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Estado de Minas

Deterioração de uma das mais antigas capelas de Minas preocupa comunidade

Capela em Ouro Preto tida como uma das mais antigas de Minas apresenta série de problemas. Restauração, incluída no PAC, não tem data para começar


postado em 21/02/2017 06:00 / atualizado em 21/02/2017 08:03

Zelador da capela, Luiz Gordiano Gonçalves mostra trinca ao lado de estandarte de São João; rachaduras atingem outras partes do imóvel(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Zelador da capela, Luiz Gordiano Gonçalves mostra trinca ao lado de estandarte de São João; rachaduras atingem outras partes do imóvel (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Ouro Preto – Uma das mais antigas capelas da cidade reconhecida como patrimônio da humanidade e tombada pela União clama por medidas urgentes para se manter, inteira, como espaço de fé, encontro da comunidade e referência cultural. Localizada no Morro de São João, a poucos minutos do Centro Histórico de Ouro Preto, a Capela de São João, na Praça de São João de Ouro Fino, apresenta problemas sérios, como infiltração, trincas nas paredes e deterioração da parte elétrica.

Preocupado com a situação e certo da necessidade de rapidez nas ações, o zelador Luiz Gordiano Gonçalves, de 70, e pertencente à irmandade de São João, pede que as autoridades deem a devida atenção à construção. “A primeira data referente à capela é 24 de junho de 1698, quando foi celebrada missa campal no dia de São João”, diz o zelador, que mora a poucos metros do templo, vinculado à Paróquia de Santa Efigênia.

“Muitas igrejas se perderam, viraram ruínas, mas não podemos perder essa aqui. Ela é muito importante na história de Ouro Preto e do Morro de São João. Todos os domingos, às 17, é celebrada a missa e em junho temos a festa dedicada ao padroeiro”, afirma Luiz, ao lado de um estandarte com a gravura de São João. Ao lado, ele mostra a porta original da capela, que foi restaurada e ficou como peça de destaque.

RESTAURO


Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Capela de São João foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas de Ouro Preto, estando esta ação sob a responsabilidade da Prefeitura de Ouro Preto. Os técnicos explicam, em nota, que os projetos de restauração arquitetônica e de drenagem foram concluídos e já aprovados pelo instituto. “Contudo, ainda não temos todos os projetos necessários à restauração plena do monumento”, informam.

Para complementação, acrescenta a nota da autarquia federal, a prefeitura contratou projetos elétrico, luminotécnico, sistema de prevenção e combate a incêndio, sistema de proteção contra descargas atmosféricas e restauração dos elementos artísticos. Uma primeira versão desses projetos se encontra em processo de análise pelo Iphan, com exceção apenas do projeto elétrico que depende da aprovação do luminotécnico. Após a finalização de todos os projetos, o planejamento orçamentário poderá ser complementado e atualizado, e sua aprovação é de responsabilidade da Diretoria do PAC, em Brasília. Depois dessa essa etapa, terá início o processo licitatório para a contratação das obras. “Ainda não temos previsão para isso, infelizmente”, concluem os técnicos.
(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

Já o secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni Moreira, explica que o Projeto de Restauração Arquitetônica está aprovado na prefeitura e que, no ano passado, foram contratados os projetos complementares (elétrico-luminotécnico, sistema de proteção a descargas atmosféricas, sistema de proteção e combate a incêndio, elementos artísticos, caderno de encargos e planilha orçamentária). O valor da contratação foi de R$ 62,6 mil para projetos complementares de mais duas igrejas, que são a de Santo Antônio de Glaura e Bom Jesus de Matozinhos. “Neste momento, os projetos complementares se encontram em análise no Iphan e na secretaria. Os projetos objetivam a contratação de obra de restauração integral do bem, que encontra se incluído na lista de ações do PAC das Cidades Históricas”, informa Zaqueu.

(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

Marco do período colonial


A Capela de São João está no livro recém-lançado Igrejas e capelas – Ouro Preto, em edição trilíngue (português, inglês e francês), que contempla 131 templos da sede e dos 12 distritos, com pequisa e textos do professor de história da arte e iconografia Alex Bohrer, edição de Paulo Lemos e apresentação do jornalista Mauro Werkema, também autor do texto sobre a Igreja de São Francisco de Assis. Na pesquisa, com participação dos estudantes Tássia Rocha e Jefferson Alexandre, de conservação e restauração do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), há um pouco da história. “Embora não haja comprovação documental, conta-se que a Capela de São João é a mais antiga de Ouro Preto e está localizada nas proximidades do antigo Arraial do Ouro Podre, um dos primeiros da cidade. Segundo a tradição, este local foi um dos palcos da revolta de 1720, onde, a mando do Conde Assumar, um incêndio devastou a propriedade do sedioso Pascoal da Silva, dando origem ao nome daquelas paragens: Morro da Queimada”. Há informações sobre a arquitetura do singelo templo. “A fachada, em frontão simples e triangular, não tem ornamentação artística e é desprovida de torres. Sua planta constitui-se de nave, capela-mor e sacristia, num padrão muito usado em Minas. A nave se destaca por uma curva existente no encaixe com a capela-mor, o que certamente é uma alteração posterior. Internamente possui um singelo altar-mor, ornado com pinturas representando os apóstolos. Embora tenha sofrido muitas modificações, ao longo de três séculos, a Capela de São João ainda é um marco de um período único na história de Minas”.


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