(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Médico que responde por abusos é solto

Dermatologista de Montes Claros acusado por 10 mulheres, que teriam sido molestadas depois de sedadas, passa a responder a processo em liberdade


postado em 30/06/2016 21:24 / atualizado em 30/06/2016 23:12

Foi revogada a prisão preventiva do dermatologista Linton Wallis Figueiredo, que estava detido no Presídio Regional de Montes Claros, no Norte de Minas, desde 6 de abril, por suspeita de abusar sexualmente de pacientes sedadas para procedimentos médicos. Ele passa a responder ao processo em liberdade, cumprindo medidas cautelares determinadas pela Justiça. Nas investigações feitas pela Polícia Civil, foram identificadas 13 supostas vítimas, das quais 10 fizeram representação contra o médico, indiciado pelos crimes de estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e constrangimento ilegal. O processo corre em segredo de Justiça.

A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com o advogado do médico. Em depoimento na delegacia, na fase de inquérito, ele negou os abusos sexuais. Porém, a polícia encontrou no computador da clínica do dermatologista fotos de partes intimas de mulheres. Ao prestar depoimento, ele admitiu que pacientes ficaram nuas durante os exames, mas disse que isso faz parte dos procedimentos médicos.

A soltura de Linton Figueiredo foi determinada pelo juiz Isaías Caldeira Veloso, da 1ª Vara Criminal de Montes Claros, que também foi responsável pela detenção do dermatologista. O magistrado substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares, incluindo a obrigação de retornar para casa até as 20h durante a semana, entrega do passaporte e proibição de contato com vítimas e testemunhas, devendo ainda, a cada 30 dias, se apresentar à Justiça, para qual também deverá fornecer endereço atualizado.

Em entrevista, o juiz Isaías Caldeira Veloso disse que determinou a prisão preventiva na fase de investigações para impedir qualquer tentativa de pressão sobre vítimas e testemunhas. Mas disse que, agora, o inquérito – presidido pela delegada Karine Maia, da Delegacia de Repreensão aos Crimes Contra a Mulher de Montes Claros – já foi concluído e está em andamento na Justiça. Desta forma, não vê mais razões jurídicas para manter o indiciado preso. “Eu não poderia antecipar pena antes do julgamento”, afirmou.

O delegado regional do Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) em Montes Claros, Itagiba de Castro Filho, disse que o órgão abriu uma sindicância para apurar o comportamento do dermatologista, mas como o caso ainda está em análise, Linton Figueiredo pode continuar trabalhando como médico. “Até o momento, não há impedimento para o exercício profissional, pois ainda não houve um julgamento final por parte do conselho”, afirmou Itagiba.

Ele salientou que, como o dermatologista responde a um processo investigatório aberto inicialmente pela Justiça – e não pelo CRM-MG, a entidade precisa aguardar uma decisão do Poder Judiciário para tomar outras medidas.


O CASO

O médico Linton Wallis Figueiredo mantinha uma bem montada clínica de dermatologia, com uma agenda cheia. “Ele era considerado acima de qualquer suspeita”, diz a delegada Karine Maia, que, ao iniciar as investigações, chegou a ligar para a clínica, em busca de informações.

O dermatologista começou a ser investigado pela Polícia Civil na segunda quinzena de março, depois que duas pacientes – uma de 21 e outra de 23 anos – relataram os abusos, que também foram confirmados por exames de corpo de delito. As duas denunciantes são primas e disseram que nunca havia tido relações sexuais.

Após a prisão de Linton, outras mulheres atendidas na clínica dele compareceram à delegacia e disseram que também foram vítimas do médico. Segundo a delegada Karine Maia, seis delas revelaram em depoimento que sofreram abuso após serem sedadas para exames.

 

(RG)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)