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Estado de Minas

Radares de BH não conseguem conter velocidade de motoristas

Flagrantes em vias de trânsito intenso mostram que equipamentos são só referências para que, logo depois, motoristas acelerem mais que o dobro do permitido


postado em 05/03/2017 06:00 / atualizado em 05/03/2017 08:34

Picape desce a BR-356 mais que duas vezes acima dos 60 km/h permitidos para o trecho(foto: Edésio Ferreira / EM / D.A. Press)
Picape desce a BR-356 mais que duas vezes acima dos 60 km/h permitidos para o trecho (foto: Edésio Ferreira / EM / D.A. Press)

As três pistas funcionam como um grid de largada, onde motoristas enfileiram seus carros a uma velocidade regulada de 60km/h para, ao passar pela marca, pisar fundo no acelerador. Alguns chegam a impressionantes 154km/h em menos de 400 metros. Pode parecer a largada em movimento de uma competição automobilística, como a Fórmula Indy, mas essa cena ocorre diariamente nas principais avenidas de Belo Horizonte, onde os radares servem como contenções temporárias – uma espécie de quebra-molas de luxo, com direito a engordar a arrecadação de multas – para a alta velocidade de motoristas infratores.

A própria Empresa de Transporte e Trânsito de BH (BHTrans) reconhece que a distribuição desses aparelhos fiscalizadores pelas vias regula apenas a aceleração máxima em trechos com altos índices de acidentes, não chegando a disciplinar o ritmo da velocidade permitida para cada trecho.

Para mostrar os abusos dos motoristas e a inoperância dos equipamentos quando se trata de controlar a imprudência na maior parte da capital, a equipe do Estado de Minas foi às mais movimentadas vias de Belo Horizonte, onde flagrou várias situações de desrespeito poucos metros depois da passagem pelos aparelhos de controle distribuídos pelo município e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Tomando a velocidade dos veículos que passaram do início ao meio da tarde da última quinta-feira pela BR-356 (Belvedere), pelo Anel Rodoviário (Bairro Betânia) e pelas avenidas Carlos Luz (Bairro Caiçara), Antônio Carlos (Bairro São Francisco) e Cristiano Machado (Bairro da Graça), nota-se que 50 metros depois dos redutores eletrônicos os veículos ultrapassavam, em média, em 13% a velocidade máxima permitida – de 60km/h ou 70km/h (veja arte).

Um ritmo já passível de multa, segundo a legislação, que estabelece tolerância de 10% sobre a medição do radar e pune, segundo o artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro, com quatro pontos e multa de R$130,16 quem trafega até 20% acima do limite estabelecido para a via.

Mas o ritmo apressado, contido apenas no ponto onde existe o radar, extrapola em muito essa média, com veículos chegando a velocidades impressionantes para trechos urbanos. O caso mais extremo ocorreu na BR-356, no Belvedere, Região Centro-Sul de BH, a 900 metros do ponto em que a via se transforma na Avenida Nossa Senhora do Carmo, um dos acessos ao Sul de Belo Horizonte.

Apenas 400 metros após o radar de 60km/h, um Volkswagen Saveiro preto passou pela curva do Shopping Ponteio pela pista da direita no limite de controle do veículo, a 154km/h – 157% acima do máximo permitido. A velocidade era tão extrema que o carro chegou a “cantar” pneu na curva, até que mais adiante o motorista precisou frear bruscamente e ingressar na pista central, para não atingir um outro carro que trafegava mais lentamente.

No Anel Rodoviário, que ao longo de seus 26 quilômetros tem 15 redutores de velocidade nos dois sentidos – um para cada três quilômetros e meio –, as infrações ocorrem tanto entre caminhões e ônibus, que devem obedecer ao limite mínimo de 60km/h, quanto entre carros e motos, que não devem ultrapassar 70km/h nos trechos monitorados.

A via concentra acidentes no trecho entre os bairros Bonsucesso (Barreiro) e Betânia (Oeste), mas nesse mesmo trecho o EM registrou veículos passando em média a 78km/h, um quilômetro depois do radar. O veículo mais veloz foi um Fiat Punto que acelerou a 115km/h pela pista da esquerda, fazendo as curvas muito próximo à mureta de concreto que divide os dois sentidos da via, ultrapassando em 64% o limite permitido.

SEM PUNIÇÃO

Na mesma pista, minutos depois, um caminhão-baú desceu rodando a 100km/h (67% acima do limite) e ultrapassou pela pista da direita uma carreta que trafegava pela pista do meio. Outra carreta passou depois, fazendo 103km/h (72% além do permitido) e sacudindo a vegetação das margens devido ao deslocamento de ar.

Em casos em que a velocidade-limite é ultrapassada em mais de 50%, a legislação pune a infração, classificada como gravíssima, com perda de sete pontos no prontuário do condutor, multa atualizada de R$ 880,41, suspensão do direito de dirigir e recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O condutor que chegar a ser flagrado nessa situação deve entregar a CNH, cumprir o prazo de suspensão determinado e fazer curso de reciclagem, para só então voltar a dirigir.

Das avenidas internas avaliadas na área urbana, a Cristiano Machado foi aquela em que foi flagrada maior velocidade após aparelhos de monitoramento. Depois do radar que limita em 60km/h o deslocamento na via, logo após o viaduto sobre a Avenida Waldomiro Lobo, um táxi foi o veículo mais veloz, assinalando 100km/h (67% acima dos 60km/h permitidos).


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