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Estado de Minas

Colorado volta ao poder no Paraguai

Partido que comandou o país por 60 anos vence eleição com Horacio Cartes, um milionário considerado novato na política


postado em 22/04/2013 00:12 / atualizado em 22/04/2013 07:52

Cartes disse, em campanha, que se eleito tentaria por ordem no país e dar um fim à corrupção(foto: AFP PHOTO/Pablo PORCIUNCULA )
Cartes disse, em campanha, que se eleito tentaria por ordem no país e dar um fim à corrupção (foto: AFP PHOTO/Pablo PORCIUNCULA )

Assunção –
O multimilionário Horacio Cortes, candidato do Partido Colorado, foi eleito o novo presidente do Paraguai. Com 50% das urnas apuradas até às 21h20, o empresário conservador aparecia com 45,9% dos votos, contra 36,8% do liberal Efraín Alegre, apoiado pelo atual presidente do país, que reconheceu a derrota no início da noite. Não há segundo turno no país. A participação foi de 66,8%, índice um pouco mais alto que na eleição de 2008.

Desde as 17h (18h de Brasília), quando pesquisas de boca de urna apontavam uma vantagem de mais de 14 pontos percentuais para Cartes, colorados já tomavam as ruas da capital, Assunção, buzinando e soltando fogos.

A tranquilidade da eleição só foi quebrada por uma declaração do vice-presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Juan Manuel Morales, que “‘antecipou” a vitória colorada. Faltando mais de cinco horas para o fechamento das urnas, ele afirmou que os resultados já apontavam um vencedor, e que a tendência era “irreversível”. O presidente do TSJE, Alberto Zambonini, logo desautorizou as declarações, mas para tentar justificar o escândalo gerado pelo colega, acabou dando uma declaração infeliz: “O ministro Morales já é um homem de idade... e com isso digo tudo.”

Os resultados preliminares das eleições são divulgados com a apuração de cerca de 90% das atas elaboradas em mais de 17 mil postos eleitorais pelo Superior Tribunal de Justiça Eleitoral do país, mas os dados definitivos só serão divulgados no final de maio. O patamar de 66% de votação superou os 65% obtidos nas eleições de 2008, que elegeram Fernando Lugo como presidente, rompendo uma sequência de mandatos do tradicional Partido Colorado.

Além do chefe de Estado, as eleições definiram o vice-presidente, 45 senadores, 80 deputados, 18 parlamentares do Mercosul e 17 governadores departamentais para um período de governo de cinco anos. O voto no Paraguai é obrigatório e não há segundo turno. Esta é a primeira vez que 20 mil paraguaios que moram nos Estados Unidos, na Espanha e na Argentina foram autorizados a votar. O novo presidente eleito, que substituirá Federico Franco, do PLRA, assumirá o cargo em 15 de agosto. Os paraguaios decidiram pelo retorno do partido conservador Colorado ao governo, ocupado por ele durante seis décadas, quando uma coalizão de centro-esquerda liderada pelo ex-bispo católico Fernando Lugo o derrotou em uma alternância histórica no Paraguai. Lugo deveria deixar a presidência em 15 de agosto, mas foi destituído por um impeachment deixando o governo nas mãos do seu vice, o líder do Partido Liberal, Federico Franco, e o país isolado em termos diplomáticos até a eleição.

PERFIL Horacio Cartes, de 56 anos, é considerado novato na política, por ter se filiado ao Partido Colorado há quatro anos. A partir daí, conquistou rapidamente o apoio dos principais líderes para modificar os estatutos que impediam sua candidatura e se converteu em presidenciável em poucos meses. Sua chegada à legenda direitista não impediu os membros de protestarem contra a origem de sua fortuna, vinculada a denúncias de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. No entanto, ele nunca foi condenado por crimes e nega as acusações. Considerado ambicioso, devido ao grande aparato de campanha, o empresário é dono de uma das maiores fortunas do país. Seus negócios são diversificados e passam pelo setor financeiro, de tabaco e de exportação de carne bovina. É presidente do time de futebol Club Libertad.

Em campanha, Cartes prometeu derrubar velhos vícios da política local, como a corrupção. Na sexta-feira, o jornal americano The New York Times citou uma entrevista do candidato a uma rádio na qual comparou gays a macacos e disse que "atiraria" em seus "próprios testículos" caso descobrisse que seu filho é homossexual.

Nascido em Assunção em 5 de julho de 1956, é separado e pai de um rapaz e duas mulheres. Estudou um período nos Estados Unidos e começou a carreira no mundo empresarial aos 19 anos.

MERCOSUL Suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) após o impeachment do presidente Fernando Lugo, em junho de 2012, a reincorporação do Paraguai aos blocos ficou condicionada à normalização institucional, segundo os líderes regionais, que não consideram legítimo o atual presidente, Federico Franco. Para que o status de Assunção no Mercosul volte ao normal, no segundo semestre, é preciso que observadores internacionais no país certifiquem que a votação de ontem foi limpa. Uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgada há duas semanas concluiu que um em cada quatro eleitores paraguaios foi transportado até centros de votação pelos chamados "operadores" dos partidos. Esses funcionários também compram votos de comunidades inteiras, sobretudo em regiões mais pobres, negociando com líderes locais. A Igreja paraguaia lançou um apelo aos fiéis, na semana passada, dizendo que vender votos é “pecado”.


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