A questão do combate ao terrorismo ainda não faz parte do passado no Peru, disse nesta quarta-feira o presidente Ollanta Humala, em ocasião dos 20 anos da prisão de Abimael Guzmán, líder da guerrilha maoísta Sendero Luminoso, que, segundo o mandatário, busca uma segunda guerra.
"A luta contra o terrorismo ainda não pertence ao passado... Não podemos afirmar que o terrorismo acabou", disse Humala em uma entrevista coletiva à imprensa estrangeira em Lima.
O presidente disse que o Estado peruano "pecou pela ingenuidade" ao permitir que muitos ex-membros da guerrilha maoísta do Sendero Luminoso tenham hoje liberdade de ação. "Deixam a prisão sem arrependimento e querem travar a segunda guerra, mais organizados, mais estruturados, infiltrando-se em sindicatos e em organizações", ressaltou.
Nesse sentido, ele afirmou que hoje existem no Peru "organizações ligadas ao terrorismo, como a Movadef -grupo considerado o braço político do Sendero Luminoso- e dirigentes da Conade (Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos no Peru)", que têm forte influência em alguns setores sociais.
"É um erro que vem cometendo o Estado, dormir com os louros de capturas importantes (de líderes do Sendero Luminoso) e não combater o restante da organização por meio de uma política de presença do Estado (...) com delegacias, escolas, centros de saúde e estradas" em áreas periféricas do país.
Abimael Guzmán, de 77 anos, foi capturado por uma unidade de inteligência policial, em 12 de setembro de 1992, em uma casa de Lima e está preso em uma prisão militar de segurança máxima.
Guzmán liderou com mão de ferro o Sendero, uma das guerrilhas mais sangrentas da América Latina, que desencadeou um conflito interno que deixou cerca de 70.000 mortos entre 1980 e 2000 no Peru, segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação.