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Estado de Minas

Quem conduzirá a Igreja?


postado em 02/03/2013 00:12 / atualizado em 02/03/2013 08:00

Brasília – Entre os 115 cardeais que escolherão o próximo papa, um deles será o eleito por dois terços dos votos dos demais. No conclave, que ainda não tem data certa – apesar dos rumores de que deve começar na segunda-feira, dia 11 – eles farão a escolha em um momento difícil da Igreja Católica e terão um caminho árduo para comandar a maior instituição religiosa do mundo. Especialistas consultados pelo Estado de Minas opinaram sobre os principais candidatos ao trono de São Pedro, mas destacaram o caráter quase sempre surpreendente do conclave.

Professor de história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), Virgílio Arraes acredita que o sucessor de Joseph Ratzinger será um papa moderado, que cumprirá um papel de transição, o qual Bento XVI não conseguiu concluir. "Será um conclave praticamente inédito, o primeiro em 600 anos com um papa vivo e o primeiro em que o próprio pontífice comandará sua sucessão", lembra, ressalvando que Bento XVI deixou claro que ficará distante da decisão. "A princípio, será um processo rápido. Bento XVI teve tempo de articular dois ou três nomes para ser o próximo pontífice."

Para Arraes, o conclave, que pode começar em 11 de março, "não será um mistério divino, mas um processo político enigmático", marcado pelo sigilo. "Blocos devem tentar se compor dentro da eleição. É possível que o novo papa saia do bloco de 25 cardeais italianos, caso haja consenso entre eles", declarou o historiador da UnB, que desenvolveu sua tese de doutorado sobre o Vaticano na Guerra Fria. O professor vê nos cardeais norte-americanos uma forte capacidade de influenciar na escolha. Ele cita também os alemães, os espanhóis, os franceses e os brasileiros como atores importantes no conclave. "Entre os brasileiros, dom Odilo Scherer (arcebispo de São Paulo) teria uma chance maior, por representar a diocese mais importante da América Latina. Ele faz parte do grupo que trata da renovação da evangelização, além de ser moderadamente conservador e ligado à carreira acadêmica da Igreja", disse. Também são citados por analistas dom Cláudio Hummes e dom João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília.

Os candidatos italianos não empolgam o conterrâneo Ariel Levi di Gualdo, um padre e teólogo que escreveu um livro sobre o lobby gay no Vaticano. "Honestamente, não acho que um cardeal italiano seja eleito. Não vejo uma grande personalidade, ainda que o nome de um deles (Angelo Scola, arcebispo de Milão) tenha sido fabricado pela mídia estrangeira", opinou. "O conclave vai eleger um homem que ninguém espera." Di Gualdo revela que, se fosse cardeal, votaria no argentino Jorge Mário Bergoglio, por uma questão de "geopolítica católica". "A Igreja Católica na Europa está morrendo. Na América Latina, grandes pulmões fazem o corpo da Igreja universal respirar, enquanto na Alemanha, na Holanda, na Suíça e na Áustria, tumores tomaram conta do corpo dela", sustenta. Ele acusa os bispos e cardeais desses países de fracassarem em deter a "descristianização" da Europa.

O monsenhor Charles Hilken, autor de São Pedro e o Vaticano: o legado dos papas, aponta três cardeais como os principais papabili. "Bento XVI assinalou seu respeito pelo italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, ao pedir-lhe que pregasse o retiro quaresmal da Casa Papal", lembra. "Marc Ouellet (Canadá) e Peter Turkson (Gana) são mais jovens e têm a capacidade de atrair fiéis de fora da Europa. Mas vale o velho ditado: ‘Aquele que entra no conclave como papa sai como cardeal’". O padre jesuíta norte-americano Thomas J. Reese, autor de O Vaticano por dentro: a política e a organização da Igreja Católica, conta que o último conclave que durou mais de cinco dias ocorreu em 1831. "Quanto mais tempo durarem as discussões informais entre os cardeais, antes do conclave, maior será a probabilidade de um consenso rápido durante a eleição. Por outro lado, se os principais candidatos não obtiverem dois terços dos votos, precisarão achar um candidato de compromisso, o que poderia levar algum tempo." (RC)


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