O advogado Eric Elias Guimarães, de 26 anos, participou pela primeira vez do evento em BH. “Estou levando muito susto. Nunca pedalei uma bicicleta antiga com freio contrapedal. É uma Caloi da década de 50, com pneus faixa branca, faróis, toda original de fábrica”, disse.
Eric se inspirou nos anos 1920 para compor seu visual. “Tweed é elegância. Não só conscientiza as pessoas para o uso da bicicleta, como também aproveita para chamar a atenção para isso. As pessoas olham, perguntam, querem saber como é, como faz para participar. O movimento está crescendo no Rio, São Paulo, em BH e no Sul”, disse o advogado. O modelo dos óculos do advogado foi projetado no final da década de 1920 e ele combinou tudo conforme a época, paletó, colete e calça.
A novidade deste ano é que os ciclistas visitaram casas antigas do Santa Tereza para o projeto Casas de BH, que busca resgatar e valorizar o patrimônio arquitetônico da cidade. Um dos imóveis visitados foi o da professora universitária Marina Sepúlveda, de 47, na Rua Eurita, onde ela mantém uma loja, um ateliê de restauração e ainda oferece cursos de bordado, crochê e pinturas diversas.
A decoração da casa de Marina é toda estilo anos 40 e 50. O imóvel foi construído em 1923 pela família Ogando, que veio da Espanha para o Brasil fugindo da guerra e construiu a casa no Santa Tereza. “Na verdade, eles chamavam a casa de barracão. A família ficou morando nela durante quatro anos, enquanto a casa da família era construída ao lado”, conta Marina. Outra casa visitada foi erguida em 1933, na mesma rua, onde funciona um hostel.
Pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e criadora do Tweed Ride BH, Renata Aila conta que o principal objetivo dos ciclistas é conscientizar a população do uso da bicicleta nos bairros. “Uma das diversas intenções do Tweed Ride BH é mostrar que é possível usar a bicicleta como meio de transporte, desvinculando-a da prática esportiva”, disse Renata.
O Santa Tereza foi escolhido para a edição deste ano porque o bairro tem passado por grande pressão do setor imobiliário, lamenta o jornalista e co-realizador do evento, Gil Sotero. "Belo Horizonte está perdendo sua história. Os moradores e amigos do Santa Teresa têm lutado para evitar a destruição de casas que contam as origens da cidade. Por isso, escolhemos um bairro que tem sido tão 'atacado' por inciativas e políticas que visam acabar com as casas da região”, disse Sotero.