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Estado de Minas

Festa reúne mulheres que recorreram à ciência para realizar o sonho de ser mãe

A comemoração antecipada do Dia das Mães foi promovida pelo único laboratório público de reprodução humana de Minas, que completa 11 mil procedimentos


postado em 05/05/2016 19:05 / atualizado em 05/05/2016 22:33

Mães levaram seus filhos para o encontro(foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)
Mães levaram seus filhos para o encontro (foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)

Vinte mulheres que recorreram à ciência para realizar o sonho de ser mãe se reuniram com seus filhos na tarde desta quinta-feira para uma confraternização no único laboratório público de reprodução humana do estado, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), em Belo Horizonte. Elas anteciparam os festejos do Dia das Mães, a ser comemorado no domingo. Desde a criação do centro de tratamento, em 1988, já são 11 mil procedimentos gratuitos de infertilidade. Em média, são feitas 200 inseminações artificiais e 200 fertilizações in vitro por ano. No ano passado, 48% dos tratamentos obtiveram sucesso.

 

Para alguns pais que sonharam durante anos com um filho, a felicidade chegou em dose dupla. É o caso da professora de geografia Aline Machado Maksud, de 33 anos, e do marido, o professor Hissa Maksud, de 42. Há seis meses, eles ganharam as gêmeas Júlia e Laura.

Felicidade em dose dupla para o casal Aline e Hissa(foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)
Felicidade em dose dupla para o casal Aline e Hissa (foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)
O casal descobriu em 2010 que teria dificuldade para engravidar. O marido apresenta baixo número de espermatozóides. Eles procuraram ajuda no sistema público de saúde e entraram na fila de espera. Em janeiro de 2015, receberam a notícia da gravidez.

“Ficamos cinco anos casados sem conseguir ter filhos. A espera na fila foi de dois anos e meio para o tratamento. Na primeira tentativa, vieram as gêmeas, nosso maior sonho. Fiquei duplamente feliz”, conta Aline.

Grávida de nove meses, a servidora pública Rebeca de Carvalho, de 35, está ansiosa pelo nascimento do filho Lucas. “É um processo tão longo que a gente passa até chegar aqui, que quando chega esse momento, quando abre aquele resultado e vê que é positivo, tem vontade de soltar foguete. Cada dia é uma alegria. Não dá para explicar a emoção, pois só entende quem passa pelo problema da gente”, disse Rebeca, emocionada.

A servidora pública conta que a sua luta começou há quatro anos e que ela e o marido não evitaram filhos. “Fizemos algumas fertilizações in vitro em clínicas particulares e não deram certo. Depois de três anos e meio na fila, fui chamada pelo Hospital das Clínicas. Os remédios, a tecnologia e a qualidade são os mesmos dos laboratórios particulares e deu certo. Acho que a gente vai relaxando, Deus vai mostrando para a gente como ficar mais calma. Nesse período, abrimos nosso coração e estamos na fila de adoção também. Mesmo com a chegada do Lucas, vamos adotar outra criança. Estamos aguardando o Rafael ou a Manuela chegar”, disse Rebeca.

Lucas vai chegar com uma torcida de espera, segundo Rebeca, pois sua gravidez foi curtida em família e em grupo. “Um filho muito desejado. No fim, eu estava dividindo o meu tratamento com as pessoas. No início, fiz tratamento calada, só eu e o meu marido sabendo. Depois, compartilhamos com as nossas famílias. No terceiro tratamento, já pelo Hospital das Clínicas, todo mundo já sabia”, conta ela.

A atendente de telemarketing Amanda Lúcia Bernardino de Souza, de 35, conta que esperou 12 anos por Gabrielle, de 1 ano e um mês, que chegou na terceira tentativa no HC-UFMG. “Se não fosse no Hospital das Clínicas, eu não teria como fazer o tratamento em outro lugar. Ser mãe foi a maior vitória da minha vida. Não tem preço”, disse Amanda, que confessa ter chegado ao ponto de quase desistir de ser mãe, mas seu marido não a deixou fraquejar. "Minha filha é a prova viva da minha felicidade”, disse Amanda.

O casal que precisar do tratamento do HC-UFMG deve procurar um Centro de Saúde da capital para ser avaliado e passar por exames básicos. As pacientes que tiverem indicação são encaminhadas para o Posto de Atendimento Médico (PAM) do Bairro Sagrada Família, Região Leste. Depois, vão para o Hospital das Clínicas. “O tratamento é gratuito. O SUS, infelizmente, não financia o hospital para esse tipo de tratamento. O hospital financia com recursos próprios”, conta o subcoordenador do laboratório, o médico Francisco de Assis Nunes.

Rebeca pretende adotar outra criança(foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)
Rebeca pretende adotar outra criança (foto: Juarez Rodrigues/EM /DA Press)
O casal paga apenas pelos medicamentos. “A gente emite a receita e eles vão a uma farmácia. Essa medicação custa entre R$ 3 mil a R$ 5 mil por tentativa, o que dificulta o acesso de muitos casais”, lamenta o médico.

Não há um perfil específico para ser atendida no laboratório. A idade máxima para entrar no programa é de 42 anos para fertilização in vitro, com óvulos próprios, ou e de 50 anos para utilização de óvulo doado. “A gente organiza uma fila de espera. Infelizmente, só conseguimos atender 20 tratamentos por mês e a fila é de mais de 2 mil casais. O tempo de espera é de três a quatro anos”, disse o médico.

Nesses 28 anos de laboratório, Francisco disse ter perdido a conta de quantas crianças ele ajudou a colocar no mundo. “Se tivesse sido uma criança, eu faria 11 mil vezes para consegui-la. É muito bom o sorriso dessas crianças e a alegria das mães”, disse o médico. Pai de dois filhos, ele disse se sentir pai também de cada menino e menina que ajudou a nascer. Para ele, o papel da sua equipe é ajudar. “Deus está lá em cima. Ele é quem manda. Se Ele mandar, vai acontecer. A gente ajuda no que está ao nosso alcance”, disse Francisco, emocionado. (RB)


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