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Estado de Minas

Israel se desculpa e se reconcilia com Turquia

Depois da mediação de Barack Obama, premiê Benjamin Netanyahu revê o ataque à flotilha humanitária, em 2010


postado em 23/03/2013 06:00 / atualizado em 23/03/2013 10:05

Brasília – No último dia de visitas ao Oriente Médio, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promoveu um gesto de reconciliação entre Israel e Turquia, parceiros estratégicos da região. Ontem, a Casa Branca anunciou que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu desculpas ao colega Recep Tayyip Erdogan pela morte de nove turcos que transportavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza, em 2010. O evento abalou as relações entre os dois países. "Estou esperançoso de que a troca de hoje (ontem) entre os dois líderes lhes permitirá participar de uma cooperação mais profunda sobre esta e uma série de outros desafios e oportunidades", declarou Obama, em comunicado.


O governo israelense confirmou o pedido de desculpas e prometeu pagar indenizações à Turquia. Netanyahu e Erdogan conversaram ao telefone por 30 minutos, segundo informações da agência Reuters, e concordaram em retomar as relações, incluindo as diplomáticas. "À luz da investigação sobre o incidente, que apontava para uma série de erros operacionais, o primeiro-ministro manifestou pedido de desculpas de Israel ao povo turco por quaisquer erros que possam ter levado à perda de vidas ou a ferimentos", afirmava um texto divulgado pelo gabinete de Netanyahu.


De acordo com o jornal israelense Haaretz, Obama debateu o assunto com o líder israelense na noite de quarta-feira. O presidente teria "cobrado para que o governo de Israel trabalhasse na normalização dos laços" com a Turquia, revelou à publicação uma autoridade norte-americana, sob condição de anonimato. Para Harold Waller, pesquisador do Departamento de Ciência Política da McGill University, no Canadá, Erdogan é considerado aliado chave de Obama do mundo islâmico. Por sua vez, Washington vê a cooperação entre Turquia e Israel, em uma região cercada por conflitos, como algo positivo.


O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, disse ontem que, depois do pedido de desculpas, a Turquia tem “demandas fundamentais” para tratar com Israel. Waller não acredita que o pedido de desculpas seja suficiente para restaurar as relações entre as duas nações. "Não estou otimista. Afinal, Erdogan chegou a denunciar o sionismo como um crime contra a humanidade. Eu acho que o caso Israel e Turquia é especial e, mesmo com a reaproximação, é difícil que haja implicações para outras disputas na região”, declarou Waller.

SIMBOLISMO Antes de partir rumo à Jordânia, Obama encerrou a passagem por Israel com visitas simbólicas a cidades consideradas santas. Em Jerusalém, o presidente visitou o Monte Herzl, onde está enterrado o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, assassinado em 1995. Em seguida, ele partiu para o Memorial do Holocausto Yad Vashem e disse que Israel não existe por causa do genocídio de judeus. "O Estado de Israel não foi criado devido ao Holocausto", afirmou. A declaração foi considerada uma retratação do discurso de 2009, no Cairo, quando Obama disse que a legitimidade de Israel seria justificada pelo extermínio dos judeus. O mandatário – que deixou pedras nos túmulos de Theodor Herzl, pai do sionismo, e de Rabin – admitiu que o crime nunca mais voltará a se repetir devido à força da existência do Estado hebraico.


Em um almoço com Netanyahu, o líder norte-americano e Nobel da Paz abordou "uma série de desafios à segurança nacional e ao processo de paz com os palestinos", segundo informações de um membro da delegação israelense. Em seguida, visitou a Basílica da Natividade, em Belém (Cisjordânia) – o local do nascimento de Jesus, de acordo com a tradição cristã. Na ocasião, foi recebido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, MahmOud Abbas. "Ao encontrar o líder palestino, Obama envia uma mensagem clara de que Israel e Palestina são igualmente importantes para qualquer solução entre os dois", observa Jim Moore, cientista político da Universidade Pacific, em Oregon (EUA).


Harold Waller, da McGill University, crê que os EUA são “o único mediador de potencial”. No entanto, ele ressalta que os americanos não podem criar um acordo por conta própria. Palestinos e israelenses precisam estar dispostos a resolver o conflito. “Os EUA podem ajudá-los a concluir um acordo. Não há outra potência que tenha credibilidade com Israel, e a Autoridade Nacional Palestina não teria outra escolha a não ser aceitar a ajuda americana”, diz Waller.


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