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Estado de Minas SERRA DA PIEDADE

Fiéis de todas as idades celebram nascimento de Cristo em clima de devoção e contato com a natureza

Em BH, fraternidade deu o sabor do almoço natalino


postado em 26/12/2016 00:12 / atualizado em 26/12/2016 08:21

Reitor do santuário, padre Fernando festejou com fiéis o aniversariante do dia(foto: Beto Novaes /EM/ DA Press)
Reitor do santuário, padre Fernando festejou com fiéis o aniversariante do dia (foto: Beto Novaes /EM/ DA Press)

À luz do sol da manhã, no alto da montanha e rodeado de devoção. A celebração do Natal, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, teve missa, bênção e comunhão entre o padre, segurando a imagem do Menino Jesus, e os fiéis diante da ermida do século 18 que abriga a escultura barroca da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade. “A fé é o único alimento que pode ajudar neste momento de crise e falta de esperança devido à corrupção e ao desemprego no país. Não é magia, é realidade, é preciso acreditar e jamais desistir”, disse, no topo da escadaria do templo, o reitor do santuário, padre Fernando César do Nascimento. À tarde, às 15h, a celebração eucarística foi presidida pelo arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo.


Muita gente acordou bem cedo para chegar, de carro ou bicicleta, ao santuário e participar da primeira celebração do dia na ermida. Foi o caso do técnico em mecânica Leonardo Douglas de Araújo Flávio, de 32 anos, morador do Bairro Novo das Indústrias, na Região do Barreiro, que estava em Caeté e subiu a serra de bicicleta, gastando uma hora e 40 minutos. Ele aproveitou para fazer uma selfie ao lado do padre, que trouxe à luz do sol o Menino Jesus. “Fé é inexplicável. No Natal, renovamos nossa devoção e deixamos de lado o que é negativo”, afirmou Leonardo.

Para comemorar seus 76 anos, Alcina Francisca de Souza, de Contagem, na Grande BH, visitou a ermida com o filho Adilson Francisco de Souza e a filha Diolina, acompanhada do marido, Paulo Cassemiro dos Santos, e da afilhada do casal, Bruna. “Natal é família reunida, não é só comilança”, disse Diolina. Para a aniversariante, o melhor mesmo é ter uma religião. “Isso é muito importante”, acrescentou, com os olhos voltados para o céu. Pouco antes, Mirtes de Lourdes do Nascimento Hudson, com o pai, José Antônio do Nascimento, de 81, se emocionava até as lágrimas ao ver a imagem do Menino Jesus do lado de fora da ermida. Lembrando que seu sobrenome tinha tudo a ver com a data, ela reiterou a fé em Nossa Senhora. “Somos de Taquaraçu de Minas, moramos em BH e acordamos às 6h para chegar aqui a tempo para a missa”, disse Mirtes.

Um dos momentos mais bonitos da manhã foi quando o menino Kaio Vinícius Rodrigues de Assis, de 3 anos, beijou a imagem do Menino Jesus, já aos pés do altar. Ao lado estavam os pais, Alex Vinícius Rodrigues de Assis e Cristiane Flávia Rodrigues de Assis, moradores de Caeté. Depois do gesto singelo, o menino pegou pela mão o inseparável dinossauro de brinquedo e deixou a ermida na companhia dos pais.

PROGRAMAÇÃO No próximo domingo, primeiro dia do ano, às 15h, a Arquidiocese de BH fará a abertura oficial dos 250 anos de peregrinação à Serra da Piedade, que recebeu em 2016 mais de meio milhão de brasileiros e estrangeiros. O reitor explicou que o papa Francisco não virá ao Brasil, ao contrário do que era esperado, restringindo sua participação nas festas dedicadas a Nossa Senhora a Fátima, Portugal, para o centenário   de aparição da mãe de Jesus a três pastores, em 13 de maio. Neste ano mariano, será comemorado em Aparecida (SP) o tricentenário da aparição, nas águas do Rio Paraíba do Sul, da imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se tornou Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil.

Segundo o reitor, haverá uma ampla programação em 2017 na Serra da Piedade, reunindo espiritualidade, cultura, folclore, história e a “piedade popular”. Ele disse que o objetivo é envolver neste jubileu da peregrinação, cuja grande data será 30 de setembro, todos os bispos, padres e demais religiosos das dioceses e paróquias de Minas. Entre as novidades está a construção da Via do Peregrino, com 5,5 quilômetros de extensão, do sopé ao topo da serra, parceria da arquidiocese com governo de Minas, e implantação de um sistema de transporte, via locomotiva, para levar os visitantes até a ermida, sem causar impactos ao maciço com a circulação de carros de passeio. “A locomotiva já está 80% pronta”, disse o reitor, adiantando que o novo sistema começará a operar até fevereiro. A composição sobre rodas irá da Praça Antônio da Silva Bracarena, mais conhecida como Praça da Cavalhada, à área do santuário, com percurso total de três quilômetros. A Arquidiocese de BH vai bancar os custos do projeto.

Sobre o Museu Maria Regina Mundi (do latim, Maria Rainha do Mundo), que ocupará o espaço antes cedido à Aeronáutica, padre Fernando informou que foi concluída a demolição das antigas construções. “O projeto está consolidado e estamos na fase de captação de recursos. Acreditamos que tudo ficará pronto ainda este ano”, afirmou. O museu deverá reunir mais de 1 mil imagens dos vários títulos que Nossa Senhora recebe pelo mundo – a coleção foi doada à Cúria Metropolitana pelo acupunturista e dono de clínica Humberto Mattarelli Carli, residente em Sabará, na Grande BH.

