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Estado de Minas

Terror eleitoral

Assassinato de procurador que investigava morte da ex-premiê Benazir Bhutto e série de atentados colocam país na incerteza


postado em 04/05/2013 00:12 / atualizado em 04/05/2013 08:54

Islamabad – Na contagem regressiva para as eleições gerais de 11 de maio, a instabilidade política e social aumenta em todo o Paquistão. Nos últimos dias, diversas cidades foram alvo de explosões e mais de 60 pessoas morreram em atentados. Ontem, o procurador federal Chaudhry Zulfikar, responsável pela investigação do assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, em 2007, foi morto a tiros quando se dirigia ao Tribunal Antiterrorista de Rawalpindi, perto de Islamabad, capital do país. Um candidato do Partido Nacional Awami (ANP, uma força considerada laica), Sadiq Zaman Khatak, foi morto com o filho de 3 anos. O principal organismo eleitoral do Paquistão anunciou anteontem que ao menos 600 mil agentes farão a segurança no próximo fim de semana, durante a votação, para tentar evitar novos atentados de grupos fundamentalistas islâmicos, como o Talibã.

 Ao ser informado do assassinato do procurador, o presidente Asif Ali Zardari, viúvo de Benazir, condenou o ato de violência e ordenou a abertura de investigação para determinar os culpados e as motivações do crime. Zulfikar dirigia o próprio carro, de acordo com informações policiais, e foi encurralado por uma moto e um táxi com homens armados. O agente federal foi atingido por 12 balas e morreu a caminho do hospital. Um guarda-costas foi levemente ferido e uma mulher morreu atropelada pelo veículo, que saiu de controle. A polícia não conseguiu encontrar os assassinos, que fugiram sem ser reconhecidos.

 Até a noite de ontem, nenhuma organização tinha assumido o ataque, mas restavam poucas dúvidas sobre a relação do crime com as investigações chefiadas por Zulfikar. No dia 30, ao sair de uma audiência sobre o caso de Benazir, o procurador afirmou à imprensa ter "provas sólidas" de que o ex-presidente Pervez Musharraf estava ligado ao ataque de 2007. Musharraf responde a diversas acusações na Justiça e é considerado ao menos omisso na proteção a Benazir. Um relatório das Nações Unidas, de 2010, afirma que Musharraf poderia ter evitado o ataque suicida que matou a ex-premiê, baleada durante um comício em Rawalpindi, a mesma cidade onde Zulfikar foi assassinado.

 Na época do atentado, Benazir havia retornado ao Paquistão fazia pouco tempo, depois de um período de exílio para fugir de denúncias de corrupção. O próprio Musharraf optou por se exilar, em Dubai e Londres, por quatro anos, em consequência de seu pedido de renúncia à Presidência, em agosto de 2008, quando abriu mão do cargo para evitar um processo de impeachment.

 MILITARES Desde março no Paquistão, Musharraf tentou se reintegrar à política local e pretendia disputar as próximas eleições. Na posição de ex-chefe das Forças Armadas, ele tem apoio maciço dos militares. Depois de deixar a corte em que era julgado, a Justiça declarou Musharraf inelegível pelo resto da vida e ordenou que fique em prisão domiciliar até 14 de maio para não intervir nas eleições.

 Chaudhry Zulfikar também apurava as circunstâncias em que ocorreu o atentado de 2008 a Mumbai, quando mais de 160 pessoas foram mortas no país vizinho. Sete militantes do Lashkar-e-Taiba, organização fundamentalista ligada ao Talibã, estão presos desde 2009, incluindo o líder do grupo, Zaki ur-Rehman Lakhvi, suspeitos de envolvimento no ataque. O procurador participaria de uma sessão relacionada ao caso no próximo sábado.

 A fronteira entre Paquistão e o Afeganistão é o berço do movimento Talibã, que desde a década de 1980 abriga insurgentes armados e treinados. Engajados na luta contra a influência estrangeira e, especialmente, ocidental, os militantes foram responsáveis por diversos atentados contra políticos de partidos laicos nos últimos meses.

 O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou ontem o novo representante oficial do país para o Paquistão e o Afeganistão. James F. Dobbins é um experiente embaixador, serviu como enviado especial para o Afeganistão durante o governo de George W. Bush e representou os EUA na Conferência de Bonn, que teve a primeira reunião em 2001, e discutiu o fututo afegão na era pós-Talibã. Kerry ressaltou que ambos os países passam por um "momento decisivo”, destacando que as eleições no Paquistão marcam uma transição "histórica e democrática".


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