"Ela morreu durante a noite, durante o sono", disse à AFP Marieke Verharen, da agência Features Creative Management, que representava a atriz, de 60 anos. Verharen afirmou que Kristel faleceu em consequência de um câncer.
A atriz sofreu um derrame no início de julho e foi hospitalizada em Amsterdã. A agência não informou se a atriz faleceu em casa ou no hospital. Kristel foi atendida por um câncer na garganta e foi submetida a um tratamento contra metástase no fígado.
Nascida em Utrecht em 28 de setembro de 1952, Kristel foi enviada pelos pais a um internato religioso aos 11 anos, onde foi considerada uma aluna superdotada. Anos depois, no entanto, decidiu iniciar uma carreira de modelo e venceu o concurso Miss TV Europa de 1973.
Com o cabelo curto, cara de menina e silhueta perfeita, foi escolhida para o papel principal de "Emmanuelle", do diretor Just Jaeckin, que virou um sucesso mundial de bilheteria. Quando protagonizou o filme, Kristel tinha apenas 22 anos.
Por obrigações contratuais, Kristel participou em papéis mais ou menos importantes em várias sequências de "Emmanuelle", como "Emmanuelle 2" (1975), "Adeus, Emmanuelle" (1977) e "Emmanuelle 4" (1984).
Apesar das tentativas de se afastar do cinema erótico para trabalhar com nomes importantes do cinema francês, sua imagem ficou marcada pela personagem que a tornou famosa.
A partir da década de 1990 a carreira entrou em declínio, incluindo problemas com álcool e drogas. Os boatos eram de que aceitou fazer alguns filmes nos anos 1980 para financiar a dependência da cocaína.
Kristel participou em vários filmes holandeses, mas como revelou em sua autobiografia "Nue" ("Nua", publicada em 2006), teve muitos problemas financeiros e de saúde, além de ter passado por três divórcios. "Eu encaro mal a nudez, muito pudica", escreveu.
Ícone erótico
Kristel, a atriz holandesa de maior fama no panorama do cinema internacional até hoje, ficou conhecida e acabou eternamente marcada por seu primeiro filme, "Emmanuelle", de 1974. O longa-metragem, dirigido por Just Jaeckin, é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Emmanuelle Arsan.
O filme, um grande sucesso internacional, do Japão aos Estados Unidos, conta as aventuras sexuais de uma jovem na Ásia. O sucesso foi tamanho que permaneceu 13 anos em cartaz em uma sala do centro de Paris.
De acordo com o cineasta, Kristel nunca aprendeu a viver com a fama e virou prisioneira das fantasias e dos desejos das quase 350 milhões de pessoas que assistiram o filme nos primeiros anos após o lançamento.
O diretor Just Jaeckin, falando à AFP por telefone, prestou uma homenagem a sua musa, a quem classificou de "mulher maravilhosa", que foi suplantada pelo sucesso de seu filme.
"Infelizmente, eu estava esperando por isso, mas também estou aliviado porque ela não tem mais que sofrer", declarou, insistindo que "Sylvia era uma mulher maravilhosa, muito pura, muito ingênua: a força de Emmanuelle foi muito difícil para ela".
Na última década de sua vida, no entanto, Kristel conseguiu consolidar o prestígio em outra área de atuação, com suas pinturas e desenho.
A atriz teve um filho, Arthur, nascido em 1975, com o belga Hugo Claus. Em uma entrevista ao jornal holandês De Volkskrant, em 2005, ela declarou: "Quando eu penso sobre o fim da minha vida, eu penso principalmente: não deixei de fazer nada, mas poderia ter feito mais".