BH não registrava temperaturas tão baixas há quatro anos

Fazia tempo que os agasalhos estavam guardados e até esquecidos nos armários por causa de um verão praticamente sem fim. Ontem, a administradora de empresas Luciana Guimarães, de 33 anos, repetiu uma das frases mais ditas nos últimos dias: “Nem me lembro a última vez que fez frio em Belo Horizonte”. E não é para menos, pois a última vez tinha bem uns quatro anos, segundo o TempoClima, da PUC Minas. Mas, este ano, as previsões meteorológicas se confirmaram: o inverno veio para ficar. E não é que esteja mais frio. As temperaturas estão adequadas para esta época e, por isso, os meses de julho e agosto terão a companhia da estação mais aconchegante do ano.

De acordo com o meteorologista Claudemir Félix, do TempoClima, as marcações mínimas e máximas dos termômetros estão próximas da média histórica para este mês – em torno de 13 e 25 graus centígrados, respectivamente. “Havia quatro anos que não tínhamos essas temperaturas, que ficaram dois a três graus acima desses parâmetros. Agora, temos uma condição típica de inverno”, disse. A expectativa é de, até meados de agosto, as temperaturas ficarem dentro da média ou ligeiramente abaixo dela – cerca de um a dois graus.

Para os próximos dias, a tendência é que os termômetros registrem entre 12 e 25 graus em Belo Horizonte e região metropolitana. Um fluxo de umidade vindo do mar está provocando aumento de nuvens, temperaturas mais baixas e ventos, responsáveis por uma sensação térmica abaixo do real. Ontem, por volta das 15h, a temperatura na Grande BH era de 21 graus e a sensação térmica, de 16. A umidade do ar ficou em 62%. No Sul do estado, na área da Serra da Mantiqueira, região de Monte Verde, distrito de Camanducaia, as temperaturas mínimas devem se manter na casa dos 3 graus.

Nas ruas da capital, o ventinho gelado mudou o guarda-roupa de mulheres e até de homens. Cachecóis estão por toda parte. E no lado feminino, as botas são as queridinhas da vez. A administradora Luciana Guimarães não abre mão de se vestir a caráter: “Tem que aproveitar, porque tenho medo de esse frio acabar e o calor voltar. Então, uso tudo enquanto posso”, disse, bem-humorada.

A corretora de imóveis Cláudia Altoé, de 38, mora em Alphaville, em Nova Lima, na região metropolitana, e conta que quando vem para BH tem sempre mais agasalhos que o necessário. “Lá, são 5 graus abaixo do que faz aqui, então, saio mais agasalhada e vou guardando casaco na bolsa ao longo do dia”, afirmou. Para ela, friozinho é bom. “O único problema é que cada ano que passa temos estações mais indefinidas. Antes, sabíamos quando choveria, quando faria frio. Agora, cada fenômeno ocorre numa época diferente”, ressaltou.

Quente no sol, mas frio na sombra. O bom mesmo foi se sentar num dos bancos da Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH, para esperar o tempo passar no dia de folga e acompanhar o vaivém de tanta gente. Ao lado dela, o aposentado Hélio Souza, de 91, aproveitava também para curtir o sol que se abriu timidamente no início da tarde. “Gente velha sente muito frio e esse solzinho está bom. Alias, meu nome, em grego, significa sol. Então, sou quente por natureza”, contou, dando gargalhadas.