(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Exposição com mapas originais de BH é atração até setembro

A mostra aberta a partir de amanhã no Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), na Região Centro-Sul, é ótimo programa para as férias escolares


postado em 18/07/2017 06:00 / atualizado em 18/07/2017 07:57

"Todos os passos do mapeamento da cidade foram reproduzidos em detalhes e com cuidado gráfico", diz a historiadora Maria do Carmo Gomes (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Pela primeira vez uma exposição reúne, de forma abrangente, os mapas originais de Belo Horizonte, que completará, em 12 de dezembro, 120 anos de fundação. Além da cartografia do tempo em que a capital se chamava Cidade de Minas – e depois Bello Horisonte, na grafia antiga –, a mostra aberta a partir de amanhã no Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), na Região Centro-Sul, é ótimo programa para as férias escolares e traz ainda croquis, cadernetas de campo dos topógrafos, equipamentos usados na demarcação de terra e documentos da comissão construtora chefiada pelo engenheiro Aarão Reis (1853-1936). Depois de visitar a instituição, com a curiosidade aguçada e interesse redobrado, vale saber mais sobre o assunto: até 10 de setembro, estará à disposição do público o evento temático O Desafio Cartográfico do Novo, que se distribui ainda pelo Museu Mineiro (Cartografar e desenhar Minas Gerais) e Centro Cultural Minas Tênis Clube (Olhares sobre o Globo e o Brasil).



“Na época da construção, Belo Horizonte era uma fábrica de plantas”, diz a historiadora Maria do Carmo Andrade Gomes, curadora de Belo Horizonte e a Cartografia de uma Cidade Planejada, ao mostrar um dos ícones da mostra do MHAB, que é um projeto de grandes dimensões (2,40 metros por 1,20m), em papel linho, com denominações de localidades que se tornaram bairros. Entre eles, Cruzeiro, Barroca e Lagoinha. Também há nomes dos últimos proprietários do antigo Curral del Rei, onde foi erguida a capital dos mineiros.

“Todos os passos do mapeamento da cidade foram reproduzidos em detalhes e com cuidado gráfico. A cartografia representava também um material de propaganda do empreendimento para atrair investidores, comerciantes, imigrantes e, claro, moradores”, afirma Maria do Carmo, que participou da recente 27ª Conferência Internacional da História da Cartografia (ICHC 2017, na sigla em inglês), em BH, e apresentou painel sobre engenheiros alemães em Minas no século 19, junto com o geólogo e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Friedrich Renger,

Caminhando pelo espaço do Bairro Cidade Jardim, é possível ver 64 mapas elaborados entre 1893 e 1896 e integrantes dos acervos do MHAB, do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, vinculado à prefeitura, e do Arquivo Público Mineiro, da Secretaria de Estado da Cultura. No mais antigo dos documentos cartográficos, restaurado, que deram forma à cidade nascida na era republicana, estão os registros da hidrografia, das curvas de nível e alguma vegetação. “São documentos de importância científica. É um material que nunca foi exposto de forma tão abrangente”, diz Maria do Carmo.

Em outra vitrine do espaço, a curadora apresenta pareceres da comissão construtora sobre as desapropriações de terra, cadernetas de campo usadas pelo topógrafos e um teodolito usado para demarcações de terra. Pinturas dos tempos de Curral del-Rei, feitas para retratar o antigo povoado desaparecido do mapa, e a foto da comissão construtora também levam os visitantes a outros tempos e jogam mais luz sobre o nascimento de BH.

TESOUROS Com curadoria geral da historiadora Junia Ferreira Furtado, a mostra inédita O Desafio Cartográfico do Novo conta com acervos de documentos raros também de São Paulo e Rio de Janeiro. No total, são cerca de 350 mapas, plantas, manuscritos e outros “grandes tesouros da cartografia mundial”, conforme nota dos organizadores, tendo como foco Brasil, Minas e BH. As três exposições permitem que o público conheça um panorama raríssimo com um conjunto de documentos e informações de toda natureza – geográfica, territorial, natural, humana e etnográfica – da história do país. O evento é fruto de parceria entre UFMG e governo de Minas e tem patrocínio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

“A mostra revela como a cartografia no Brasil acompanha a forma como os mapas foram feitos no mundo inteiro. Geralmente, nos compêndios, compreende-se como portuguesa a boa cartografia do século 16, a holandesa no século 17 e a francesa no século 18. Nos módulos das exposições, mostramos que isso é uma construção artificial da história da ciência. Temos mapas e manuscritos de riqueza e qualidade cartográfica evidenciando que os portugueses estavam afinados com o que se fazia na mesma época nos centros europeus considerados mais importantes, como Inglaterra e França”, explica a professora Junia.

Com obras que atravessam mais de 400 anos, de acordo com os organizadores, as exposições foram idealizadas para revelar como a progressiva descoberta do Brasil incitou a mente das pessoas, principalmente europeias. Na avaliação do coordenador geral da montagem e um dos curadores, historiador René Lommez Gomes, “os mapas mostram como a imaginação sobre a realidade do Brasil foi alimentada com informações sobre geografia, flora, fauna, relevo e rios, criando imagens que oscilam entre o real, a propaganda e o imaginário”.

A mostra está organizada dentro de um formato pouco convencional em BH, pois se divide em três exposições com temas distintos, separadas cada uma em importantes instituições museológicas da cidade. Além desse aspecto, apresenta muitos manuscritos e documentos que não circulam pelo país. Parte dos mapas é pouco conhecida e pouco estudada, como os mapas cartográficos de BH. “É um fato inédito ter a cartografia de preparação da cidade exposta”, ressalta Júnia. As obras pertencem também a instituições como a Fundação Biblioteca Nacional, Instituto Cultural Amilcar Martins, Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Setor de Obras Raras e Especiais da UFMG e coleções particulares.

ONDE VER

» Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB)

Exposição Belo Horizonte e a cartografia de uma cidade planejada vai até 10 de setembro. Apresenta a coleção de representações visuais e cartográficas (mapas, panoramas e planos de construções públicas e privadas) do período de criação da capital. O material pertencia ao comitê encarregado de construir BH e agora é de propriedade do Museu Histórico Abílio Barreto e do Arquivo da Cidade de Belo Horizonte.
Local: Avenida Prudente de Morais, 202, no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de BH. Telefone: (31) 3277-8573
Horário: terça, sexta, sábado e domingo, das 10h às 17h; e quarta e quinta, das 10h às 18h30
Entrada franca

» Museu Mineiro
A exposição Cartografar e desenhar Minas Gerais estará em cartaz até 10 de setembro, trazendo a evolução cartográfica da representação de Minas, de capitania a província, nos séculos 18 e 19. A transformação da região foi registrada em mapas manuscritos, mostrando a dinâmica da expansão territorial e crescente população
Local: Avenida João Pinheiro, 342, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH
Horário: de terça a sexta, das 10h às 19h; quinta, das 12h às 21h; e sábado e domingo, das 12h às 19h. Telefone: (31) 3269-1103
Entrada franca

» Centro Cultural Minas Tênis Clube
Exposição Olhares sobre o Globo e o Brasil, até 10 de setembro, com documentos cartográficos originais e raros, muitos com única cópia, provenientes de arquivos brasileiros. Em diferente escala e linguagem, o material representa visualmente a evolução e a transformação das terras do Brasil.
Local: Rua da Bahia, 2.244, Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH
Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h; e domingos e feriados, das 11h às 19h. Telefone: (31) 3516-1023
Entrada franca


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)