Em 12 de agosto de 1983, o Colégio Santo Antônio deu à sua biblioteca o nome de um professor muito querido pela comunidade escolar. Integrante da primeira turma docente do colégio, Mauro Vilella faleceu em 1995. Duas décadas depois, o exemplo de amor ao ofício do mestre, escritor, tradutor, compositor e poeta continua a inspirar os alunos.
Em uma verdadeira celebração aos livros, a Semana Mauro Vilella é realizada no Santo Antônio desde 2011, tradicionalmente no mês de agosto. Tem como objetivos incentivar o gosto pela leitura e promover o conhecimento. A programação é variada: bate-papo com autores, exposições de trabalhos, “contação” de histórias, apresentações musicais, intervenções artísticas, jograis e feira de livros.
Cada aluno tem a sua atividade preferida no evento. Marcus Vinícius Amaral, de 7 anos, está no 2º ano do ensino fundamental e gosta de ouvir uma boa história. “O que mais gostei foi a contação da história de um cachorro vira-lata”. Já Gabriel Rabelo, de 10, do 4º ano, destaca o bate-papo com o autor Leo Cunha. “Achei interessante o que ele contou sobre os diziolis (balas). Sabe o que é? É um doce cremoso de amendoim, que, hoje, a gente chama de ‘dadinho’.”
A história a que Gabriel se refere está no livro Conversa para boy dormir (Editora Dimensão) e conta como uma professora mostrou o que é distribuição de renda a uma classe. “Ela pegou uma caixa de diziolis e foi dando uma quantidade diferente pra cada um”, reconta Gabriel. Quando chegou ao fim da chamada, ainda tinha metade da caixinha, e a professora deu tudo para o último nome da lista. “Os outros acharam aquilo uma injustiça, e a professora falou: ‘Pois é! A distribuição de renda no Brasil é assim’.”
Cordel
Aluna do 5º ano, Raquel Brasil, de 10, ficou empolgada com a conversa que Simone de Pádua Thomaz teve com a turma. Professora de física do ensino médio e coordenadora de ciências do ensino fundamental 1, Simone apresentou aos alunos o livro paradidático que está lançando. Publicada pela Editora Lê, a obra Cordel da terra e do céu usa textos e ilustrações para mostrar, ao longo da história, como os povos imaginaram a forma do planeta, começando pelos fenícios, até chegar à visão dos astronautas.
“A Simone escreveu a história em versos de cordel e ensinou pra gente”, conta Raquel. Os alunos do 5º ano gostaram tanto da ideia que alguns realizaram “assaltos literários”: de repente, interrompiam a aula de uma turma declamando versos em cordel e, depois, partiam para a sala seguinte.
Também do 5º ano, Nicole Marotzke, de 10, elogia a 5ª Semana Mauro Vilella. “Desde pequena, ficava virando livros de cabeça pra baixo, tentando ler o que estava escrito”, conta. Por isso, não é difícil adivinhar qual parte do evento literário foi a sua preferida: “A feira de livros”, responde, com alegria no olhar.