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Estado de Minas

Funcionários de bancos espanhóis protestam contra supressão de milhares de empregos


postado em 09/01/2013 17:10 / atualizado em 09/01/2013 17:58

(foto: DOMINIQUE FAGET / AFP)
(foto: DOMINIQUE FAGET / AFP)

Denunciar a gestão dos bancos espanhóis, afundados em uma reestruturação que levará à supressão de milhares de empregos era o objetivo de vários protestos de trabalhadores do setor nesta quarta-feira em Madri e outras cidades da Espanha.

"Mais de 30 mil postos de trabalho deixaram de existir desde 2008 e todas as projeções nos leva a pensar que outros 20.000 desaparecerão nos próximos cinco anos", afirmou a União Geral de Trabalhadores (UGT), um dos principais sindicatos do país que promoveu a manifestação.

Segundo o Banco da Espanha, o setor bancário, considerado grande demais em relação ao tamanho do país, perdeu mais de 28.000 empregos entre 2008 e 2011, passando de 270.855 trabalhadores a 243.041. O número de agências bancárias passou de 45.662 a 39.843.

Esta supressão de postos agrava o desemprego que já atinge um em cada quatro trabalhadores e a metade dos jovens na Espanha.

A manifestação convocada para a tarde diante do Banco da Espanha em Madri deve reunir trabalhadores de todo o setor bancário. Enquanto isso funcionários do Bankia protestavam em Barcelona, Valência, Ávila, Las Palmas de Gran Canaria ou Segóvia.

A maior união de bancos de poupança do país e quarto banco espanhol em número de ativos, o Bankia, se tranformou no símbolo dos excessos bancários da bolha imobiliária espanhola, em uma época de crédito abundante.

Seu pedido de ajuda ao Estado espanhol em maio precipitou o realizado por Madri de à Europa de até 100 bilhões de euros para o setor bancário. Trinta e sete bilhões já foram transferidos, 18 bilhões apenas para o Bankia.

A entidade, que conta com 7,5 milhões de clientes, previa apresentar nesta quarta-feira aos sindicatos os sacrifícios ligados a sua reestruturação: até 2015 deverá suprimir quase 6.000 empregos, ou seja, 28% de seus efetivos, passando de 20.589 trabalhadores a cerca de 14.500.

Para conseguir isso, deverá fechar também mais de um terço (39%) de suas sucursais.

O Santander, primeiro banco da zona do euro por capitalização, deve aprovar nesta quarta-feira a incorporação de suas filiais Banesto e Banif, que levará à supressão de 3.000 empregos, segundo fontes sindicais.

O Santander se limitou, no momento, a anunciar o fechamento de 700 sucursais, das 4.664 que possuem no total as três entidades na Espanha.

A sangria afetará também a Banco de Valencia, que acaba de anunciar a supressão de 890 empregos, Novagalicia (até 2.500), BBVA (mais de 1.000, segundo a imprensa) e Ibercaja-Caja3 (quase 600).

A carteira de ativos tóxicos

Abalado pelo estouro da bolha imobiliária em 2008, o setor financeiro da quarta economia da zona do euro não conseguiu se recuperar e alguns bancos carregam uma pesada carteira de ativos tóxicos.

Cerca de 36 bilhões de euros desses ativos já foram transferidos ao Sareb, o "banco podre" espanhol imposto por Bruxelas.

Os funcionários denunciam uma gestão catastrófica do setor, que agora está sendo castigado.

"Consideramos inaceitável que quem abusou de seus postos na diretoria das entidades financeiras que sofreram intervenção do estado, como o senhor Rato (ex-presidente do Bankia), entre outros, fiquem livres sendo responsáveis por levar milhares de famílias espanholas à ruína", afirmou o sindicato UGT.

Rodrigo Rato, ex-diretor gerente do FMI e ex-ministro da Economia, está sendo julgado, junto a outros ex-diretores do Bankia, por crimes de "fraude", "apropriação indébita" e "tramar para alterar o preço das coisas" diante da queda do valor da entidade.

Muito criticado por não ter evitado o fiasco bancário, o Banco da Espanha acaba de admitir "deficiências" no trabalho de seus fiscais e propôs reforçar seu poder de supervisão nas entidades espanholas em um relatório publicado na terça-feira.

O banco negou, contudo, as informações publicadas pelo jornal El País que citavam um relatório de fiscais do banco central espanhol segundo o qual o Banco da Espanha ignorou "indícios de crime".

O procurador-geral do Estado, Eduardo Torres-Dulce, anunciou nesta quarta-feira que pedirá informação do Banco da Espanha "para ratificar essa informação jornalística porque, evidentemente, afeta de forma grave a credibilidade das instituições".

Várias associações denunciam fraudes maciças de bancos que venderam produtos tóxicos a seus clientes, como as chamadas "participações preferenciais" que deixaram milhares de pessoas sem suas economias, a maioria delas aposentados.


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