionários públicos, com a destituição de autoridades dos ministérios das Finanças, Educação e Tranportes.

A União Europeia (UE) expressou nesta quarta-feira sua preocupação com a situação na Turquia e pediu uma investigação "transparente e imparcial" sobre as acusações de corrupção contra o governo.

"Os recentes acontecimentos na Turquia preocupam a Comissão Europeia", declarou um de seus porta-voz, Olivier Bailly.

A decisão do governo em novembro de fechar as escolas privadas de reforço escolar, uma grande fonte de renda de Gülen, provocou o conflito entre seu movimento e o governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan, que, no entanto, haviam sido aliados em 2002 para levar o islamismo conservador turco ao poder.

Críticas da imprensa e da oposição

A ofensiva do governo desencadeou críticas da imprensa e da oposição.

"A polícia nacional foi desmembrada", denunciou o jornal Milliyet. "O governo só pensa em lutar contra um 'Estado paralelo', mas se voltará contra si mesmo", assegurou o Hürriyet.

O governo também quer retomar o controle de uma das principais instituições judiciais do país, o Alto Conselho de Juízes e Promotores (HSKY), e na terça-feira apresentou ao Parlamento um projeto para limitar seus poderes.

Seis meses depois das grandes manifestações que fizeram o governo tremer, este caso coloca em risco o futuro pessoal de Erdogan, que deseja voltar a se apresentar às eleições presidenciais de agosto de 2014.

O caso também tem consequências econômicas para o país. "Se o escândalo de corrupção continuar, pode enfraquecer ainda mais o governo e a sua capacidade para tomar medidas adequadas para manter a estabilidade econômica", advertiu na terça-feira a agência de classificação financeira Fitch's.


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