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Estado de Minas

Prédio de BH homenageia o gênio Mondrian

Artista holandês é quase completamente desconhecido por clientes, lojistas e empregados do edifício que leva seu nome no Barro Preto e por quem trabalha no entorno do prédio. Exposição com obras do artista está no CCBB


postado em 23/07/2016 06:00 / atualizado em 23/07/2016 12:05

Interior do Edifício Mondrian Trade Center, no Barro Preto, inaugurado no final da década de 1980, inspirado nos blocos do pintor(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Interior do Edifício Mondrian Trade Center, no Barro Preto, inaugurado no final da década de 1980, inspirado nos blocos do pintor (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

Mondrian já foi um dos nomes mais falados de Belo Horizonte, na década de 1990, no auge da moda para o atacado no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul. Palco de desfiles das novas coleções, filas se formavam na portaria desse movimentado edifício comercial, com suas 185 lojas, quatro pares de escadas rolantes e dois elevadores panorâmicos. Inaugurado em 1989, apenas a logomarca do Mondrian Trade Center remete à vanguarda do pintor holandês Piet Mondrian, que culminou nos seus famosos retângulos coloridos, em vermelho, azul e amarelo. “Não estou me lembrando agora de quem foi Mondrian, mas meu filho faz faculdade de design e já comentou sobre ele comigo”, afirmou a pipoqueira Vera Lúcia Tomaz, de 50 anos, que há 20 faz ponto em frente ao prédio.

Dos dois porteiros do Mondrian, que ostentam a logomarca inspirada no gênio holandês no bolso do uniforme, até o lavador de carros, clientes e lojistas, a verdade é que raros frequentadores de décadas do edifício conheciam a origem do nome. “Vou reunir a turma e levar para conhecer a exposição do pintor no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil)”, disse, preocupado, Maurício Waks, ex-síndico e dono do terreno, lembrando que o prédio fez sucesso no lançamento, servindo de inspiração para outros empreendimentos da região. “Ainda recebemos excursões do Brasil inteiro de pessoas que vêm comprar moda por atacado no Barro Preto”, completa, chamando a atenção para as formas geométricas do prédio.

A mulher do carrinho de pipocas se orgulha de pagar a mensalidade de R$ 1.250 da escola do filho com o dinheiro arrecadado com a venda de coquinhos e plariné, além das ditas cujas de R$ 3 a até R$7. “É um dinheiro suado, meu e do meu marido, que também é do ramo, mas acredito que Júlio César vai dar certo na profissão, porque é muito esforçado. Ele já pensa em fazer mestrado em arquitetura”, completou a mãe, que teve de interromper os estudos aos 10 anos, começando a trabalhar como doméstica, para ajudar nas despesas da família de 12 irmãos. O outro filho, Gabriel, vai fazer vestibular para administração. Se Vera Lúcia considera mais importante estudar ou trabalhar? “Os dois”, responde a pipoqueira, sem titubear.

Já as moças da loja especializada em lingerie, que atuam diretamente como recepcionistas no Mondrian, admitem nunca ter ouvido falar no criador do neoplasticismo. “Nunca parei para pensar nesse Mondrian. Por acaso este prédio aqui é dele?”, indagou a gerente do lugar, sendo em seguida apresentada ao livro com algumas das principais obras do artista. “É interessante conhecer a obra de um pintor”, expressou a funcionária do caixa, que entretanto, não contou com a concordância da colega: “Tem gente que é fascinado por essas coisas de arte e investe milhões em quadros. Cada um tem a sua opinião, mas eu ainda acho o Edifício Mondrian mais importante, porque é onde eu trabalho e passo a maior parte do meu tempo. Saio daqui tarde da noite, pregada”.

“Fiz dois anos de arquitetura. Apesar de não ter visto nada sobre Mondrian na faculdade, sei que ele foi um pintor da linha modernista. Aliás, esse prédio no formato de um bloco faz jus a Mondrian”, comparou Kelly Costa, dona há 18 anos de uma loja de vestidos de festa recentemente trazido para o primeiro andar, no hall do Mondrian. “Agora não estou sabendo quem é, mas já estudei sobre isso”, comentou a debutante Luciana Lanza, distraída enquanto ajustava o vestido para dançar no baile de 15 anos. “Pra que tantas perguntas? Estamos com pressa”, agilizou a mãe da adolescente, Angelina Lanza.

 

MONDRIAN E O MOVIMENTO DE STIJL
CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. De quarta a segunda-feira, das 9h às 21h. Até 26 de setembro.
 

 

 


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