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Estado de Minas

Irã busca quebrar isolamento


postado em 21/09/2013 00:12 / atualizado em 21/09/2013 09:22

Rodrigo Craveiro


Brasília – As vendas de petróleo despencaram de 2,4 milhões de barris diários para 1 milhão; a taxa de inflação anual atingiu 45,1% em julho – há um ano, era de 27% –; o padrão de vida dos 79,8 milhões de iranianos caiu de forma vertiginosa e o país amarga um isolamento diplomático. É nesse contexto que o presidente do Irã, Hassan Rowhani, defendeu, em artigo publicado pelo jornal The Washington Post, um engajamento construtivo com o Ocidente. Na noite de quarta-feira, em entrevista à rede de TV americana NBC, o líder moderado negou a intenção de fabricar armas nucleares e elogiou a troca de correspondências com Barack Obama, seu homólogo nos EUA. Os gestos acenaram com uma guinada em relação à diplomacia de confrontação exercida durante o governo de Mahmud Ahmadinejad, seu antecessor. Ainda que surpreendente, a suavização é vista por especialistas como providencial, uma tentativa de barganhar concessões e aliviar os prejuízos causados pelas sanções internacionais.

Em seu artigo, Rowhani defende que o Irã e o Ocidente trabalhem juntos "para pôr fim a rivalidades prejudiciais e a interferências que alimentam a violência e separam" os países. "Eu exorto minhas contrapartes a responderem genuinamente aos esforços de meu governo para se engajar no diálogo construtivo", escreveu. Na próxima terça-feira, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Rowhani deve se reunir com o presidente da França, François Hollande. Um encontro com Obama não está descartado.

Para o iraniano-sírio Majid Rafizadeh, especialista da Universidade de Harvard e presidente do Conselho Internacional Americano sobre o Oriente Médio, a mudança na política iraniana tem um viés estratégico e tático. "O Irã está se deparando com uma pressão econômica sem precedentes, o que representa uma ameaça à manutenção dos clérigos no poder", afirmou. O analista reconhece, porém, que a atual conjuntura política é satisfatória para a melhoria das relações entre Teerã e Washington. "Pela primeira vez, desde 1979, há uma convergência de interesses comuns, em meio a uma diplomacia intensificada", observa Rafizadeh. A edição de ontem do jornal The New York Times citou um "conselheiro proeminente" de Rowhani, segundo o qual o regime decidiu forjar um acordo rápido sobre o programa nuclear para encerrar as "sanções paralisantes". A fonte assegura que, em uma das cartas enviadas ao colega iraniano, Obama prometeu aliviar as punições "se Teerã demonstrar boa vontade de cooperar com a comunidade internacional, manter seus compromisso e remover ambiguidades".

Natural de Teerã, Mohsen Milani, diretor do Centro para Estudos Estratégicos e Diplomáticos da University of South Florida (USF), lembra que em sua campanha Rowhani “prometeu encerrar o isolamento do país e encontrar uma solução honrosa para o impasse nuclear", comentou. De acordo com o estudioso, o aiatolá Ali Khamenei – líder supremo do Irã – concedeu a Rowhani a máxima autoridade para negociar com o Ocidente — um prestígio do qual Ahmadinejad não gozou. "O aiatolá propôs que o Irã deve mostrar uma ‘flexibilidade heroica’, um modo de assinalar que está pronto a negociar. Se o Ocidente não fizer grandes concessões a Teerã, Khamenei vai intervir, e o regime, uma vez mais, adotará a postura linha-dura em relação ao programa nuclear", advertiu o professor da USF.


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