Banquete para o corpo e a alma

Convidados foram recebidos por Papai Noel e voluntários que viabilizaram almoço para 4 mil pessoas(foto: Edésio Ferreira / EM/DA Press)
Convidados foram recebidos por Papai Noel e voluntários que viabilizaram almoço para 4 mil pessoas (foto: Edésio Ferreira / EM/DA Press)

Diante de um prato farto de solidariedade, sorrisos surgiram, exibidos em cada olhar de gente que encara um dia a dia de muitas batalhas. Em tempos difíceis, famílias que não tiveram como comemorar o Natal com ceias e presentes puderam ontem celebrar a data em um grande banquete voluntário oferecido na unidade II do Restaurante Popular da Prefeitura de Belo Horizonte. E foi emocionante para quem participou. Mais do que uma refeição gratuita, com prato principal e sobremesa, o almoço para 4 mil pessoas envolveu familiares, palhaços, Papai e Mamãe Noel, música ao vivo, entrega de brinquedos, de material escolar e de higiene. Houve ainda muita doação de um time de pessoas que abriu mão do almoço natalino em casa para preparar e servir ao público, que parecia nem se importar com as longas filas formadas desde a entrada do restaurante.

Em uma das tantas mesas ocupadas por adultos, crianças, idosos, moradores de rua, homens e mulheres com diferentes histórias, a dona de casa Daniela Rodrigues Pereira, de 33 anos, almoçava com o marido, Fernando Rodrigues, de 40, e a filha, Thaíssa Vitória, de 7. Na véspera de Natal, a família foi dormir cedo, no Bairro Tupi, Região Norte de BH. Não houve ceia. “Viemos porque esta é uma oportunidade de termos um almoço melhor, com uma comida diferente. E também porque nossa filha vai poder ganhar um brinquedo, já que não estamos em condições de comprar um para ela”, contou Fernando, que trabalha como agente de bordo no transporte municipal. Daniela, que está desempregada, falou sobre a importância da iniciativa do Restaurante Popular. “É um almoço maravilhoso e única forma de confraternizar na data para muita gente.” O marido completou: “Natal poderia ser todo dia, porque as pessoas ficam mais solidárias nesta época, quando, na verdade, poderiam ser a todo o tempo.”

O almoço também foi um convite ao aconchego para quem passou a noite natalina sozinho em casa. Foi essa a escolha do aposentado Rufino Bahia, de 77, que em uma mesa com tantas outras pessoas, pôde compartilhar o almoço natalino. “É complicado fazer uma ceia quando a gente mora só. Há 10 anos venho passar o Natal aqui, porque realmente o clima é muito bom”, disse.

E tem gente especialista nesse negócio de dar carinho. Na verdade, um time inteiro. No salão onde o almoço era servido, 45 voluntários se dividiram ajudando crianças e idosos a se servir, organizando filas, auxiliando pessoas com necessidade especial de locomoção ou simplesmente conversando com os convidados. “São pessoas realmente com muitas necessidades. Necessidade até mesmo de afeto. E o que chama atenção é que todas, sem exceção, são muito simples e muito educadas e merecedoras dessa doação. O sentimento que fica é de gratidão”, disse um dos voluntários, o funcionário público Décio Defeo, que foi com a mulher e as duas filhas para ajudar no almoço.

ALEGRIA Em outra atitude humanitária, o grupo Doutores Palhaços de BH participou do evento, distribuindo alegria e descontração por onde passava. Especialistas em atuar com pacientes hospitalizados em unidades de saúde de BH há quatro anos, os 12 palhaços que estiveram no Restaurante Popular arrancaram sorrisos de todo o público. “Tem gente aqui que quer apenas uma palavra, um aperto de mão. Quer apenas que a gente se sente do lado e escute sua história de vida, seu depoimento. Isso é um trabalho muito gratificante”, contou a coordenadora do grupo, Juliane Belico.

Foi a 22ª edição do almoço, batizado de Natal sem fome, Natal da alegria, no Restaurante Popular. A iniciativa é uma ação da política de segurança alimentar e nutricional da prefeitura, que mantém durante toda a semana o almoço a preços populares em quatro restaurantes espalhados pela cidade. Além da refeição, os convidados receberam presentes e brindes arrecadados em uma campanha voluntária feita em parceria com Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Municipais de Minas Gerais (Fapaemg). “Neste ano, superamos as expectativas e conseguimos arrecadar 15 mil brinquedos. É uma emoção muito grande, que deixa o coração cheio de alegria. É difícil conter as lágrimas”, disse o presidente da entidade, Mário de Assis, que há 20 anos se veste de Papai Noel durante o evento.

Gerente do Programa de Alimentação Popular da prefeitura, Carlos Henrique Pantusa, destacou o esforço dos voluntários para manter viva a iniciativa. “São funcionários e pessoas da sociedade que doam seu tempo e seu trabalho para fazer do Natal de outros uma data especial.” Segundo ele, além da população que habitualmente se alimenta no Restaurante Popular, o almoço natalino reúne outras pessoas que não têm esse costume, além de muita gente de cidades da Região Metropolitana de BH.

Prestes a deixar o cargo de prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda esteve no Restaurante Popular e falou da importância da confraternização. “Estas famílias estão, neste momento de final de ano, reforçando os laços de carinho, amizade, solidariedade e amor. Esta é uma belíssima festa de doação, que os voluntários organizam. E eu tenho certeza de que são pessoas que se doam não só no Natal, mas o ano inteiro.”


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