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Estado de Minas

Guerra religiosa mina a Nigéria

Região Central do país africano é tomada mais uma vez por ferozes conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos


postado em 05/05/2013 00:12 / atualizado em 05/05/2013 09:38

Kano (Nigéria) – Pelo menos 40 pessoas morreram e 30 ficaram feridas em violentos confrontos entre cristãos e muçulmanos no Centro da Nigéria, país atingido regularmente por conflitos religiosos. Os confrontos ocorreram na sexta-feira na localidade de Wukari, a 200 quilômetros de Jalingo, capital do estado de Taraba. Os participantes do cortejo fúnebre de um líder da etnia Jukun, de maioria cristã, atravessaram um bairro muçulmano aos gritos, em um ato considerado ofensivo pelos moradores locais, explicaram testemunhas. “Até o momento, registramos 39 mortos e 30 pessoas gravemente feridas”, declarou um porta-voz da polícia, Joseph Kwaji. De acordo com testemunhas, o número de vítimas pode ser ainda maior. Segundo ele, 40 suspeitos foram detidos. O estado de Taraba é parte do volátil “cinturão médio nigeriano, onde o Sul majoritariamente cristão e o Norte de maioria muçulmana se encontram. Essa área testemunha atos violentos frequentes entre comunidades seminômades pecuaristas, como os fulanis, e povos agricultores assentados, como o jukuns, na disputa de terras. O fato de que os fulanis tendem a ser muçulmanos e outras etnias, incluindo os jukuns, são em grande parte cristãs às vezes dá uma dimensão religiosa ao conflito no “cinturão médio”.

O governo enviou para a cidade tropas do Exército, segundo o porta-voz do estado de Taraba, Emmanuel Bello. O objetivo é garantir que a situação (de segurança), que foi controlada, seja reforçada. Esse novo episódio de violência ocorre duas semanas depois de um massacre em Baga, no Noroeste do país, quando o Exército entrou em confronto com supostos membros do movimento radical islamita Boko Haram, muito ativo no Norte e no Centro do país. A tensão entre as duas comunidades assola Wukari, de maioria cristã, desde fevereiro. A violência teve início depois de uma disputa envolvendo a utilização de um campo de futebol por equipes das duas comunidades. Os confrontos de sexta-feira começaram após o anúncio feito pelo governo do estado da criação de uma comissão para investigar o conflito de fevereiro. Muitos sequestros também são cometidos no contexto da violência religiosa. O ex-ministro do Petróleo da Nigéria Ali Shettima Monguno, de 87 anos, foi sequestrado na sexta-feira por homens armados em frente a uma mesquita na cidade de Maiduguri, de acordo com sua família. Maiduguri, localizada no Nordeste da Nigéria, é o reduto histórico do Boko Haram.

INVESTIGAÇÃO

Neste contexto de violência crescente, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu a abertura de uma investigação do Tribunal Penal Internacional sobre o massacre de Baga. A HRW divulgou imagens de satélite da destruição em massa na região, suspeitando da intenção do Exército nigeriano de tentar mascarar a extensão dos abusos que cometeu. A ONG, que acusa o Exército nigeriano de crimes contra a humanidade em sua repressão contra a insurgência lançada em 2009 pelo Boko Haram, declarou que “os eventos de Baga devem ser adicionados ao inquérito preliminar do procurador” do Tribunal Penal Internacional lançado em 2010.

O Exército nigeriano reconheceu a morte de 37 pessoas, enquanto a Cruz Vermelha indicou um registro de 187 mortos e um senador da região indicou que 228 pessoas perderam a vida. O Exército nega as acusações da HRW. A organização estima em 3,6 mil o número de pessoas mortas pelo Boko Haram e pelas forças de segurança desde 2009. No início da semana passada, o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, declarou que seu país atravessa atualmente um “período difícil” em termos de segurança. A Nigéria é a maior produtora de petróleo da África e o país mais populoso do continente, com estimados 170 milhões de habitantes. A maioria vive em áreas rurais pobres e dispõe de poucos meios formais para arbitrar suas disputas.


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