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Estado de Minas

Pesquisa da Fiocruz confirma que Aedes aegypti é vetor da zika

O trabalho mostra que o mosquito da dengue e da febre chikungunya também deve ser o principal transmissor da doença que tem relações com a microcefalia


postado em 24/05/2016 06:00 / atualizado em 24/05/2016 08:04

Mosquitos naturalmente infectados pelo vírus da zika foram encontrados pela primeira vez no Brasil(foto: Nelson Almeida/AFP)
Mosquitos naturalmente infectados pelo vírus da zika foram encontrados pela primeira vez no Brasil (foto: Nelson Almeida/AFP)
Rio de Janeiro – Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz, encontraram pela primeira vez no Brasil mosquitos Aedes aegypti naturalmente infectados com o vírus zika. A descoberta mostra que o mosquito deve ser o principal transmissor da doença. De acordo com Ricardo Lourenço, líder do estudo, para determinar que a transmissão de uma doença seja realizada por determinada espécie de inseto, é necessário realizar duas constatações. A primeira é identificar a ocorrência dessa espécie naturalmente infectada, ou seja, sem que o vírus tenha sido inoculado em laboratório. A segunda consiste em comprovar que esse vetor é capaz de transmitir o vírus. Para isso, é realizada a infecção artificial do mosquito em laboratório.

Segundo Lourenço, até agora estimava-se que o Aedes aegypti fosse o transmissor do zika apenas pela coincidência geográfica em termos uma epidemia urbana da doença, e também pela presença do mosquito. Também havia comprovação da transmissão do vírus por mosquitos infectados em laboratório. Além disso, sabia-se que na década de 1960 foram encontrados Aedes aegypti naturalmente infectados na Malásia.

“A primeira peça do quebra-cabeças do zika era provar no Brasil a capacidade de o mosquito transmitir o vírus. Isso já havíamos conseguido. Agora, encontramos a segunda peça, ou seja o mosquito naturalmente infectado”, afirma o pesquisador.

Para Lourenço, a partir dessa descoberta fica claro que até agora a comunidade científica e o poder público estavam combatendo o mosquito certo: “Com essa informação, cria-se uma confirmação de que estamos combatendo o vetor certo. Além disso, não achamos nenhuma espécie de mosquito com o vírus. Isso significa que a gente não precisa combater todos os mosquitos, mas não muda a estratégia de combate, apenas reforça que ela está correta. Mostra que estamos pesquisando tecnologias novas para combater o mosquito certo.

O pesquisador afirma que a presença de mosquitos infectados no ambiente é muito pequena, por isso só agora foram encontrados. “Fazendo uma estimativa a grosso modo, se há 100 Aedes aegypti numa rua, por exemplo, cerca de 50% são machos, ou são fêmeas que nunca picaram. Do restante, só 10% vão ter a chance de ter contato com uma pessoa infectada pelo vírus zika. Mesmo assim, nem todos os que picaram vão contrair o vírus. É como a gripe. Se alguém espirrar do lado de duas pessoas, uma pode pegar a doença, a outra não. Além disso, o mosquito que pode contrair o vírus tem que ter contato com uma pessoa com ele ainda ativo no organismo, o que ocorre durante apenas três dias. Ou seja, as chances são muito pequenas”, disse.

A identificação inédita ocorreu durante os estudos de vigilância e monitoramento conduzidos pelo Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, que vem coletando mosquitos em localidades onde foram identificados casos de zika no estado do Rio. Até então, em todo o continente americano, havia apenas um relato recente sobre um conjunto de mosquitos Aedes albopictus naturalmente infectados pelo vírus zika, feito pelo Ministério da Saúde do México.

Segundo a Fiocruz, o trabalho de captura de mosquitos na busca de identificação dos vírus circulantes é realizado nos entornos e nas residências de pacientes com sintomas de zika, por meio de uma parceria com a médica Patrícia Brasil, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), e com a Prefeitura do Rio de Janeiro.

Saiba mais

Dez meses
de estudos

Cerca de 1,5 mil mosquitos adultos de diversas espécies – entre machos e fêmeas – foram capturados por meio de equipamento de aspiração e levados para análise em laboratório, num trabalho realizado ao longo de 10 meses. Destes, quase a metade era da espécie Aedes aegypti. Os diagnósticos da presença do vírus zika foram realizados a partir de duas metodologias: a análise molecular, por meio da técnica de RT-PCR em tempo real, capaz de identificar a presença do material genético (RNA) do vírus, e a técnica de isolamento viral, que demonstra que o mosquito carreava partículas virais infectantes. O resultado apontou a presença do vírus em quatro mosquitos Aedes aegypti coletados nos bairros de Coelho da Rocha, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense; e Realengo, Zona Norte do Rio. Entre os mosquitos capturados, nenhuma outra espécie estava infectada.


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