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Estado de Minas

Itália chora os imigrantes mortos no naufrágio


postado em 04/10/2013 16:55

A Itália estava de luto nesta sexta-feira após a morte de cerca de 300 imigrantes africanos no naufrágio de uma embarcação perto da ilha de Lampedusa, o que reascendeu o debate sobre as políticas europeias de imigração.

Segundo as autoridades, o navio afundou perto da ilha dos Coelhos, a 550 metros da ilha de Lampedusa, onde o mar tem uma profundidade de 30 a 45 metros.

A embarcação teria partido da Líbia com entre 450 e 500 imigrantes a bordo. Apenas 155 foram resgatados com vida até o momento, o que desperta temores de que o registro de mortes se aproxime de 300, incluindo muitas mulheres e crianças.

O condutor do barco era um tunisiano de 35 anos, que havia sido expulso da Itália em abril. Ele foi detido pelas autoridades italianas.

"Não há mais esperança de encontrar sobreviventes", declarou à AFP um membro da Guarda de Finanças, a polícia financeira que opera neste setor.

As buscas foram temporariamente interrompidas por causa do mau tempo.

Um total de 111 corpos foi encontrado por mergulhadores da guarda-costeira, dentro e nas imediações da embarcação.

Os socorristas temem que muitos corpos tenham sido arrastados para alto-mar pelas correntes marítimas.

No início da noite, mil habitantes de Lampedusa homenagearam as vítimas com uma passeata. "É muito importante participar. Estamos acostumados a fazer o melhor para salvar vidas, mas nunca antes algo parecido tinha acontecido aqui", disse Michele Rossi, um comerciante da ilha que se tornou um dos principais portos de entrada de imigrantes vindos da África.

Em um gesto inédito, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, anunciou que os 155 sobreviventes serão recebidos na capital "em sinal da revolta contra a resignação e a indiferença".

Em Lampedusa, o comércio permaneceu fechado, enquanto Roma decretou luto nacional, com as bandeiras hasteadas a meio mastro.

"Aqui já não há mais lugar para os vivos nem para os mortos", disse emocionada na quinta-feira a prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini. "É um horror, um horror, não param de trazer corpos", acrescentou.

Tudo parece indicar que a embarcação sofreu uma avaria e, por isso, os imigrantes resolveram acender um fogo para chamar a atenção das autoridades italianas depois de permanecerem por horas em alto-mar.

Mas a embarcação sofreu um incêndio, o que gerou pânico e muitos imigrantes se jogaram na água, o que desestabilizou o barco, que virou.

"Era impressionante ver os corpos das crianças afogadas", declarou ao noticiário SKy TG24 Pietro Bartolo, responsável pelo centro de saúde da ilha.

Segundo Bartolo, não há caixões suficientes em Lampedusa, e várias dezenas serão trazidos nesta sexta.

"Passamos a noite a bordo de nosso barco. Ouvimos gritos e nos precipitamos para o ver o que estava acontecendo, e aí nos deparamos com uma situação desesperadora", contou à AFP um comerciante de Lampedusa, Alessandro Marino, um dos primeiros a chegar no local do naufrágio.

"Vimos um mar de cabeças, não conseguíamos puxá-los porque estavam cobertos de óleo", contou à televisão Rafaele Colapinto, um dos pescadores que ajudou na operação de resgate.

A maioria dos imigrantes procede de Eritreia e Somália.

Um abaixo-assinado lançado pelo jornal L'Espresso pedindo para que o prêmio Nobel da Paz seja concedido ao povo de Lampedusa já recolheu 20.000 assinaturas.

O papa Francisco afirmou, durante uma missa celebrada nesta sexta-feira em Assis (centro da Itália), a cidade de São Francisco, que "hoje é um dia de lágrimas porque o mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão ou da fome em busca de liberdade".

O primeiro-ministro italiano Enrico Letta anunciou que as vítimas receberão a nacionalidade italiana, falando de "ódio" e cobrando ações da Europa.

O vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, presente em Lampedusa, também convocou a União Europeia a ajudar a Itália, afirmando que se trata de um drama europeu, e não apenas italiano.

"Precisamos atuar, na Europa e na África", declarou nesta sexta ante a câmara dos deputados.

"Na Europa é necessário mudar as regras que fazem pesar demais sobre o país de ingresso a carga de imigrantes clandestinos", afirmou.

Várias embarcações lotadas de imigrantes ilegais desembarcaram nesta semana no sul da Itália, entre elas uma na noite de quarta-feira com 463 imigrantes, procedentes, ao que parece, da Síria.

Em 2013, mais de 25.000 imigrantes desembarcaram na costa do sul do país (Sicília e Calábria), ou seja, quase três vezes mais que em todo o ano de 2012.

E, de acordo com a ONG Migreurop, em vinte anos, 17.000 imigrantes morreram tentando chegar à Europa.


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