Forças etíopes invadiram nesta quinta-feira a Eritreia e conduziram o que um porta-voz do governo da Etiópia, Shimeles Kemal, disse ter sido um "ataque de sucesso" contra postos militares eritreus. Kemal disse que a Etiópia iniciou as hostilidades porque a Eritreia está treinando "grupos subversivos" que conduzem ataques em território etíope. A Etiópia e a Eritreia travam uma guerra de fronteiras entre 1998 e 2000. As tensões voltaram a crescer entre os dois países da África Oriental nos últimos meses.
"as medidas de hoje não constituem uma confrontação militar direta entre os dois países. A força de defesa etíope entrou na Eritreia e lançou um ataque de sucesso contra postos militares que eles usam para organizar,m treinar e financiar os grupos subversivos", disse o porta-voz etíope. Shimeles disse que é improvável que a Eritreia lance um contra-ataque porque "não está em uma situação que permita isso".
O embaixador da Eritreia na União Africana (UA), cuja sede fica capital etíope, Adis-Abeba, não respondeu às chamadas. Rashid Abdi, um analista regional que já trabalhou para o Grupo Internacional de Crises, disse que o ataque etíope representa "notícias bem ruins" que afetarão o conflito na Somália, onde tropas etíopes lutam contra militantes da rede extremista al-Shabab. Ele disse que o conflito entre a Etiópia e a Eritreia poderá crescer e virar uma nova guerra se a União Europeia ou os Estados Unidos não intervirem.
"Mesmo se a Eritreia não lançar um contra-ataque em retaliação, ela tentará prejudicar a Etiópia ao rearmar a al-Shabab na Somália", ele disse. "E mesmo co ma Etiópia sendo um poder militar na África Oriental, ela não conseguirá lutar duas guerras ao mesmo tempo", disse Abdi.
A última guerra de fronteiras entre Eritreia e Etiópia, no final dos anos 1990, deixou 80 mil mortos. Vários sinais indicam uma crescente tensão no local.
O primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, disse ao Parlamento em abril que seu governo apoiaria ativamente grupos da oposição na Eritreia para tentar derrubar o regime do país vizinho. A Etiópia também culpa a Eritreia por ter maquinado vários ataques a bomba em Adis-Abeba em janeiro de 2011, durante a cúpula da União Africana.
A Eritreia não recebe auxílio estrangeiro e está sob várias sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) por violações contra os direitos humanos. Relatório da ONU afirmam que o país apoia a Al-Shabab, que possui ligações com a Al-Qaeda. A Eritreia nega as acusações.