(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Transição em marcha

Cardeal decano convoca 207 cardeais para reuniões preparatórias da eleição do papa


postado em 02/03/2013 00:12 / atualizado em 02/03/2013 08:01

Rodrigo Craveiro


Brasília
– Antes mesmo do encontro preparatório dos 207 cardeais para o conclave, começaram nos bastidores as manobras para indicar os possíveis papabili – termo usado pelos vaticanistas para designar os favoritos à sucessão ao trono de São Pedro. De acordo com o jornal italiano La Stampa, alguns dos cardeais já mantiveram reuniões secretas, durante as quais articularam a candidatura do brasileiro dom Odilo Scherer. Aos 63 anos, o arcebispo de São Paulo é estimado por Tarcisio Bertone, secretário de Estado da Santa Sé. "Sólido na doutrina, (Scherer) se familiariza com questões financeiras, e é um dos cinco cardeais que supervisionam as atividades do IOR, o banco do Vaticano", afirma o La Stampa. A reportagem apurou que o nome de Scherer conta com o apoio do cardeal italiano Giovanni Batista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

Na manhã de ontem, Angelo Sodano, decano do Colégio Cardinalício, enviou uma mensagem de convocação a todos os cardeais – dos 207, apenas 115 terão o poder do voto durante o conclave. "Senhor cardeal, em analogia ao que é exigido pela Constituição Apostólica Universi dominici gregis, de 26 de fevereiro de 1996, número 19, para o caso de morte do Sumo Pontífice, cumpro o dever de comunicar oficialmente à Vossa Eminência a notícia da vacância da Sede Apostólica pela renúncia apresentada pelo papa Bento XVI, efetivada na noite passada, 28 de fevereiro, às 20h de Roma. Ao comunicar-lhe o exposto, cumpro com o dever de convocar Vossa Eminência para a primeira Congregação Geral do Colégio Cardinalício, a ser realizada na segunda-feira, 4 de março, às 9h30 (5h em Brasília), na Aula Paulo VI, Sala do Sínodo dos Bispos", afirma a carta, que inicia oficialmente a transição na Igreja Católica. Além do encontro pela manhã, uma segunda reunião foi marcada para as 17h.

A data do conclave será decidida tão logo todos os convocados estejam em Roma. A imprensa italiana especula também que a eleição papal começará em 11 de março. "É quase impossível que os cardeais decidam a data do conclave já na segunda-feira", admitiu ontem o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé. Nos bastidores, existiria o desejo de que o próximo papa inclua em seu discurso inaugural a necessidade de preservar a vitaliciedade do cargo. Segundo essa linha de pensamento, um pontífice deveria governar a Igreja por toda a vida.

O italiano Marco Tosatti, vaticanista do La Stampa, afirmou que, durante a Congregação Geral, os cardeais costumam opinar sobre a situação da Igreja e do mundo. "Eles oferecem aos colegas suas ideias e expressam sua visão sobre as prioridades da Igreja. Ao escutarem uns aos outros, fazem um processo de reflexão e começam a formar uma base comum", comentou. "Depois de chegarem a um acordo sobre essas prioridades, buscam identificar o homem, entre eles próprios, capaz de receber o desafio." Com a Sede Vacante, Tosatti diz que o círculo formado por Bertone e outros três eleitores escolhidos por ele terá a missão de manejar os assuntos atuais da Igreja, destituída temporariamente de um papa e de um governo. "Eles têm que se colocar na posição de cabeças da Igreja", observa.

Também italiano, Alberto Melloni – historiador da Universidade de Modena/Reggio e autor de Como se elege um papa – explica que dois tópicos já foram inclusos pela Santa Sé na pauta das reuniões: o panorama diplomático do Vaticano e sua situação financeira. "Dois sermões são planejados, e os cardeais têm que decidir quem fará a pregação. Provavelmente, eles debaterão a reação à desordem no Vaticano. É um momento crucial para entender os fiéis", declarou à reportagem por e-mail. "Os cardeais são e precisam ser livres em suas decisões." Melloni vê o brasileiro Odilo Scherer com boas chances. "Ele é bem conhecido na Cúria Romana e muitos o consideram um bom candidato", disse.

Segundo o padre e teólogo norte-americano Joseph Fessio, ex-aluno de doutorado de Bento XVI, os cardeais seguem à risca um protocolo, durante a Congregação Geral. "Certamente, entre as sessões formais, eles estarão trocando ideias sobre que tipos de qualificação o próximo papa deverá ter, e também sobre quais deles seriam os mais qualificados." Fessio lembrou que, segundo o direito canônico, a eleição por "aclamação" de um novo papa não é permitida. "Haverá uma votação secreta, com cada um dos cardeais depositando sua cédula na urna."

Os sites de apostas apontam o cardeal ganense Peter Turkson, de 64 anos, como o favorito a suceder Bento XVI. O africano lidera com folga na casa de jogos irlandesa Paddypower.com, cotado em 5 para 2 — para cada 3 euros apostados em Turkson, o "jogador" ganha 5. Em segundo lugar, aparece o italiano Angelo Scola, 71 anos, arcebispo de Milão com 11/4. O nome de Odilo Scherer é o 11º mais apostado, com 25/1. No site William Hill, de Gibraltar, Turkson também surge com 5/2. Sua escolha seria o reflexo da emergência do catolicismo na África.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)