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Estado de Minas

Polícia quer esclarecer ferimentos nas costas de empresário morto por amigo em Macacos

Confrontado com provas via WhatsApp e vídeo, homem confessa ter matado empresário em Macacos após briga motivada por ciúme.


postado em 29/07/2016 06:00 / atualizado em 29/07/2016 07:51

Preso após confessar, Evaldo se disse arrependido, mas delegado fala que houve premeditação. Vídeo mostra Edson Batista (à direita) e o acusado caminhando pelo distrito antes do crime(foto: Polícia Civil/Divulgação - Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Preso após confessar, Evaldo se disse arrependido, mas delegado fala que houve premeditação. Vídeo mostra Edson Batista (à direita) e o acusado caminhando pelo distrito antes do crime (foto: Polícia Civil/Divulgação - Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Depois de prender Evaldo Pereira de Souza, de 44 anos, pela morte do empresário Edson Batista, de 65, em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Polícia Civil busca agora esclarecer detalhes do crime passional não revelados pelo autor confesso do assassinato. Apesar de admitir uma briga com Edson, por desconfiar de um relacionamento de sua ex-mulher com o empresário, e de dizer que jogou um cobertor sobre o corpo depois que a vítima bateu a cabeça no chão, Evaldo negou ter sido o responsável por quatro ferimentos nas costas da vítima, compatíveis com um objeto perfurante. Esses detalhes, segundo o delegado Fernando Marins, responsável pelas investigações, serão importantes para orientar a conclusão do inquérito, definindo as qualificadoras do crime de homicídio pelo qual o acusado está preso preventivamente.


O que a Polícia Civil já sabe é que Evaldo, sem antecedentes criminais, era recém-separado de uma mulher, moradora de Contagem, na Grande BH. Na mesma cidade fica a firma de cegonheiras do empresário morto. O acusado e a vítima se conheciam havia pelo menos 10 anos, graças a um cunhado de Evaldo que trabalhou com Edson. Este trabalha no Rio de Janeiro, em uma usina de energia, e ia a Contagem de 15 em 15 dias, segundo o delegado. Fernando Marins sustenta que o crime foi cometido no sábado, por volta das 17h, mas diz que um dia antes Evaldo já rondava por Macacos à procura de Edson. No dia  seguinte, câmeras de segurança flagraram os dois caminhando juntos às 16h, uma hora antes do horário estimado do crime.

Para chegar até Evaldo, os investigadores também contaram com informações de uma filha de Edson. Ela relatou que recebeu do pai, no sábado, três fotos enviadas por WhatsApp, em que o empresário relatava a presença de Evaldo sem que ele soubesse que estava sendo fotografado. “Ele relatou (na mensagem) que tinha recebido uma visita inconveniente. Demonstrou uma certa preocupação”, acrescenta o delegado. Já na terça-feira, depois de a Polícia Civil ter informações de que vítima e acusado estiveram juntos, os investigadores, que já tinham entrado em contato com o suspeito, o receberam para prestar esclarecimentos na delegacia. “Após ser interrogado pela primeira vez ele negou o crime, mas nós ouvimos outras pessoas, colhemos elementos e comprovamos a participação. Aí ele confessou”, diz o delegado.

BOTÃO É PISTA Antes de assumir a briga com Edson e a morte, Evaldo apontou diferentes versões, caindo em contradição. Primeiro, falou que, como faz serviços de marcenaria e era amigo do empresário, iria fazer um móvel para a casa da vítima. Depois, disse que estava procurando pousadas para outra pessoa. Um elemento importante para que os policiais tivessem certeza da autoria foi um botão de camisa recolhido ao lado do corpo de Edson. Ele é idêntico aos botões da blusa que Evaldo estava usando quando chegou à delegacia, na terça-feira. Para a polícia, a roupa é o uniforme de trabalho do acusado na empresa fluminense, e o botão provavelmente foi arrancado durante a briga dos dois.

Clique para ver mais detalhes de como o crime aconteceu, segundo a polícia(foto: Arte EM)
Clique para ver mais detalhes de como o crime aconteceu, segundo a polícia (foto: Arte EM)
Segundo a versão apresentada à polícia pelo acusado, quando os dois estavam juntos na casa do empresário, por volta das 17h, Evaldo teria questionado Edson sobre o suposto relacionamento com a mulher. “Eu tomei café com ele, almocei com ele e na hora que ia embora, perguntei: ‘Edson, você está tendo um caso com a minha mulher?’ Ele disse que estava e aí a gente começou a discutir. Nós brigamos, ele bateu a cabeça, coloquei um cobertor nele e vim embora. Eu tinha que trabalhar na segunda-feira”, afirma, dizendo que achou que Edson poderia estar vivo. Ao ser questionado se conversou antes com a mulher para tentar esclarecer a situação, disse que não. E também que ela não atende mais ao telefone. Segundo a polícia, a mulher, de quem Evaldo teria se separado recentemente, está em viagem a Santa Catarina, mas ainda deve ser ouvida no inquérito.

Evaldo não tem nenhuma passagem pela polícia, segundo as investigações. Agora, terá que responder pelo crime de homicídio, que pode representar até 30 anos de cadeia, dependendo das qualificadoras que forem levantadas na investigação. “Estou arrependido do que fiz. Se ele tivesse falado que não tinha nada, eu teria ido embora”, afirmou o acusado. O delegado também acredita que houve arrependimento, mas afirma que a atitude foi premeditada. “Ele demonstrou certo arrependimento, mas, ao mesmo tempo, falou que se sentia aliviado. Com certeza foi uma atitude muito pensada, um crime gravíssimo pelo qual ele vai ter que responder”, diz Fernando Marins.

LITÍGIO DESCARTADO Uma situação que chamou a atenção da Polícia Civil no início das investigações foram alguns problemas conjugais do próprio Edson com a ex-mulher, que encontrou o corpo do empresário na última segunda-feira. Segundo as investigações do caso, no mesmo dia em que descobriu o crime ela retirou da casa em Macacos um cofre com dinheiro e joias, mas pessoas que acompanharam a situação avisaram a Polícia Militar. Os militares, então, apreenderam o objeto dentro do carro da mulher e informaram ao delegado. “Chamou a atenção, mas ela tinha a chave da casa e a senha do cofre. Então, isso minimizou essa atitude. Até o momento o litígio dos dois não tem nenhuma relação com a morte do empresário”, completa o delegado.


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