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Estado de Minas

Falta divulgação dos serviços de promoção à saúde do SUS

Apesar de bem avaliados, serviços de promoção à saúde do SUS carecem de divulgação maciça, afirmam usuários. Autoridades alertam para a necessidade de conscientização dos pacientes


postado em 01/01/2017 06:00 / atualizado em 01/01/2017 08:20

O médico Frederico Braga realiza exame em paciente e alerta: a retinopatia diabética leva à cegueira mas pode ser evitada (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
O médico Frederico Braga realiza exame em paciente e alerta: a retinopatia diabética leva à cegueira mas pode ser evitada (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
A falta de divulgação maciça sobre serviços de promoção à saúde da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS) é apontada pelo Ministério Público de Minas Gerais e também por usuários como um dos maiores entraves para o preenchimento de vagas. De modo geral, as iniciativas são bem avaliadas do ponto de vista da assistência, mas ainda precisam ser mais bem comunicadas à população, que muitas vezes desconhece a oferta dos serviços.

O psicólogo e advogado Elber Valadares, de 57 anos, é um dos que chamam a atenção para esse aspecto. Ele conta que ouviu falar do programa de controle de tabagismo em uma padaria perto de casa e que mesmo sendo fumante desde os 14 anos, nunca soube da existência dele. “A divulgação é falha. Os profissionais de saúde são excelentes. Mas a parte administrativa deixa a desejar”, avalia. No entendimento de Elber, o serviço merece divulgação melhor porque realmente funciona e pode ajudar muita gente a largar o vício do cigarro. “Já havia tentando parar inúmeras vezes, inclusive em um programa de um hospital. Mas recaí. Desta vez, já no segundo mês, eu nem lembrava mais do cigarro”, contou o psicólogo, que chegou a fumar um maço por dia.

Também foi por acaso que a pensionista Geralda Maria de Jesus, de 89, soube das sessões de ginástica do programa Academia da Cidade, das quais ela participa três vezes por semana. “Passei, vi que estava tendo aula e perguntei o que era. Isso foi há oito anos. Nunca mais deixei de fazer e hoje sinto que alcancei muitos benefícios”, diz. Geralda conta que sentia muitas dores nas pernas e caía com frequência, o que foi superado com a atividade física. “Tento divulgar entre as pessoas que conheço, porque sei que o programa é muito bom”. Mas, além da pouca divulgação por parte dos órgãos de saúde, a mulher avalia que ainda há resistência porque as pessoas têm preguiça de fazer exercícios físicos.

De acordo com a gerente de Assistência à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMSa), Taciana Malheiros, o programa Academia da Cidade tem capacidade para atender até 24 mil pessoas e atualmente conta com 19,9 mil inscritos e ainda menos ativos: 16,9 mil. “Além de a adesão ser um desafio, manter a assiduidade das pessoas às práticas é outro complicador”, afirmou. Na ginástica lian gong, o absenteísmo não é muito significante, segundo ela, mas também há capacidade de ampliação.

No caso do programa de tabagismo, Taciana explica que as orientações são feitas pelos profissionais de saúde da Rede SUS-BH, em todos os 150 centros de saúde. A secretaria informou que busca a expansão da oferta em todas as unidades e, para isso, vem treinando mais profissionais. A meta é que cada unidade de saúde conte uma equipe especializada.

A gerente ainda explicou que treinamentos vêm sendo feitos constantemente para capacitar as equipes de saúde da família para otimizar a abordagem dos usuários do SUS, com o objetivo de melhorar a adesão aos serviços da promoção e prevenção à saúde. O SUS tem quase 2,2 milhões de pessoas cadastradas em BH e o PSF chega a 86% desse contingente. Isso representa muito na promoção e no cuidado à assistência das pessoas”, afirma.

Foi por acaso que Geralda Maria soube das sessões de ginástica do programa Academia da Cidade. Para ela, falta de divulgação e
Foi por acaso que Geralda Maria soube das sessões de ginástica do programa Academia da Cidade. Para ela, falta de divulgação e "preguiça" prejudicam programa (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

ABSENTEÍSMO A falta de interesse e de conscientização das pessoas, entretanto, contam muito. De acordo com o secretário de Saúde de BH, Fabiano Pimenta, as vagas para exames de retinopatia a pacientes diabéticos são garantidas e ainda assim a procura é baixa. “Eles são atendidos nas unidades básicas e encaminhados diretamente pelo médico clínico. Têm a vaga garantida, mas os encaminhamentos têm absenteísmo de mais de 50%”.

Chefe do Departamento de Retinopatia do Instituto de Olhos da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, onde os encaminhamentos do SUS-BH são marcados, Frederico Braga destaca a importância do exame e convoca a população a fazê-lo. “A maior parte das pessoas desconhece ou ignora que a retinopatia diabética leva à cegueira. A doença, que causa lesões nos vasos sanguíneos da retina, é a principal causa de cegueira entre diabéticos na faixa etária economicamente ativa, segundo o médico. Ele afirma ainda que 34% dos diabéticos desenvolvem a doença, mas que a maioria não faz o tratamento adequado, que é capaz de ser efetivo em 90% dos casos para preveni-la. “Temos condições para atender muito mais gente. Sobram vagas, mas as pessoas têm que se conscientizar da necessidade da prevenção”, afirma.

Urgência e especialidades ainda são gargalos em BH

Apesar de haver sobra de vagas em alguns serviços da Atenção Básica do SUS-BH, ainda são desafiadores muitos outros setores da saúde na capital, especialmente nos serviços de urgência e emergência. Prova disso são as longas horas de espera nas recepções das unidades de pronto atendimento (Upas) e nos hospitais da rede de saúde pública do município. Também são muitos os gargalos na realização de cirurgias eletivas e de consultas e exames especializados.

Um dos exemplos da dificuldade de dar cabo ao atendimento em Belo Horizonte está na fila de cirurgias eletivas que se acumula na Secretaria Municipal de Saúde. Enquanto no ano passado foram realizadas 39.540 desses procedimentos, havia 13 mil pessoas aguardando por uma vaga, se considerados apenas os moradores da capital. A Secretaria Municipal de Saúde se negou a informar os dados de 2016, bem como o número de pacientes do interior que também estão na fila, embora BH tenha pactuação com municípios mineiros para a realização de cirurgias. A Secretaria também não informou a fila de espera para consultas e exames especializados.


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