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Estado de Minas

Violência preocupa potências mundiais


postado em 02/11/2013 00:12 / atualizado em 02/11/2013 08:38

Otacílio Lage


Outubro foi o mês que registrou o maior número de mortos no Iraque desde abril de 2008, de acordo com dados oficiais divulgados ontem em Bagdá, que apontam 964 pessoas mortes em uma escalada de violência. No total, 855 civis, 65 policiais e 44 soldados morreram no mês passado, segundo números dos ministérios da Saúde, Interior e Defesa. Há cinco anos e meio, 1.073 pessoas morreram no país, que saía de um conflito religioso que provocou milhares de mortes. O nível de violência registrado em outubro provoca o temor de um novo ciclo similar. A questão foi debatida ontem em uma reunião em Washington entre o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, e o presidente norte-americano, Barack Obama. Maliki quer ajuda norte-americana na luta contra a violência. Uma fonte do Departamento de Estado afirmou que o país tem a intenção de ajudar o Iraque a lutar “de forma eficaz” contra a Al-Qaeda, em caso de necessidade, com o fornecimento de equipamento militar, como pede Maliki.

O nível de violência aumentou consideravelmente no Iraque depois que as forças de segurança atuaram, no fim de abril, contra uma manifestação de sunitas que protestavam desde o início do ano contra o governo. A intervenção provocou uma explosão de confrontos entre manifestantes e as forças de segurança, com um balanço de mais de 200 mortos em poucos dias. De lá para cá, as autoridades fizeram algumas concessões para acalmar os protesto e os sunitas em geral, como libertar prisioneiros e aumentar os salários dos integrantes das milícias que combatem a Al-Qaeda. Mas muitos sunitas ainda acusam o primeiro-ministro xiita de centralizar o poder e marginalizar a minoria.

Desde que os EUA, com ajuda do Reino Unido, invadiram o país em 20 de março de 2003, quase 500 mil pessoas morreram de forma violenta ali. A série de ataques a bomba no Iraque põe o país do Golfo Pérsico em alerta e preocupa as potências estrangeiras. O primeiro embaixador do Brasil no Iraque, Ánuar Nahes, disse que a tensão estava se agravando, sobretudo, pelas questões políticas, e não religiosas. Cada grupo tem seu braço armado. Há a presença de guerrilhas apoiando vários setores .

O Iraque reúne várias tribos de etnias e culturas distintas, cujo elo se resume, na maior parte dos casos, apenas à religião muçulmana. Porém, no islamismo, há também distintas correntes internas, como os sunitas e xiitas, que, em alguns países, disputam o poder. No caso do Iraque, os chamados rebeldes armados, em geral, são ligados aos sunitas e se militarizaram por meio do contrabando de armas, que passa pelas fronteiras – com a Arábia Saudita, o Irã, a Jordânia, o Kuwait, a Síria e a Turquia – sem muitas restrições. Esses grupos mantêm vínculos com a Al-Qaeda e reivindicam mais espaço político. Em abril de 2014, haverá eleições no país, o que certamente aumentará ainda mais a disputa.

RIVALIDADE Internamente, as autoridades buscam a reconstrução do país, que vive em clima de guerra há quase 10 anos. Vizinho do Irã, da Turquia e da Arábia Saudita, o Iraque foi dominado nos últimos nove anos por forças estrangeiras em apoio à campanha dos EUA contra o terrorismo. Washington, para justificar a invasão do Iraque, se escudaram na existência de arsenais de armas químicas e nucleares na região. Saddam Hussein foi derrubado do poder (9/4/2003), capturado (14/12/2003), condenado à morte (26/12/2006) e enforcado (30/12/2006).

Em dezembro de 2011, as tropas norte-americanas e aliadas iniciaram o processo de saída do país, deixando para trás uma nação de 33 milhões de habitantes arrasada, sem liderança alguma. Armas químicas nunca existiram; eram apenas quimera de um presidente norte-americano belicista (George W. Bush). E o que sobrou do Iraque, de 438 mil quilômetros quadrados, um país que passou por duas independências em 13 anos – do Império Otomano, em 1919, e do Reino Unido, em 1932 – e por uma ditadura, de 24 anos, de Saddam Hussein? Fácil: apenas um gigantesco barril de pólvora, e cada explosão flagela mais sua já debilitada estrutura política e econômica.


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