A advogada Shirlayne Maria Falci Salgado, de 32 anos, foi autuada em flagrante por homicídio culposo, com o agravante de dirigir sob efeito de bebida alcoólica, e por lesão corporal. No começo da manhã de ontem, ela atropelou duas mulheres sobre a calçada, na Rua Platina, no Prado, Oeste de Belo Horizonte. Uma delas, não identificada, morreu logo depois de dar entrada no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. A outra, Maria da Paz Monteiro Gomes, de 48, sofreu ferimentos generalizados e, no começo da noite, seguia internada em observação no mesmo hospital.
De acordo com informações da Polícia Civil, o delegado do plantão do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) ratificou a prisão em flagrante de Shirlayne, que depois do duplo atropelamento foi detida por policiais militares. Mesmo sem se submeter a exames para constatação da ingestão de bebida alcoólica, o delegado considerou as observações de sinais de embriaguez feitas pelos PMs que atenderam a ocorrência.
Shirlayne Maria Falci Salgado, que durante o período que esteve na delegacia de plantão do Detran foi amparada por seu pai, Plínio Salgado, ex-controlador do estado e professor, prestou depoimento apesar de se demonstrar bastante abalada com a situação. O teor das declarações da advogada não foi informado pela Polícia Civil. O caso será encaminhado à Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos (Deav) de Belo Horizonte para abertura de inquérito.
De acordo com a corporação, por não ser crime afiançável, conforme define a legislação, a acusada foi encaminhada a uma unidade carcerária da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). A Secretaria de Defesa Social (Seds) foi procurada, mas informou que “segue protocolo interno de não informar o destino de presos”. Não foi dada então qualquer informação para qual unidade Shirlayne foi levada e se colocada em cela especial, por ter curso superior.
De acordo com os levantamentos iniciais, as duas mulheres estavam indo para o trabalho, por volta das 6h de ontem, quando foram atingidas pelo Kia Sportage dirigido por Shirlayne Salgado. Os militares que atenderam a ocorrência disseram que a motorista admitiu ter passado a noite numa festa, onde consumiu bebida alcoólica. No interior do carro, havia uma lata de energético e tampinhas de garrafas.
Bombeiros que participaram do resgate das vítimas contaram que a advogada estava transtornada e falava frases desconexas. Na versão de Shirlayne aos militares, ela disse que perdeu o controle do seu Kia Sportage ao se assustar com um coletivo da linha 205 (Calafate/Buritis), que estava na Rua Salvador Piló e havia iniciado a conversão para entrar na Platina.
Por sua vez, o motorista do ônibus, Jurandir Moreira, contou outra história. Ele disse que a condutora avançou o semáforo vermelho da Platina, tentou desviar do coletivo, destruiu uma grade de aço na beirada da calçada, subiu no passeio e atingiu as vítimas.
PÂNICO O barulho do impacto foi alto. Quem passou pelo local ficou impressionado com a cena. Uma testemunha disse que as rodas do carro continuaram girando mesmo com veículo imóvel. Uma vítima ficou presa debaixo do carro. A outra foi prensada pelo veículo contra a parede de um imóvel.
Rapidamente, o motorista e o cobrador desceram do ônibus. Passageiros do coletivo e pedestres também foram em socorro às vítimas. A condutora entrou em pânico. Ambulâncias do Corpo de Bombeiros e do Samu se dirigiram ao local. Shirlayne e testemunhas aguardaram a chegada dos policiais militares. Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil não tinha identificação da mulher que morreu, cujo corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML).