O Departamento de Polícia de Newtown, em Connecticut, divulgou nesta quarta-feira as chamadas de emergência feitas durante a tragédia na Escola Sandy Hook, em 2012, que deixou 20 crianças e seis adultos mortos e chocou os Estados Unidos.
As ligações foram disponibilizadas em um portal de notícias na Internet após decisão judicial, causando a revolta dos familiares das vítimas.
"Acho que alguém está atirando aqui na escola Sandy Hook", diz ofegante uma mulher bastante assustada, na primeira ligação para o 911 (número de emergência nos Estados Unidos).
Em uma outra gravação, disparos são ouvidos, enquanto um homem tenta explicar ao operador da central o que estava acontecendo no colégio. Apesar do terrível drama que estava sendo vivido, boa parte das vítimas conseguiu manter a calma para alertar a polícia, enquanto os operadores pediam que se protegessem até a chegada do socorro policial.
Em 14 de dezembro de 2012, o jovem Adam Lanza, de 20 anos, matou a mãe em casa e, depois, seguiu fortemente armado para a escola de Sandy Hook. Ele abriu fogo e matou 20 crianças e seis adultos à queima-roupa, tirando a própria vida na sequência.
As gravações divulgadas nesta quarta incluem o momento dos tiros e a entrada dos primeiros policiais na instituição, dez minutos depois.
"Onde vocês estão?", "Fiquem tranquilos", "Estamos a caminho", respondem os policiais às pessoas que telefonam sem parar. "O que está acontecendo com as crianças? A escola está fechada? Quero que sejam protegidas", afirma um operador.
A polícia e o oficial encarregado da investigação, Stephen Sedensky, tinham se negado a divulgar as ligações, preocupados com seu impacto sobre as famílias das vítimas.
No dia da tragédia, a agência de notícias Associated Press (AP) pediu a divulgação dessas gravações e insistiu várias vezes desde esse dia, invocando a liberdade de informação. O juiz local Eliot Prescott deu, finalmente, razão à agência.
Alguns veículos da imprensa americana decidiram não divulgar as gravações, como a afiliada da NBC em Connecticut.
"A NBC Connecticut decidiu não divulgar as chamadas e não publicá-las na Internet", anunciou a emissora.
A maioria dos familiares rejeitou a divulgação do material.
"Que pai gostaria disso? Não é pelo bem comum, não serve para ninguém. Não é o modo como eu quero que se lembrem de Dylan", disse Nicole Hockley, mãe de uma das crianças assassinadas, em entrevista ao canal ABC.
A divulgação das ligações aconteceu poucos dias antes do primeiro aniversário da tragédia e uma semana depois da publicação do relatório sobre a investigação. O documento conclui que Adam Lanza agiu sozinho por razões ainda desconhecidas.
A tragédia de Sandy Hook abalou os Estados Unidos e reacendeu o debate sobre a posse de armas no país.
Na tentativa de superar o trauma na pequena comunidade de Newtown, a prefeitura decidiu demolir a instituição e construir uma nova escola no mesmo terreno.