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Estado de Minas

Trégua concedida à Síria tranquiliza o Irã


postado em 12/09/2013 14:49

A trégua que os Estados Unidos concederam ao regime sírio conforta o Irã, principal aliado regional do presidente Bashar al-Assad, e fortalece sua posição quanto ao controverso programa nuclear, segundo especialistas.

A imprensa conservadora iraniana tem expressado com manchetes como "Retrocesso", "Retirada total" ou "Golpe duro e humilhante" para os Estados Unidos a sua satisfação desde que Barack Obama aceitou a proposta russa de submeter a controle internacional o arsenal químico de Damasco.

O jornal ultraconservador Kayhan afirma inclusive que "o ataque contra a Síria agora é impensável".

Para o analista conservador Amir Mohebian, a decisão de descartar no momento a opção militar "fortalece naturalmente" Teerã, fiel aliado de Assad, junto com a Rússia.

"Talvez os americanos entendam que é menos custoso solucionar a crise síria com a ajuda do Irã e que isto também pode ter uma incidência em outros temas, como o nuclear", afirma Mohebian à AFP.

Um ataque americano à Síria "fortaleceria os extremistas em Estados Unidos, Irã e Rússia" e "reduziria a margem de manobra que Rohani e Obama precisam para estabelecer suas relações", considera Reza Marashi, analista do Conselho Nacional iraniano-americano (NIAC).

Ao aceitar considerar seriamente o projeto russo, "Washington envia uma mensagem a Teerã dizendo que está disposto a assumir riscos e a fazer compromissos para alcançar a paz. É o que faltava durante os últimos quatro anos", explica à AFP este analista baseado em Washington.

No entanto, Estados Unidos, França e Israel afirmaram em várias ocasiões que uma ação contra a Síria enviaria uma mensagem forte ao Irã, que trava uma prolongada disputa com as potências ocidentais por seu polêmico programa nuclear.

"O mundo deve garantir que aqueles que utilizam armas de destruição em massa paguem por isso", afirmava na quarta-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Na véspera, o ministro francês das Relações Exteriores declarou que um ataque contra a Síria desencorajaria os líderes iranianos em sua busca "pela arma nuclear", e o chefe da diplomacia americana, John Kerry, advertiu que a inação do mundo frente ao ataque químico daria ao Irã "a possibilidade de se equivocar sobre nossas intenções, ou de colocá-las à prova".

Apesar disso, o Irã nunca deixou de apoiar seu aliado sírio e inclusive atribuiu o ataque químico de 21 de agosto aos rebeldes.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, entrou em contato com mais de vinte homólogos de países árabes, europeus, asiáticos e latino-americanos, sem contar o enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para denunciar a ilegalidade de uma ação militar na Síria sem o aval da ONU.

Paralelamente, o presidente moderado Hassan Rohani se manteve firme em sua vontade de continuar com o programa nuclear iraniano, que, segundo as grandes potências ocidentais, tem fins militares, algo que Teerã desmente categoricamente.

Rohani declarou na terça-feira que seu país não renunciará "nem um milímetro" aos seus direitos nucleares, mas também mostrou seu desejo de cooperação para chegar a um resultado no qual todas as partes saiam ganhando.

Segundo um diplomata ocidental em Teerã, que pediu para não ser identificado, a proposta russa é "um alívio para Teerã", que temia uma escalada militar na região.

Os últimos acontecimentos "darão um pouco de tempo e de tranquilidade" ao Irã para considerar eventualmente seu apoio à Síria.

"O ataque químico surpreendeu os iranianos, que agora talvez se perguntem sobre a confiabilidade de Assad", considera o diplomata.

Quanto ao tema nuclear, o governo iraniano não tem interesse algum que a crise piore, já que adotou uma posição "de cooperação e transparência" com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A retomada das negociações com essa agência da ONU, interrompidas em maio, está prevista para o dia 27 de setembro em Viena.


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