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Estado de Minas

Líbano reflete conflitos

Instabilidade por causa da guerra civil na vizinha Síria expõe as divisões políticas no país e faz com que grupos rivais adiem eleições pela primeira vez em mais de 20 anos


postado em 22/06/2013 00:12 / atualizado em 22/06/2013 10:21

Gabriela Walker


Brasília – O Exército libanês isolou ontem com cercas de arame farpado a área próxima à sede do Parlamento, em Beirute, para dispersar manifestantes que protestavam contra o adiamento das eleições parlamentares – cerca de 100 pessoas foram presas. A intervenção acompanhou a crescente tensão política no país, contagiado pela guerra civil que se arrasta há dois anos na vizinha Síria. Além dos protestos registrados em diversos pontos da capital, os militares anunciaram ter desativado um foguete que, segundo a imprensa, estaria apontado para o palácio presidencial. Durante a madrugada, um projétil tinha atingido cabos de eletricidade em uma localidade a 17km do Centro de Beirute.

A decisão do Parlamento de prorrogar os mandatos dos atuais deputados foi a primeira do gênero desde o acordo de paz que pôs fim a 15 anos de guerra civil no Líbano, em 1990. A lei que regulamenta as eleições foi objeto de embate entre os dois principais blocos políticos do país, cada qual composto por diversos partidos que representam as diferentes comunidades religiosas e étnicas – um mosaico que guarda semelhanças com as divisões observadas na Síria. "Os grupos têm posturas diferentes em relação à política regional e mundial e em relação ao papel do Líbano nesse contexto", observa Salem Nasser, presidente do Instituto da Cultura Árabe e professor da Fundação Getulio Vargas. Ele aponta o conflito sírio como fator agravante das divisões internas. "De um lado, há o que se chama de ‘eixo da resistência’ a Israel, liderado pelo partido xiita Hezbollah, mas com participação de outros grupos. Do outro lado estão aqueles que são vistos como mais próximos do Ocidente e dos países do Golfo Pérsico."

As eleições, previstas para meados de julho, foram postergadas para novembro de 2014. Como justificativa para a decisão, os parlamentares disseram-se preocupados com a segurança do Líbano, ameaçada pela guerra no país vizinho. Apesar de o governo evitar tomar partido na disputa, multiplicam-se os incidentes de violência sectária. O presidente Michel Suleiman, que constantemente chama atenção para a tensão religiosa, pediu ao Hezbollah que deixe de atuar nos combates na Síria, ao lado das tropas leais ao presidente Bashar al-Assad. Os 15 anos de guerra civil no Líbano, com o Exército na prática dissolvido e substituído por milícias confessionais, deixaram centenas de milhares de mortos.

Síria


O coordenador político da oposição síria, Louai Moqdad, informou ter recebido um carregamento de "armas modernas" que, segundo ele, podem mudar o rumo da batalha. A notícia foi divulgada na véspera da reunião dos Amigos da Síria, em Doha, no Catar. Ministros de Relações Exteriores de 11 países discutirão o futuro da Síria e a organização de uma conferência internacional prevista para o mês que vem em Genebra, com o propósito de promover o diálogo entre os dois lados.

O chanceler francês, Laurent Fabius, disse ser contrário ao envio de armas para os rebeldes e defendeu "uma solução política". "Não está em pauta enviar armas em uma situação sobre a qual não estamos seguros, e isso significa que não vamos entregar armas para que sejam usadas contra nós", afirmou Fabius.

De acordo com Moqdad, os rebeldes esperam a chegada de mais armas nos próximos dias. "Assumimos com os países irmãos e amigos o compromisso de que essas armas serão recolhidas após a queda de Al-Assad", afirmou o dirigente, na tentativa de dissipar o receio de que elas possam cair em poder de grupos extremistas.


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