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Estado de Minas

Casarão de Maria Tangará, em Pitangui, será restaurado

Doado à prefeitura, sobrado colonial da mais antiga cidade do Centro-Oeste de Minas será restaurado para abrigar biblioteca, sede da lira musical e a Secretaria de Cultura


postado em 03/07/2017 06:00 / atualizado em 03/07/2017 08:24

O imóvel histórico vem sofrendo com ação do tempo: o telhado já despencou e parte das paredes ruiu, enquanto janelas e portas apodrecem(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
O imóvel histórico vem sofrendo com ação do tempo: o telhado já despencou e parte das paredes ruiu, enquanto janelas e portas apodrecem (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

Pitangui – Um casarão colonial que clama por socorro em Pitangui, cidade mais antiga do Centro-Oeste mineiro, fundada em 1715, será, enfim, restaurado. O sobrado, erguido há cerca de 250 anos a mando do sargento-mor Ignacio Joaquim da Cunha para moradia dele e da esposa, a fazendeira Maria Tangará, cuja riqueza e fama deram origem a histórias e estórias na província das Gerais, a partir do século 18, será reformado para abrigar uma biblioteca, a sede da centenária lira musical e a Secretaria Municipal de Cultura.

O imóvel foi também lar, na segunda metade dos anos 1900, de netos e bisnetos do governador Benedito Valadares (1892-1973), natural da vizinha Pará de Minas. Na segunda metade do século passado, a construção foi negociada com uma tradicional família da região. Mas os herdeiros se mudaram para Belo Horizonte e, à ausência de uma manutenção adequada, o telhado não resistiu à ação do tempo e despencou. Parte das paredes ruiu. E janelas e portas apodreceram.

A última família proprietária não levantou recurso suficiente para repará-lo e, num acordo com a prefeitura, decidiu doá-lo ao município. “O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou uma ação exigindo o reparo da família e do município. Mas a prefeitura entende que não pode restaurar um imóvel particular. Desta forma, a família, que alegou indisponibilidade financeira, optou pela doação”, esclareceu Antônio Lemos, secretário municipal de Cultura.

Ele estima que a obra deverá começar em poucas semanas e será concluída no primeiro semestre de 2018: “Vamos respeitar a arquitetura (colonial). Deveremos reabri-lo em maio do próximo ano. Um perito fez uma avaliação e constatou que, como as paredes são resistentes, cerca de 80% poderão ser reaproveitadas. Vamos ter de refazer a alvenaria, o telhado...”.

O ex-lar de pessoas ilustres, como Tangará e o marido, será um espaço público. O primeiro andar abrigará uma biblioteca cujo acervo será específico de materiais que contam a história da cidade. Pitangui é rotulada pelos historiadores de a última das sete Vilas do Ouro, fundada em 9 de junho de 1715, depois de Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei, Caeté e Serro.

O segundo pavimento abrigará a sede da centenária lira José Viriato Bahia Mascarenhas, batizado em homenagem a um político que viveu na cidade histórica. No mesmo andar funcionará a Secretaria Municipal de Cultura. Também haverá intervenções na parte externa, atualmente um amontoado de lixo.

A recuperação do imóvel, destacam moradores, representa tanto a conservação do passado quanto o do visual do antigo município, que deu origem a mais de 40 cidades do Centro-Oeste, como Divinópolis, Nova Serrana, Bom Despacho, Itaúna e Dores do Indaiá.

O precário estado de conservação do imóvel que será restaurado foi tema de debates nas redes sociais. Muitos moradores fotografaram o sobrado e postaram as imagens numa rede social sem saber que a estrutura passará por intervenções. O casarão fica na Travessa José Valadares, no Centro histórico, próximo a outro sobradão que, posteriormente, abrigou o sargento-mor e a fazendeira.

QUEM FOI MARIA TANGARÁ
Não há unanimidade sobre a data exata de nascimento de Maria Felisberta da Silva, falecida em 1837. O apelido Tangará, como ensinou o falecido Monsenhor Vicente Soares, tem origem no nome da mãe da fazendeira: “uma índia”. Ela e o marido tiveram nove filhos. Alguns escritores escreveram que a fazendeira teria sido uma mulher má, tendo mandado arrancar dentes de uma escrava que teria recebido elogios do sargento-mor. Pesquisadores, contudo, questionam as informações, atribuindo a escritores grosseiros erros de informações em favor de estórias que renderiam boas vendas para os livros.


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