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Estado de Minas

Iate Clube, na Pampulha, diz estar aberto a receber visitantes de graça

Apesar de privado, clube que integra o conjunto moderno da Pampulha, agraciado com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, recebe visitantes. A entrada é gratuita


postado em 29/07/2016 06:00 / atualizado em 29/07/2016 08:10

Vista do Iate Golfe Clube: projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em forma de um barco ancorado e inaugurada em 1943, a estrutura foi privatizada na década de 1960(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Vista do Iate Golfe Clube: projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em forma de um barco ancorado e inaugurada em 1943, a estrutura foi privatizada na década de 1960 (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
O conjunto moderno da Pampulha, agora com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tem uma joia ainda pouco conhecida da maioria dos belo-horizontinos e turistas. O motivo é um só: não sou sócio, posso visitar? A dúvida foi desfeita, ontem, pelo presidente da entidade, José Carlos Paranhos de Araújo: “Pode sim. O clube está permanentemente aberto a todo mundo, basta que a pessoa se identifique na portaria, apresente um documento, é só o que pedimos. E não cobramos nada pelo ingresso”. Para conhecer, é preciso seguir o horário de funcionamento da entidade, de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.


Projetado por Oscar Niemeyer (1906-2012), com jardins de Burle Marx (1909-1994) e obras de Cândido Portinari (1903-1962), o antigo Iate Golfe Clube tem a forma de um barco ancorado, visão que fica melhor ainda do Museu de Arte de Pampulha (MAP), localizado do outro lado do espelho d’água, na Avenida Otacílio Negrão de Lima. No interior do clube, dá para ver o mastro da embarcação e a caldeira. “Os visitantes podem admirar a arquitetura moderna, o salão Portinari, com as obras do artista e os jardins”, convida José Carlos. Ele diz que a presença de turistas não incomoda os sócios, hoje em torno de mil famílias ou cerca de 4 mil pessoas.

“No domingo passado, tivemos aqui uma delegação de 30 pessoas da Venezuela. Conheceram tudo, com tranquilidade”, disse o presidente. Quem caminhar pelo jardins, logo perto da entrada, vai ver um busto de Juscelino Kubitschek (1902-1976), que era prefeito de Belo Horizonte quando o Iate foi construído. Na peça de bronze, há uma frase de JK: “A Pampulha veio como uma rima sonora, da beleza e harmonia ao poema da cidade”.

Outra novidade é que um acordo firmado entre a direção do clube e os organizadores da Casa Cor Minas Gerais 2016, que ocorrerá no período de 30 de agosto a 4 de outubro, numa residência da Avenida das Latânias, no Bairro São Luís, permitirá o ingresso nas dependências do clube.

INOVAÇÕES Ao chegar ao Iate, inaugurado em 1943 com um baile de gala, o visitante deverá prestar atenção a alguns detalhes que fizeram a diferença, em termos de inovação, na arquitetura desenvolvida no Brasil e no mundo naqueles tempos. Niemeyer fez ali a cobertura em forma de “asa de borboleta em pleno voo”, destaca o coordenador técnico do dossiê apresentado à Unesco, arquiteto e professor Flávio Carsalade. Em seu livro Pampulha, da série BH. A cidade de cada um, Carsalade escreveu que “o Iate fora construído para aproveitar as novidades náuticas que aqui se abriam; afinal, remar no Parque Municipal não era exatamente o máximo em esportes náuticos. A ideia para o Yatch Golf Club era aproveitar a lagoa para esses tipo de esporte (seu primeiro andar fora projetado para isso e o segundo andar para festas”. Fotos do Estado de Minas de meados do século passado mostram esquis, barcos a vela e a remo, e atletas de fim de semana fazendo do espelho d’água o melhor lugar para seu lazer.

Conforme especialistas, a edificação inaugurada em 1943 se harmoniza plasticamente debruçando-se sobre a represa. Para imprimir ritmo às fachadas, foram usados brises metálicos em caráter funcional, garantindo proteção quanto à incidência solar no interior do salão, que chega pelas paredes envidraçadas. Privatizado em 1960, o clube manteve o uso como espaço de lazer e práticas esportivas, embora sofrendo muitas alterações ao longo dos anos – tantas que ficou parcialmente descaracterizado devido à construção de um anexo de 4 mil metros quadrados visto plenamente da Igreja de São Francisco de Assis. No local, que começou a ser erguido em 1977 e foi inaugurado em 1984, há estacionamento, academia de ginástica com cerca de 700 alunos e salão de festas, de onde vem grande parte da receita do clube.

Entre as atrações do clube estão os jardins de Burle Marx , com o busto de Juscelino Kubitschek(foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 16/01/2009)
Entre as atrações do clube estão os jardins de Burle Marx , com o busto de Juscelino Kubitschek (foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 16/01/2009)
ACORDO Mesmo com o título, ainda é preciso resolver a questão do anexo que, se não for demolido no prazo de três anos, poderá tirar o título da Pampulha. “É importante a Pampulha ter a chancela da Unesco, mas há compromissos, são necessárias ações efetivas”, disse ao EM o coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda, que, ao lado da promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural de BH, Lilian Marotta Moreira, cuida do processo envolvendo a desapropriação do Iate Tênis Clube, pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

Atualmente, Souza Miranda e Lilian Marotta estão na fase de redação do acordo a ser proposto para que o Iate recupere a sua arquitetura original. A construção, que chocou o próprio Niemeyer e impede a visão completa do clube para quem está na igrejinha, representou um ponto crucial na escalada pela conquista do título. José Carlos explicou que a direção do clube está aberta ao entendimento e aguarda o parecer do Ministério Público de Minas Gerais.


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