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Estado de Minas

Homem que matou e estuprou menina será transferido para Ribeirão das Neves

Após 6 dias de buscas, acusado de violentar e arrancar o coração de menina é preso, assume crime e cita magia negra. Até sexta-feira, Jairo Lopes deve ser transferido para uma unidade da Grande BH


postado em 09/06/2016 06:00 / atualizado em 09/06/2016 08:01

Jairo negou a morte de Raiane quando foi capturado, mas, confrontado com provas, acabou confessando(foto: Polícia Militar/Divulgação)
Jairo negou a morte de Raiane quando foi capturado, mas, confrontado com provas, acabou confessando (foto: Polícia Militar/Divulgação)
A ajuda da população foi essencial para dar fim à caçada a Jairo Lopes, de 42 anos, que confessou ter matado cruelmente a menina Raiane Aparecida Cândida, de 10, em Buenópolis, na Região Central de Minas. Depois de seis dias de intensas buscas da Polícia Militar, com a colaboração de um grupo de moradores e com o uso de helicóptero, o homem foi encontrado por funcionários de uma fazenda em Joaquim Felício, distante quase 18 quilômetros do local do crime. Ele foi rendido e amarrado até a chegada dos militares, que agiram rápido para evitar um linchamento. Depois da transferência do acusado para Curvelo, de helicóptero, o clima voltou a ficar tenso. Aproximadamente 500 pessoas esperaram a chegada da aeronave e o policiamento precisou ser reforçado. Jairo será indiciado por estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Uma das linhas de investigação da Polícia Civil é que o assassinato tenha sido motivado por magia negra. Até sexta-feira deve ser transferido para uma unidade em Ribeirão das Neves.


A morte de Raiane causou grande comoção entre moradores da região. A menina saiu de casa, na localidade de Siriema, distante 30 quilômetros da área urbana da cidade, na manhã de terça-feira, 31 de maio. Ela pegaria um ônibus que a levaria à escola, em Salobro, também na zona rural de Buenópolis. Mas a garota não chegou a pegar o coletivo. O corpo dela foi encontrado na tarde de quinta-feira, jogado na beira de uma estrada. Conforme a polícia, tinha um corte na altura do estômago e teve o coração arrancado.

Uma grande operação foi montada na sexta-feira, 3 de junho, depois que Jairo Lopes foi identificado como principal suspeito do crime. Foragido da Justiça e já respondendo pelos crimes de homicídio, estupro e roubo, ele era vizinho da vítima e estava na cidade havia dois meses, usando nome falso. A caçada chegou a contar com mais de 100 pessoas, entre militares e moradores da cidade e de comunidades vizinhas. As buscas duraram seis dias, em uma área de mata fechada e de difícil acesso. Jairo foi visto por dois moradores, em ocasiões distintas, mas conseguiu fugir antes de o grupo de buscas chegar aos locais indicados em denúncias. O homem também adotou estratégias para tentar enganar os rastreadores.

Ontem, a fuga chegou ao fim. Ele foi encontrado de manhã por lavradores da Fazenda Bhavnagar, em Joaquim Felício, quando saíam para trabalhar. Eles avistaram o suspeito em um matagal às margens da rodovia e o reconheceram. Em seguida, o capturaram, o amarraram com cordas e chamaram a polícia. Uma das testemunhas que identificaram Jairo informou à PM que ele já estava próximo à BR-135 e que, se tivesse chegado à rodovia, dificilmente seria preso. O homem foi levado de helicóptero para Curvelo, para não ser linchado pela população, que está revoltada por causa do assassinato cruel.

Os passos desde o sumiço de Raiane até a captura do principal suspeito da morte(foto: Arte EM)
Os passos desde o sumiço de Raiane até a captura do principal suspeito da morte (foto: Arte EM)
De acordo com o tenente-coronel Giovanni Idalmo de Faria, comandante do 42º batalhão da PM, responsável pela região, durante o trajeto entre as cidades Jairo aparentava tranquilidade. “Tivemos que retirar ele rapidamente do local, por causa da revolta dos moradores. Ele pareceu uma pessoa fria e não demonstrou ter nenhum distúrbio mental”, afirmou. O comandante agradeceu a ajuda dos moradores para a prisão. “A maior dificuldade que tivemos nas buscas foi a mata, que é muito fechada, e o fato de ele conhecer bem o local. Mas o que facilitou foi o cerco mantido pela PM durante todos esses dias e o apoio da população e da própria imprensa, que manteve os moradores em alerta”, concluiu.

CONFISSÃO No trajeto entre Joaquim Felício e Curvelo, Jairo negou o crime aos policiais militares. Porém, na delegacia, o delegado Vítor Amaro Bedushi, responsável pelo caso, apresentou provas que o incriminavam. O homem chegou a negar novamente o assassinato, mas depois, segundo a polícia, acabou contando detalhes de como matou a menina.

De acordo com a Polícia Civil, Jairo disse, primeiramente, que o crime foi cometido por questões financeiras. Ele alegou ter abordado a menina para tentar extorquir dinheiro da família, mas a versão foi descartada pelos investigadores, já que os parentes da vítima são pobres. O delegado informou que o homem estava confuso. No depoimento, segundo o policial, chegou a citar magia negra. Uma tatuagem nas costas do preso que faz referência a uma seita aumenta a suspeita da polícia sobre essa linha de apuração. Os investigadores farão buscas em Buenópolis, em um local apontado por Jairo, onde ele teria enterrado o coração da menina.

COMOÇÃO Enquanto Jairo prestava depoimento, foi preciso reforço policial na delegacia de Curvelo, onde se reuniram aproximadamente 500 pessoas. Algumas vias do entorno foram isoladas, devido ao grande número de pessoas. Por causa do clamor popular, o assassino confesso foi levado para um presídio da cidade.

No fim da tarde, moradores de Buenópolis, fizeram uma passeata de protesto pela violência cometida contra Raiane. Um dos objetivos da manifestação foi chamar atenção das autoridades para endurecer as leis que tratam de crimes bárbaros contra crianças. O ato foi denominado “Raiane, jamais te esqueceremos”. “Esta caminhada é um meio de exigir de nosso Estado mudanças na lei, em busca de pessoas que possam abraçar essa causa”, disse Evane Margareth, tia de Raiane e uma das organizadoras do protesto.

O morador Thales Mayer Pimenta, um dos idealizadores do movimento, destacou que o objetivo é clamar por justiça. “Estamos tristes com essa barbárie. Nossos corações clamam por justiça. Um vazio tomou conta de todos nós. Estamos chocados com tamanha brutalidade por parte de um monstro que convivia em nosso município ao lado de crianças inocentes”, afirmou Thales


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